Mortes provocadas por motoristas de carros de luxo marcaram 2024; relembre
Do UOL, em São Paulo
23/12/2024 05h30Atualizada em 23/12/2024 06h56
Mortes provocadas por colisões envolvendo motoristas de carros de luxo estão entre os fatos que marcaram o ano de 2024 no Brasil. Relembre os principais casos.
Motorista de aplicativo foi morto em São Paulo
O empresário Fernando Sastre bateu um Porsche contra o carro do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52. A colisão ocorreu no dia 31 de março, na avenida Salim Farah Maluf, na zona leste de São Paulo. Ornaldo morreu. Um amigo de Fernando Sastre, que estava no banco do passageiro, se feriu.
Um vídeo (veja abaixo) flagrou o momento da colisão do Porsche contra o Sandero da vítima. O fato repercutiu em todo o Brasil. O Porsche 911 Carrera GTS ano 2023, avaliado em R$ 1,3 milhão, segundo a tabela Fipe, era propriedade da empresa do pai de Fernando.
Em abril, o Ministério Público de São Paulo denunciou Fernando por dirigir embriagado e assumir o risco de matar em alta velocidade. A perícia constatou que o homem dirigia o Porsche a 156 km/h momentos antes da colisão —na avenida onde houve a batida, o limite de velocidade é de 50 km/h.
Atualmente, Fernando é réu pelo crime e a Justiça já definiu que ele irá a júri popular. O judiciário paulista já negou, em outubro, o pedido da defesa do preso para ele não ir a júri popular. Ele está preso preventivamente (por tempo indeterminado) em Tremembé, no interior de São Paulo. Ainda não há data para o julgamento do condutor.
Fernando negou ter consumido bebidas alcoólicas e pediu desculpas à família de Ornaldo. Ao Fantástico (TV Globo) em maio, o homem contou que não teve a "sensação" de estar em alta velocidade antes da colisão.
Motociclista foi morto em julho em São Paulo
Câmeras de segurança flagraram o empresário Igor Ferreira Sauceda perseguindo a moto da vítima com um Porsche. A motocicleta ficou completamente destruída após a colisão, ocorrida na avenida Interlagos, na zona sul de São Paulo, na madrugada de 29 de julho.
O motociclista, Pedro Kaique Ventura Figueiredo, não resistiu aos ferimentos. O jovem chegou a ser socorrido ao Hospital do Grajaú, mas morreu. A namorada do motorista, que estava no banco do passageiro, sofreu ferimentos leves.
Laudo do Instituto de Criminalística indicou que Igor estava a 102,3 km/h no momento em que atingiu a motocicleta.
Igor foi preso em 30 de julho e continua detido no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos. A unidade prisional fica na região metropolitana de São Paulo. Em agosto, o motorista virou réu por homicídio triplamente qualificado de Pedro.
Advogado de Igor afirmou que o motorista voltava do trabalho quando aconteceu a colisão. Logo após a prisão do cliente, Carlos Bobadilla disse à imprensa que Igor é "um cara trabalhador, honesto, do bem, que jamais teve qualquer antecedente criminal em toda a sua vida". O defensor também reforçou que o suspeito não estava bêbado no momento da colisão e que o caso foi uma "fatalidade".
Homem é atropelado e morto horas após casamento no Rio
O influencer Vitor Vieira Belarmino é procurado pela polícia por atropelar e matar um homem no Recreio dos Bandeirantes. O crime ocorreu no dia 13 de julho e a vítima foi identificada como o fisioterapeuta Fábio Toshiro Kikuta. Imagens mostram que a vítima foi atropelada por uma BMW enquanto atravessava a avenida Lúcio Costa, na frente do hotel onde estava hospedado com a esposa. Eles haviam se casado horas antes do atropelamento.
O corpo de Fábio foi projetado para dentro do carro. Uma testemunha contou à polícia que o motorista diminuiu a velocidade após o atropelamento e ocupantes do veículo arremessaram o corpo para fora do automóvel. Eles fugiram sem prestar socorro.
Em setembro, Vitor foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso (quando há intenção de matar). A investigação descobriu que o influenciador dirigia em velocidades entre 109 km/h e 160 km/h na avenida Lúcio Costa Filho. Se estivesse na velocidade permitida, 70 km/h, teria condições de frear o carro antes do impacto, segundo a polícia.
Vitor é procurado e tem um mandado de prisão preventiva (por tempo indeterminado) em aberto pelo homicídio de Fábio.
