'Faraó dos Bitcoins' pede de volta R$ 72 milhões que doou à Universal
Glaidson Acácio dos Santos, 38, conhecido como o "faraó dos bitcoins", entrou com uma ação pedindo de volta as doações em dinheiro que fez à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que totalizariam R$ 72,3 milhões.
O empresário alega que transferiu o dinheiro para a Igreja entre os anos de 2020 e 2021 e que a Iurd demonstrou "ingratidão" pelas doações ao levantar suspeitas sobre a origem dos recursos. Glaidson está preso desde 25 de agosto do ano passado, quando foi alvo de uma operação da Polícia Federal no Rio de Janeiro por operar um sistema milionário de pirâmide financeira.
Investigações feitas na ocasião apontaram que o empresário prometia lucros de até 10% ao mês nos investimentos de clientes em bitcoins, mas sua empresa, a G.A.S, não investia nas criptomoedas. O dinheiro entregue para alguns dos clientes como suposto lucro das bitcoins, na verdade, vinha da entrada de capital de outras pessoas atraídas pela proposta de investimento.
Supostamente motivado pela reação negativa da Iurd em relação a sua prisão, Glaidson abriu uma ação na 1ª Vara Cível da Comarca de Cabo Frio, em setembro deste ano. O processo foi confirmado ao UOL pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que não deu acesso a mais detalhes.
O jornal carioca O Globo, que teve acesso à íntegra da ação, afirmou que o empresário foi pastor da Igreja Universal antes de se envolver com criptomoedas. Com o posterior "sucesso profissional", ele diz que passou a fazer as doações "de forma lícita e mediante transações devidamente registradas no Sistema Financeiro Nacional", "por se sentir acolhido e integrado à família Universal".
Como pessoa física, Glaidson doou R$ 12,8 milhões. Por sua empresa, a G.A.S, R$ 59,4 milhões. Além de pedir todo o valor de volta, o "Faraó dos Bitcoins" requisitou também uma compensação de R$ 200 mil por danos morais.
O advogado do empresário, David Augusto Cardoso de Figueiredo, detalhou ao entrar com a ação falas de alguns dos principais religiosos da Iurd criticando a transação com o uso de criptomoedas, entre elas, uma declaração do Bispo Edir Macedo, líder da igreja, que chegou a insinuar que quem negociava criptoativos teria "relação com satanás".
Ao jornal carioca O Globo, a assessoria de imprensa da Igreja Universal do Reino de Deus se limitou a dizer que "tudo o que a Igreja Universal do Reino de Deus tinha a declarar sobre este assunto consta da nota divulgada em 30/8/2021: Universal já havia alertado as autoridades e o público sobre suspeita de pirâmide financeira".
O UOL entrou em contato com a Igreja Universal do Reino de Deus para tentar obter novo posicionamento sobre o processo. Assim que houver retorno, este espaço será atualizado.
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