'Estão batendo no meu menino': mãe ouve tortura por celular após abordagem

A mãe de um dos jovens abordados por guardas municipais após empinarem a moto em um parque abandonado em Itapecerica da Serra (SP) ouviu pelo celular o áudio do momento em que eles foram supostamente torturados e obrigados a fazer sexo oral uns nos outros. Cinco dos seis agentes suspeitos foram presos na terça-feira (15). Eles negam o crime, que ocorreu no dia 7 de maio deste ano.

O que aconteceu

Um dos jovens, com idades entre 18 e 22 anos, ligou para a mãe instantes antes da abordagem das GCM (Guarda Civil Metropolitana) e manteve o celular ligado. A família então fez um vídeo mostrando a mãe ouvindo o suposto caso de tortura em tempo real, enquanto estava dentro de um carro.

"Nossa, tá batendo no meu menino", disse a mãe, que começou a chorar em seguida. Com o celular no ouvido, é possível ouvir o som das pancadas da suposta sessão de tortura.

"Vocês vão chupar um ao outro, estão falando", disse uma das parentes do jovem, que também ouvia a ligação. Em outro vídeo, é possível ver o momento em que os jovens empinavam as motos, instantes antes da abordagem.

A gravação foi analisada por peritos, que confirmaram a veracidade do áudio. A Justiça de São Paulo havia emitido mandados de prisão temporária contra os seis suspeitos de terem participado da ação.

Todos que não tenham participado ficaram observando as agressões. O que a gente vai fazer é individualizar, realmente é: esse queria? Não queria? Esse se eximiu de fazer alguma coisa? Para quando o juiz for graduar a pena, se condenados, poder avaliar com senso de justiça.
Luis Roberto Faria Hellmeinster, delegado

Jovens filmaram o momento enquanto empinavam motos em Itapecerica da Serra (SP) antes de serem abordados. Guardas são suspeitos de torturar e obrigá-los a fazer sexo oral uns nos outros
Jovens filmaram o momento enquanto empinavam motos em Itapecerica da Serra (SP) antes de serem abordados. Guardas são suspeitos de torturar e obrigá-los a fazer sexo oral uns nos outros Imagem: Reprodução

Prisão temporária por 30 dias, diz TJ

O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) informou que os cinco guardas municipais passaram por audiência de custódia. A prisão temporária é válida por 30 dias.

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"Não houve ilegalidades ou irregularidades no cumprimento de mandados de prisão contra Washington Maximiliano de Araújo, Mauricio Santos Silva, Ivan Carneiro da Silva, Gabriel Marques de Souza e Jhonatas Santos do Amaral, que permanecem presos, informou o TJ-SP.

O que se sabe sobre o caso

Seis jovens estavam "dando grau" (empinando motos) quando foram abordados pelos agentes, segundo a Polícia Civil. Uma das vítimas ligou para a mãe enquanto ocorria a ação.

Os agentes torturaram os jovens e os obrigaram a fazer sexo oral uns nos outros, segundo reportagem publicada pelo SBT e confirmada pelo UOL. Os guardas foram reconhecidos em vídeos postados nas redes sociais em que aparecem rezando fardados.

Os agentes presos foram levados ao IML e depois foram encaminhados para a Cadeia Pública. Eles aguardam a audiência de custódia, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Os guardas supostamente envolvidos nas ações "foram afastados de suas funções e responderão processo administrativo e disciplinar", segundo a GCM de Itapecerica da Serra. Os suspeitos não tiveram as identidades divulgadas.

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O advogado Cleisson Martins, que representa dois dos suspeitos, disse ter conversado com os cinco agentes antes de se entregarem à polícia. Eles negaram que qualquer crime tenha sido cometido na abordagem.

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