Ainda em setembro, a Justiça tornou o influenciador réu pelos crimes de homicídio, omissão de socorro e fuga do local do crime. Cinco mulheres que estavam com Vitor no carro —todas jogadoras do Botafogo da categoria sub-20 do clube— também viraram rés e respondem por omissão de socorro.
Advogado de foragido disse que cliente não teve culpa da morte da vítima. Gabriel Habib declarou ao Fantástico (TV Globo), em julho, que Vitor não tinha a intenção de fugir após a colisão e que desconhece o paradeiro do influenciador.
Motociclista também foi morto no Rio de Janeiro
Um motociclista morreu após colisão com um carro de luxo na madrugada de 1º de agosto, no quilômetro 74 da BR-116, em Três Córregos, no município de Teresópolis (RJ). A vítima, identificada pela GloboNews como o lavrador Adilson de Lima, de 47 anos, foi atingida por um Porsche Boxster, avaliado em R$ 500 mil.
Na época do crime, a Polícia Civil apurou se o homem levado à delegacia era, de fato, o condutor do veículo de luxo. Segundo a PRF-RJ (Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro), a corporação foi acionada para atender a ocorrência de acidente de trânsito e no local um homem se apresentou como condutor e foi levado à 110ª Delegacia de Polícia, em Teresópolis.
Testemunhas disseram, no entanto, que o motorista do veículo era outra pessoa: o influenciador digital Renan Rocha da Silva. Conhecido nas redes como "Renan do grau" ou "Carioca maluco", ele é o dono do automóvel, segundo a polícia. O UOL apurou que Renan tem um mandado de prisão em aberto e é procurado pela polícia por, entre outros, exibição de manobras não autorizadas em veículos e por incitar publicamente a prática de crime.
Em dezembro, a Polícia Civil do Rio de Janeiro disse, sem divulgar os nomes, que quatro pessoas foram indiciadas pelo atropelamento de Adilson. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público do estado. A reportagem entrou em contato com o MP para saber se o órgão apresentou denúncia contra os indiciados, mas ainda não obteve retorno. O texto será atualizado se houver manifestação.
Ao UOL, a defesa declarou estar confiante de que a inocência de Renan "em relação a essa fatalidade será confirmada". Antes, o advogado Felipe Cassimiro já havia dito que o cliente "não tinha qualquer ligação com o incidente e não era o condutor do veículo".
Morre motorista que dirigia carro atingido por BMW em Curitiba
O homem atingido por uma BMW em alta velocidade que causou um "rastro de fogo" em Curitiba morreu em setembro, quase um mês após a colisão. A vítima, identificada como o advogado Ralph Winikes, de 35 anos, morreu 28 dias após o automóvel em alta velocidade colidir contra seu carro.
Imagens da colisão são impressionantes. Câmeras de segurança gravaram momentos após a batida, quando os carros aparecem sendo arrastados e pegando fogo.
BMW estava a 181 km/h, diz polícia. Na conclusão do inquérito, a autoridade policial relatou que o carro transitava em velocidade acima da média. No local da batida, a velocidade máxima permitida era de 70 km/h.
Condutor foi indiciado por homicídio. Preso preventivamente no dia 29 de agosto, o homem de 28 anos não teve o nome divulgado pelas autoridades. Em depoimento à polícia, o motorista disse que o pedal do acelerador travou —e isso teria sido a causa do acidente.
Menina de 4 anos morre após colisão
O motorista de uma BMW foi preso em flagrante após colidir contra o carro de uma família e provocar a morte de uma menina. O caso ocorreu no dia 23 de junho na Rodovia Capitão Bardoíno, no bairro Parque dos Estados, em Bragança Paulista (SP).
Carro de luxo, avaliado em R$ 300 mil, teria colidido na traseira do veículo da família, que capotou. Os familiares da menina, que também estavam no automóvel, ficaram feridos, segundo a TV Vanguarda (afiliada da TV Globo). A família é de Monte Mor (SP), na região de Campinas, e voltava de um passeio.
Motorista da BMW, Luiz Paulo Franco Del Corso, de 36 anos, foi detido por guardas municipais após o acidente. Ele apresentava sinais de embriaguez, mas se negou a fazer o teste do bafômetro, segundo consta no boletim de ocorrência. Já o condutor do carro da família fez teste do bafômetro e resultado foi negativo.
Na época do crime, a defesa de Luiz disse em nota que o homem ''jamais teve a intenção do resultado do acidente''. O advogado Renato Teixeira da Costa afirmou se solidarizar com as vítimas.