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Motoboys fazem buzinaço contra médico que tentou intimidar entregador no DF

Entregadores fizeram protesto em frente à residência onde ocorreu incidente com entrega - Reprodução/TikTok
Entregadores fizeram protesto em frente à residência onde ocorreu incidente com entrega Imagem: Reprodução/TikTok

Do UOL, em São Paulo

05/12/2022 22h37Atualizada em 06/12/2022 14h07

O momento em que um médico intimida um entregador e o acusa de roubo, após ele não subir até o apartamento dele para entregar a comida pedida por aplicativo, gerou protestos em frente ao local em que o profissional de saúde vive, além de diversas reações indignadas nas redes sociais.

O fato foi registrado em vídeo pelo próprio entregador, também gravado pelo cliente, e publicado nas redes sociais ontem.

Nas imagens, é possível ver que o médico vai ao encontro do entregador gravando a presença dele e falando que ele "não sabe ver o endereço" da casa.

"Eu dizendo que é para ele subir e ele não sobe. Quando chegou, se recusou a subir. Estava lá escrito que era para subir, que era opção, ele não quis falar comigo no interfone e ainda se recusou a subir", diz o médico, identificado como Krishnamurti Sarmento.

Sem rebater, o entregador entrega a comida e pede o código de verificação para o médico, que se recusa a passar a informação.

Nesse momento, o entregador tira a comida da mão do médico e é acusado de roubar o alimento.

"Está me roubando aqui, ó. Roubou da minha mão a comida, eu quis pegar a comida e ele não entregou a comida. Pode ficar, eu peço estorno. Ele roubou", diz.

"Passa o código, compadre, não arruma para a cabeça não", pede o entregador, que encerra a gravação.

O vídeo, publicado no TikTok, ganhou mais de 10 milhões de visualizações em dois dias e gerou comentários de seguidores.

"Foi por esse motivo que parei de ser motoboy. É muita humilhação pra pouca grana", diz um dos seguidores.

"Eu fico ansiosa esperando a comida. Na hora que buzina, sai meus filhos, minha cadela e eu correndo pro portão. Qual a dificuldade?", questiona outra.

Com a repercussão, motociclistas do Distrito Federal fizeram um buzinaço na frente do prédio do médico, na Asa Sul, na noite de ontem.

Vídeos da movimentação foram publicados nas redes sociais e mostram a concentração de motos na rua.

Ao UOL, o médico que aparece nas imagens defendeu que a entrega "foi toda equivocada", que não humilhou o entregador e que, após o episódio, ele chegou a receber ameaças de morte no telefone profissional.

Ele negou que a gravação da situação tenha sido pelo fato de o entregador não querer subir ao apartamento e afirmou que tomou esta decisão porque acreditava que poderia se tratar de um golpe, já que o endereço que o entregador tinha estava errado.

"Recebi uma mensagem dele pelo aplicativo dizendo que havia chegado e que estava em frente a uma igreja, perguntando se eu não ia pegar a entrega lá. Respondi que não era aquele o local. Se ele não tinha o endereço. Ele disse que o GPS dele mostrava que era ali. Queria que eu fosse até a porta da igreja, que fica a uns 100 metros do meu prédio para pegar a entrega. Nunca vi isso", relatou ele.

Na sequência, o médico diz que enviou o endereço correto por mensagem pelo aplicativo e que, quando o entregador chegou, ele achou a postura do homem "estranha".

"Achei muito estranho porque meu interfone não tocou. Perguntei por que ele não se identificou ao porteiro? Só depois meu interfone tocou. Realmente achei que pudesse ser algum golpe porque estava tudo bem estranho. Fui eu que desci filmando. Ele não mostra a parte em que reclamo que ele queria entregar na Igreja. Nem as ameaças que me fez no final", relata o médico.

O morador ainda explicou que, quando ele se nega a dar o código, era porque queria conferir a encomenda, já que estava desconfiado da situação.

"O pedido estava pequeno para os três pratos que pedi e eu estava desconfiado dele não saber o endereço. Ia checar o pedido e conferir no Ifood o nome do entregador. Mas em questão de segundos ele arrancou a sacola da minha mão."

O médico também afirma que não xingou o entregador e nem ofendeu "a classe de entregadores". "Não fiz nenhum comentário generalista ofensivo, porque não tinha motivo para isso, e não reagi quando ele arrancou a sacola da minha mão". Ele disse que, após todo o episódio, o entregador afirmou que voltaria com os parceiros. O profissional de saúde não falou sobre o fato de ter afirmado que o entregador o teria roubado.

O iFood, que, segundo a publicação do motoboy, foi a plataforma usada para fazer o pedido, foi procurado para informar se os entregadores são obrigados a levar a comida até a porta dos clientes e para informar qual é a punição se eles não digitarem o código pedido no momento da entrega.

Em nota, a empresa informou que "está apurando o caso para adotar eventuais medidas necessárias" e que "não faz nenhuma exigência ao entregador para realizar a entrega diretamente no apartamento do cliente, por entender que há variáveis como regras do condomínio, questões de segurança ou por não existir condições de estacionar a moto na via pública, por exemplo."

Sobre o código de confirmação, o iFood disse que "é um recurso ativo no app e dá mais segurança para ambas as partes na plataforma."