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C* Seco, Periguete e Xana: cachorros com nomes 'ousados' dominam Manaus

Cu Seco ganhou nome já adulta, ao ser adotada por família que costuma usar características dos pets para "registrá-los" - Arquivo Pessoal
Cu Seco ganhou nome já adulta, ao ser adotada por família que costuma usar características dos pets para "registrá-los" Imagem: Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

07/03/2023 04h00Atualizada em 07/03/2023 12h48

A veterinária Iana Moral, 30, fez uma paciente ficar famosa ao compartilhar seu prontuário em um post no Twitter. A cadela Cu Seco, que chegou à profissional para ser castrada, chamou atenção pelo nome bem-humorado, uma "homenagem" à sua aparência logo depois de ser adotada, quando era bem magra, sem muita gordura no bumbum.

Mas os "registros" inusitados, muitas vezes inspirados nas características dos próprios pets, não são raridade em Manaus, onde Iana trabalha há seis anos. Ela conta que já atendeu a um cachorro chamado Ele Não — em referência à famosa frase de protesto contra Jair Bolsonaro — e revela o nome exótico mais tradicional na capital amazonense: Periguete.

A gíria é usada para falar de mulheres que trocam muito de parceiro. Em Manaus, ela seria atribuída aos cachorros que gostam de passar muito tempo na rua.

"Eu trabalho em um programa do governo de castração gratuita, o Castramóvel, e a gente roda diversas zonas da cidade. Em algumas os nomes são mais nomes curiosos. Periguete é o mais comum. Tem aquilo de que todo poodle é Belinha, né? Aqui é Periguete", comparou Iana, em conversa com o UOL.

Apesar de se divertir com a criatividade dos tutores, os nomes curiosos dos pacientes já colocaram a veterinária em situações complicadas. Uma delas aconteceu após um tratamento bem-sucedido em Xana, uma cadela que enfrentou um problema de pele.

"Nós fizemos um tratamento que é demorado. O proprietário estava chateado com a aparente falta de resultado e quando eu falei que precisávamos continuar o tratamento ele foi bastante grosso comigo. Mas a gata ficou boa, com o pelo lindo, e ele mandou uma mensagem falando: 'Doutora, muito obrigada. Desculpa por ter sido meio ríspido, mas a senhora foi muito boa com a Xana'. Eu namorava. Quando o texto chegou no WhatsApp foi complicado de explicar do que ele estava falando", contou a profissional, que atende como clínica geral e cirurgiã.

Mesmo cercada de nomes criativos, a veterinária se mantém "conservadora" ao nomear seus próprios pets, vivendo com os cachorros Logan e Elis Regina e os gatos Gregório e Clotilde. Ela diz que não enxerga um motivo em especial para a ousadia dos "pais de pet" que atende, mas às vezes tem a chance de entender os bastidores das escolhas, cercados principalmente de bom humor.

"Por exemplo, atendi um gato que teve que refazer o reto após ser mordido por um cachorro, inclusive eu que fiz a cirurgia dele. O nome desse gato hoje é Cu de Linha, porque ele ficou com o ânus suturado", exemplifica ela, aos risos.

Nome de Cu Seco já causou confusão

Agora famosa nas redes sociais, a vira-lata Cu Seco foi adotada já adulta pela família de Jeane Souza, 42. Na época, já tinha outro nome, mas acabou "rebatizada" por iniciativa da filha da dona de casa, que tinha apenas cinco anos.

"Ela falou assim: 'Mãe, ela é muito magra, tem o cu bem sequinho'. Aí o nome Cu Seco acabou pegando'", lembrou a tutora em conversa com o UOL.

Apesar de a fama ter chegado apenas para a nova cadela, os nomes inusitados são tradição na família de Jeane — incluindo o "clássico" de Manaus, uma cadela Periguete.

"Já tive vários cachorros e dou o nome pensando em como ele é. Tive uma pinscher que tinha bafo: o nome dela era boca podre. Uma outra pinscher, toda bagunçada, era Requenguela. Hoje temos duas cadelas a Cu Seco e a Periguete, porque ela era de rua e vivia 'periguetando'", justificou.

Mas, apesar de a descontração não ser rara na cidade, o nome de Cu Seco já quase causou brigas algumas vezes, já que a gíria — vista mais como crítica negativa — também é usada para humanos.

"A maior parte das pessoas ri, mas já teve situações de elas irem para a rua, a gente gritar pelo nome e uma jovem que passava na hora achou que estávamos chamando ela de cu seco. Tive que explicar que era o nome da cachorra", conclui Jeane.