Atirador ameaçava realizar atentado havia semanas, dizem alunos
O adolescente suspeito de matar a tiros uma estudante e ferir outras duas na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, sofria bullying e avisava "havia semanas" que praticaria um atentado contra seus agressores, segundo dois alunos com quem o UOL conversou.
O que aconteceu?
O jovem de 16 anos apontado como o autor do ataque era aluno da escola. Os estudantes ouvidos pela reportagem contam que ele era perseguido por colegas e que constantemente apanhava na escola.
"Ele brigava muito na escola", afirmou um aluno de 16 anos que estava na escola no momento dos tiros. "Ele avisou há semanas. Ele falava que ia atacar a escola e ninguém fez nada."
A reportagem teve acesso a um vídeo recente em que o jovem apontado como o autor dos disparos entra em luta corporal com duas colegas de sala.
Todo mundo sabia, a diretora também
Regina Bezerra, é mãe de um aluno
Ela disse conhecer o atirador e a mãe dele. "Fui eu quem foi na casa dela avisar que o filho dela estava atirando em todo mundo na escola."
O UOL procurou a Secretaria Estadual de Educação para comentar as declarações de alunos e pais, mas ainda não obteve resposta.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que as ações do governo estadual precisam ser revistas para que novos ataques a escolas não voltem a acontecer.
Ele citou a possibilidade de que houve falhas nos protocolos de segurança e ressaltou a necessidade de "pensar no futuro da rede".
"Ouvimos os tiros e deitamos no chão"
Segundo os alunos, o rapaz invadiu a sala do 1º ano do ensino médio, no segundo andar, por volta das 7h15, e atirou. Um outro aluno de 16 anos disse que estava na sala ao lado quando os tiros foram ouvidos.
"A gente colocou cadeiras e mesas para bloquear a porta e deitamos no chão", disse. "Todo mundo ficou desesperado. Depois de um tempo, a diretoria mandou a gente sair pela escada de emergência."
Um vídeo feito por câmeras de segurança da escola mostra uma pessoa encapuzada atirando na cabeça de uma menina pelas costas e à queima-roupa. A aluna de 17 anos não sobreviveu.
O estudante que conversou com a reportagem disse que voltava com o atirador todos os dias para casa. "Ele sofria muito bullying, mas não achava ele violento."
Durante o ataque, ele estava no laboratório. "A gente ouviu os tiros e todo mundo deitou no chão. Depois a gente colocou duas mesas na frente das duas portas do laboratórios e ficamos deitados."
Ele disse que uma das meninas baleadas chegou ao laboratório e foi socorrida.