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Secretaria foi omissa, diz advogado de aluno autor de disparos em escola

Do UOL, em São Paulo

23/10/2023 20h48Atualizada em 23/10/2023 20h50

O advogado Antônio Edio, que defende o adolescente de 16 anos autor do ataque à escola estadual Sapopemba, afirmou que a Secretaria de Estado da Educação foi omissa em relação ao aluno. Procurada na noite de hoje, a pasta não comentou a declaração. Mais cedo, em nota, informou que "trabalha para aprimorar o atendimento psicológico a toda comunidade escolar, bem como a segurança nas unidades educacionais".

O que aconteceu

O advogado diz que a mãe procurou a diretora da escola para narrar agressões que filho sofria. De acordo com Edio, a escola não tomou nenhuma providência efetiva e os ataques continuaram.

O advogado confirmou que a mãe do jovem havia registrado ocorrência policial por conta dos casos de bullying que o filho vinha sofrendo.

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O adolescente relatou que agiu sozinho, diz o defensor. Ainda segundo o advogado e o delegado do 70 DP (Sapopemba), o jovem afirmou que não contou com a ajuda de ninguém no ataque. Porém, um inquérito será aberto para investigar as razões pelas quais um perfil ligado ao aluno estava em um grupo de ódio na internet.

O estudante vai responder por ato infracional análogo a homicídio e por dois atos infracionais análogos a tentativas de homicídio. Ele ficará na Fundação Casa.

A arma do crime estava em colchão na casa do pai. O advogado disse que o jovem planejou a ida à casa do pai no fim de semana com a finalidade de buscar a arma — que é legalizada. O pai, segundo Edio, não sabia que o jovem pegou a arma.

Os disparos não eram para acertar jovem que morreu, diz advogado. Segundo Edio, Giovanna Bezerra foi morta por acidente, no momento em que ele realizava o ataque.

Ele está muito triste e arrependido do que fez. Mas a Secretaria Estadual da Educação foi omissa em não prover suporte à família após a mãe ter registrado queixa por conta dos casos de bullying.
Antonio Edio, advogado

O que diz a Secretaria Estadual da Educação

Em nota enviada à imprensa, a Secretaria Estadual da Educação afirmou que 550 psicólogos atuam nas escolas. "A gestão trabalha para ampliar esse contingente", disse. A conta é que há um profissional para cada 10 escolas — como o secretário Renata Feder afirmou mais cedo.

A pasta também promoveu a contratação de vigilantes para a atuação nas unidades escolares da capital, litoral e interior do estado. Desses, 700 já iniciarão as atividades até o fim dessa semana e os demais ao término do processo licitatório.
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

A secretaria também afirmou que vai aumentar o número de Pocs (professores orientadores de convivência), ligados ao Conviva (Programa de Melhoria da Convivência Escolar).

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo lamenta profundamente e se solidariza com as vítimas do ataque ocorrido na manhã de segunda-feira na escola estadual Sapopemba. A pasta trabalha para aprimorar o atendimento psicológico a toda comunidade escolar, bem como a segurança nas unidades educacionais.
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) divulgou outras ações feitas nos últimos meses como a disponibilidade de um botão do pânico no aplicativo da PM. Segundo a secretaria, 165 ataques a escola foram evitados pelas forças de segurança.

Depois do ataque, o governador afirmou que é preciso rever as ações feitas para combater esses episódios de violência e admitiu que não tem um novo plano.

É hora de e rever, de voltar, de rever tudo que a gente está fazendo para que a gente evite novas ocorrências, né? A gente não pode deixar que esse tipo de coisa aconteça. A escola tem que ser um local seguro, a escola tem que ser um local de convivência.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

Ataque matou uma adolescente e feriu duas

As vítimas baleadas são mulheres. Uma delas foi atingida na cabeça e não resistiu aos ferimentos. As outras duas têm quadro estável e não correm risco de morte.

Giovanna Bezerra, 17, que morreu no ataque, tinha começado a trabalhar havia poucos dias e recebeu o primeiro salário esta semana, de acordo com Carla Bezerra, sua tia. "Ganhou 200 reais e deu tudo à mã", disse. O enterro da jovem acontece amanhã, no Cemitério Curuçá.

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