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'Não cometi esses atos nojentos', diz guarda suspeito de torturar jovens

Do UOL, em São Paulo

18/08/2023 04h00Atualizada em 18/08/2023 15h48

Um dos cinco guardas municipais presos por suspeita de ter torturado e obrigado jovens que empinavam motos a fazer sexo oral uns nos outros após abordagem em Itapecerica da Serra (SP), em 7 de maio, rebateu em dois vídeos as acusações e alegou inocência antes de se apresentar na terça-feira (15) à Polícia Civil.

O que diz o guarda municipal

O agente Gabriel Marques de Souza afirmou que decidiu se apresentar à Polícia Civil por orientação do advogado após descobrir que havia um mandado de prisão contra ele. "Tenho que respeitar a Justiça, que decretou a prisão. Me apresentei para esclarecer todos os fatos. E a verdade tem que ser dita."

O guarda municipal citou as suas postagens nas redes sociais para alegar a sua inocência. "Sempre dei bons exemplos. Em seis anos de instituição, nunca fui denunciado, porque sempre fiz um trabalho de excelência. Quem acompanha a minha rede social, sabe que eu sempre mostrei o trabalho para que a juventude tenha a oportunidade de ir para o caminho certo".

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Marques contestou o inquérito que indiciou pelo crime. "Eles [os jovens supostamente torturados] não fizeram nenhuma denúncia. Não tem exame de corpo de delito que comprove a agressão."

Uma gravação foi analisada por peritos, que confirmaram a veracidade do áudio do crime, segundo a Polícia Civil. Um dos jovens ligou para a mãe antes da abordagem e manteve o celular ligado no bolso.

A família então fez um vídeo mostrando a mãe ouvindo o suposto caso de tortura em tempo real, enquanto estava dentro de um carro. "Nossa, tá batendo no meu menino", disse a mãe, que começou a chorar em seguida.

Com o celular no ouvido, é possível ouvir o som das pancadas da suposta sessão de tortura. "Vocês vão chupar um ao outro, estão falando", disse uma das parentes do jovem, que também ouvia a ligação.

Sou inocente. Eu não cometi essas barbaridades que estão falando. Eu não cometi esses atos nojentos. Eu não aceito esse tipo de situação (...). As pessoas que estão acusando a gente de cometer essa barbárie, que coloquem a mão no coração, porque estão destruindo famílias.

Eu apreendi as motocicletas desses jovens, que estavam empinando. A mãe [de um desses] jovens chegou até um pouco nervosa, desmaiou. Eu fiz o primeiro atendimento. Tratei com todo o respeito, com toda a educação.

O que me dá ânimo é receber mensagens dos meus alunos, dos jovens que participaram do meu projeto, em dizer que acreditam em mim, porque sabem do trabalho sério que eu faço, e muitos se espelham em mim como uma pessoa boa.
Guarda municipal Gabriel Marques de Souza

Postagens nas redes sociais

Nas redes sociais, Marques exibe a sua participação em projetos sociais, como o da Guarda Mirim, e posta fotos fardado ao lado de crianças. Ele também mostra imagens da sua participação na banda da Guarda Municipal.

Ele também postou o vídeo do momento em que se apresentou à Polícia Civil para ser preso. Nas imagens, aparece abraçando amigos e parentes. "Essa é a criança que precisa crescer ao lado do pai", disse uma mulher, que registrou o momento em que o agente abraçou o filho.

O que se sabe sobre o caso

Seis jovens estavam "dando grau" (empinando motos) quando foram abordados pelos agentes, segundo a Polícia Civil. Uma das vítimas ligou para a mãe enquanto ocorria a ação.

Os agentes torturaram os jovens e os obrigaram a fazer sexo oral uns nos outros, segundo reportagem publicada pelo SBT e confirmada pelo UOL. Os guardas foram reconhecidos em vídeos postados nas redes sociais em que aparecem rezando fardados.

Os agentes presos foram levados ao IML e depois foram encaminhados para a Cadeia Pública. Eles aguardam a audiência de custódia, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Os guardas supostamente envolvidos nas ações "foram afastados de suas funções e responderão processo administrativo e disciplinar", segundo a GCM de Itapecerica da Serra. Os suspeitos não tiveram as identidades divulgadas.

O advogado Cleisson Martins, que representa dois dos suspeitos, disse ter conversado com os cinco agentes antes de se entregarem à polícia. Eles negaram que qualquer crime tenha sido cometido na abordagem.

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