Josias de Souza

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Opinião

PF torna condenação de Bolsonaro incontornável

Desde a assinatura do acordo de delação premiada de Mauro Cid com a Polícia Federal, o país esperava pelo sinal que colocaria Bolsonaro no rumo da cadeia. O levantamento do sigilo do inquérito sobre a trama golpista, determinado por Alexandre de Moraes nesta terça-feira, 26 de novembro de 2024, ficará no enredo da tentativa de subverter a democracia brasileira como um marco da derrocada criminal de Bolsonaro e seus cúmplices. De agora em diante, tudo é epílogo na história do golpe.

Expostas em documento de 884 páginas, as provas colecionadas pela PF são devastadoras. Transformam Bolsonaro numa condenação criminal esperando na fila do Supremo Tribunal Federal para acontecer. Concluiu-se que a participação do capitão é "inequívoca". Ele "planejou, atuou e teve o domínio" dos "atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito".

Ficaram instantaneamente gastas as alegações de inocência de Bolsonaro. O inquérito expõe a anatomia da tentativa de golpe —da reunião na qual o então presidente instou seu ministério, em julho de 2022, a disseminar inverdades sobre a lisura das urnas até o mapeamento dos encontros em que Bolsonaro foi informado, após a derrota no segundo turno, do Plano "Copa 2022" e da operação "Punhal Verde e Amarelo". Num, Moraes seria capturado. Noutra, Lula, Geraldo Alckmin e Moraes seriam assassinados.

Recolheram-se evidências de que o golpe "não se consumou em razão de circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro". Em reunião com os comandantes das Forças Armadas, no dia 22 de dezembro de 2022, por exemplo, Bolsonaro exibiu a minuta do decreto que previa a anulação da posse de Lula, intervenção no TSE e criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral para apurar a legalidade do processo eleitoral.

Os comandantes do Exército e da Aeronáutica, general Freire Gomes e brigadeiro Baptista Júnior, se negaram a participar do golpe. Apenas o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, aderiu. Faltou tropa. Enviado ao procurador-geral da República Paulo Gonet, a quem cabe converter indiciamento em denúncia, o inquérito da PF caiu sobre a biografia de Bolsonaro com o peso de uma lápide.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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