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Vereador que matou servidor em Cuiabá ensina a atirar pelas costas

Do UOL, em São Paulo

08/07/2022 12h31Atualizada em 08/07/2022 14h23

O vereador de Cuiabá Marcos Paccola (Republicanos), tenente-coronel da Polícia Militar e pré-candidato a deputado estadual, disse, ao ministrar um curso de autodefesa, que é correto atirar pelas costas, sem verbalizar a ação.

Paccola já foi flagrado por câmeras de segurança atirando no agente do sistema socioeducativo Alexandre Miyagawa, de 41 anos, que morreu. O vereador está sendo investigado por isso.

Um vídeo que vem sendo compartilhado das redes sociais mostra Paccola afirmando que "não existe" anunciar ao sacar uma arma em situação de perigo. Ele também ensina os alunos que se uma pessoa armada estiver de costas para eles, eles devem atirar "até cair".

"Esse conceito de que eu tenho que verbalizar não existe. Não existe. Na hora que vocês decidirem pegar uma arma de fogo na mão, esqueçam verbalização. Quem falar isso para vocês está levando vocês para óbito", diz o vereador.

"Se eu estou numa situação que ele está de costas e esse elemento está armado, ou você não saca [a arma], ou se você sacar, atira até o alvo cair. 'Mas quantos tiros eu dou?' Até cair. 'E se acabar o carregador?' Troca e atira até cair."

O UOL procurou a assessoria de Marcos Paccola, mas ainda não obteve resposta. Ao jornal O Globo, a equipe do parlamentar informou que a instrução dada por Paccola no vídeo que circula na internet foi específica para quem fazia o curso e que o contexto da orientação é em caso de assalto, quando o criminoso representa ameaça à vítima.

"Chegou atirando"

No dia 1º de julho, Paccola atirou no servidor Miyagawa. Na ocasião, ele afirmou que agiu em defesa da namorada da vítima, Janaína Sá, que estaria sendo ameaçada.

No entanto, Janaína publicou vídeos em seu Instagram negando que estivesse sendo ameaçada e afirmou que o vereador já chegou atirando.

Segundo Janaína, ela entrou com o carro na contramão e discutiu com outro motorista por causa disso. Ela e Alexandre então desceram do carro, e o agente estava com a mão na cintura. A mulher acredita que Paccola pode ter achado que o celular de Alexandre era uma arma e "chegou atirando".