Josmar Jozino

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'Policial prometeu me dar tiro de sniper', disse Gritzbach no Natal de 2023

Há um ano, mais precisamente no Natal de 2023, o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, contou à Polícia Civil que o investigador Marcelo Roberto Ruggieri, 53, havia prometido que lhe daria um tiro de sniper.

Ruggieri e o delegado Fábio Baena Martin, 49, e os investigadores Eduardo Monteiro, 47, e Marcelo Souza, 54, foram presos pela Polícia Federal na terça-feira (17). O investigador Rogério Almeida Felício, 46, segue foragido. Todos foram delatados por Gritzbach por envolvimento em corrupção.

Na mesma operação foram presos o advogado Ahmed Hassan Saleh, 51, o Mudi, e os empresários Robinson Granger Moura, 54, o Molly, e Ademir Pereira de Carvalho, 50 . Os três são considerados rivais de Gritzbach e foram denunciados por ele por suposta ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Marcelo Ruggieri foi preso em operação da PF
Marcelo Ruggieri foi preso em operação da PF Imagem: Reprodução/Obtido pela coluna

Tentativa de assassinato e depoimento no Natal

O empresário procurou a Polícia Civil na noite do Natal do ano passado, logo após sofrer uma tentativa de assassinato. Ele estava com a família em seu luxuoso apartamento no Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo, quando um tiro perfurou a vidraça da sacada da sala.

Os estilhaços causaram ferimentos leves no ombro de Gritzbach. Além do empresário, estavam no apartamento os dois filhos dele, os pais e uma cuidadora, a irmã e um tio. Eles se jogaram no chão, assustados, e não foram atingidos.

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Quatro interessados na morte estão presos

Ouvido no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Gritzbach revelou ao delegado Bruno Ricardo Cyrilo Pinheiro Machado Cogan os nomes das pessoas que o ameaçaram e teriam interesse em matá-lo.

Além de Ruggieri, o empresário contou que o advogado Ahmed Saleh, os empresários Robinson e Ademir - os quatro já presos - e o agenciador de jogadores famosos de futebol, Danilo Lima Oliveira, conhecido como Tripa, eram os maiores interessados na morte dele.

Segundo declarações de Gritzbach, Danilo Tripa teria rifles e até fuzil. Já Robinson - cocunhado de Ruggieri - e Ademir, teriam apartamentos próximos ao endereço dele e os imóveis poderiam ter sido usados por algum atirador para tentar alvejá-lo na noite do Natal do ano passado.

Gritzbach acrescentou que o advogado Ahmed Saleh ofereceu R$ 3 milhões pela cabeça dele. E afirmou que os cinco acusados descobriram que ele negociava uma colaboração premiada com o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) e por isso queriam assassiná-lo.

A Justiça homologou o acordo de delação em abril deste ano. Em setembro, Vinícius Gritzbach foi ouvido por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado). Danilo Tripa é o único delatado que não foi alvo da Polícia Federal na operação do último dia 17.

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Em 31 de outubro, Gritzbach foi ouvido na Corregedoria da Polícia Civil. Oito dias depois, em 8 de novembro, ele foi morto com tiros de fuzis logo após desembarcar no terminal 2 do aeroporto internacional de Guarulhos. Dois suspeitos de envolvimento no crime foram presos.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Marcelo Ruggieri, Danilo Oliveira, Ahmed Saleh, Robinson Granger e Ademir Pereira de Carvalho. O espaço permanece aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver posicionamento dos defensores deles.

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