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48% dos alunos da rede estadual de SP já sofreram violência, diz pesquisa

Policiais em frente à escola Thomázia Montoro na Vila Sônia, na zona oeste de São Paulo - ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Policiais em frente à escola Thomázia Montoro na Vila Sônia, na zona oeste de São Paulo Imagem: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

29/03/2023 06h00Atualizada em 29/03/2023 10h06

Uma pesquisa da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) aponta que quase metade dos estudantes da rede pública estadual afirma já ter sofrido violência na escola.

O que aponta a pesquisa

  • A pesquisa foi feita de 30 de janeiro a 21 de fevereiro deste ano, pouco mais de um mês antes do atentado na escola Thomazia Montoro, na última segunda-feira.
  • Segundo a sondagem, 48% dos alunos "já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que estão matriculados".
  • Entre os estudantes, 71% dizem que já souberam de casos de violência na escola que frequentam. Esse número é de 73% entre familiares e 48% entre os docentes.
  • Quase todos veem piora das condições de saúde mental nas escolas. Para 95% dos estudantes e dos familiares e 91% dos professores, questões como esgotamento e ansiedade têm se tornado mais frequentes.

Foram ouvidos 1.250 alunos, 1.100 professores e 1.250 familiares em todo o estado de São Paulo. As entrevistas foram feitas em parceria com o Instituto Locomotiva.

De acordo com a Apeoesp, a pesquisa aponta que o Estado deve dar mais atenção à violência nas escolas. Na avaliação da deputada estadual Professora Bebel (PT-SP), presidente da entidade, tanto o quadro de funcionários como o policiamento das escolas costumam ser insuficientes.

Além disso, segundo a deputada, praticamente não existem políticas de prevenção à violência que envolvam a comunidade escolar. "O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela secretaria da Educação a partir de proposta da Apeoesp, em que professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do ambiente escolar, foi praticamente abandonado", disse.

Ela afirma considerar que medidas de vigilância, como instalação de detector de metais e de câmeras nas áreas comuns, não bastam para combater o problema.

Vivemos, lamentavelmente, um período de incentivo ao armamento das pessoas e à banalização da violência, e isso afeta fortemente os adolescentes e os jovens. É necessário que existam nas escolas psicólogos capacitados a realizar um trabalho preventivo junto a esses jovens".
Professora Bebel (PT-SP), presidente da Apeoesp

A deputada afirma que os professores, por mais preparados que estejam para identificar e evitar episódios de violência em sala de aula, não podem fazer o papel de profissionais da área.

É verdade que os professores têm sensibilidade para identificar potenciais agressores e até mesmo para dialogar com eles, dissuadindo-os, muitas vezes, de ações violentas. Porém, os professores são responsáveis por diversas classes com 35, 40 ou mais estudantes e não lhes cabe atuar nesse campo."
Professora Bebel

O que diz o governo

  • A Secretaria da Educação informou possuir um programa de mediação de conflitos ativo e atuante. O Conviva "busca identificar vulnerabilidades de cada unidade escolar para implementar ações proativas de segurança", diz a nota.
  • A pasta anunciou a ampliação do programa para que 5 mil profissionais fiquem dedicados à aplicação das políticas de prevenção à violência e disse que a contratação de 150 mil horas de atendimento psicológico está em andamento.
  • A plataforma do Conviva, usada para registro de ocorrências nas escolas, será atualizada para que casos graves sejam facilmente identificados e a equipe possa intervir pontualmente.