Metroviários discutem paralisação; resultado de assembleia sai nesta quinta
Funcionários do Metrô de São Paulo fizeram uma assembleia na noite desta quarta-feira (25) para discutir uma possível nova paralisação na próxima semana e o resultado da discussão sairá nesta quinta-feira (26), às 19h. A ação ocorre após o Metrô decidir punir nove funcionários por uma greve surpresa de três horas no feriado de 12 de outubro.
O que aconteceu:
Os funcionários devem votar em duas perguntas. A primeira, que foi sugerida pela diretoria do Sindicato dos Metroviários, prevê assembleia na segunda-feira (30) e votação para uma nova greve na próxima terça-feira (31).
Já a segunda opção de votação é para aqueles que não querem a greve na próxima semana e desejam uma posição do sindicato sobre a necessidade de construir uma paralisação unificada de categorias. Essa greve seria entre os trabalhadores do Metrô, da Sabesp, CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) e da educação. Não foram sugeridas datas para essa opção.
Durante a assembleia desta quarta, o sindicato afirmou que as conversas e movimentos dos trabalhadores são contra as privatizações e terceirizações das empresas públicas e as demissões dos trabalhadores. As privatizações são uma das promessas que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fez durante a campanha eleitoral.
Cabe ressaltar que a assembleia de hoje foi convocada após as punições e demissões contra os funcionários, consideradas um ato "intempestivo, arbitrário e antissindical" pela categoria. Até o momento, cinco funcionários foram demitidos, um deles foi suspenso por 29 dias e outros três, que têm estabilidade sindical, foram suspensos sem remuneração até serem submetidos a inquérito no TRT (Tribunal Regional do Trabalho). Entre os trabalhadores punidos estão diretores do sindicato e Narciso Soares, vice-presidente da entidade.
Os metroviários denunciam que as demissões são uma "tentativa de enfraquecer a categoria que está na linha de frente da luta contra o projeto do governador de privatizar todos os serviços públicos".
Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários, afirmou ainda não ter informações sobre o "status" de trabalho de outros funcionários e solicitou que o Metrô se manifestasse "para a gente ter o direito de se defender". Ela relembrou que foi demitida em 2014, mas o quadro foi revertido e pediu para os trabalhadores punidos "não abaixarem a cabeça".
Ele [Tarcísio] quer quebrar as pernas da nossa categoria porque a gente está demonstrando bastante disposição de luta para derrubar esse projeto [de privatizações do governo]. E no dia 3 de outubro [última greve], nós demos uma demonstração categórica desta disposição. Eles não acreditavam que poderia ter uma greve com a envergadura que teve neste dia, uma greve histórica.
Camila Lisboa, presidente do sindicato
As demissões
Na terça-feira (24), o governo de São Paulo afirmou que as punições aos funcionários foram baseadas em imagens, áudios e relatórios. As provas recolhidas indicaram, de acordo com o governo, "conduta irregular dos nove profissionais" na paralisação de 12 de outubro. A direção do Metrô avaliou que o movimento "atendeu apenas a interesses privados" e descumpriu a lei, uma vez que foi implementado "sem aviso prévio e sem qualquer autorização".
Funcionários alegaram que paralisação era, na verdade, um protesto. Os servidores estavam manifestando solidariedade a três trabalhadores da Linha 2-Verde que tinham se recusado a assumir as funções após o recebimento de advertências que consideravam injustas. De acordo com o Metrô, "tais advertências não implicavam em demissão ou redução de salários".
Com a paralisação no feriado, serviços foram prejudicados em 49 estações. Segundo o Metrô, o protesto durou cerca de três horas e causou interrupção das linhas 1-Azul, 3-Vermelha e 15-Prata e operação com velocidade reduzida na Linha 2-Verde. A empresa ainda disse ter registrado mais de 30 evacuações de trem no dia.
O Metrô, porém, disse que as punições anunciadas não têm relação com a greve de 3 de outubro. A empresa também informou que avalia outros casos e não descarta novas punições.
A paralisação deixou milhares de pessoas sem comunicação, tanto nos trens como nas estações (...), uma vez que os operadores haviam decidido deixar seus postos e fechar as estações. Houve registro de protestos de passageiros e danos nas estações, o que colocou em risco a integridade do público e também de outros funcionários do Metrô.
Metrô, em nota