Marido 'queria se livrar da mulher' pastora desde setembro, diz delegado
O marido da pastora e cantora gospel Sara Mariano, Ederlan Mariano, planejava havia mais de um mês o assassinato da mulher, cujo corpo foi encontrado ontem carbonizado em uma rodovia do município de Dias D'Ávila, a 54 km de Salvador.
Ederlan também recebeu a ajuda de comparsas, afirma o delegado do caso.
O que aconteceu
Ederlan começou a planejar o assassinato da esposa em setembro. "As investigações dão conta de que toda a trama para levar a vítima ao local do crime começou a partir de 24 de setembro", afirmou o delegado Evaldo da Costa em entrevista à TV Bahia, afiliada da Globo. "As coisas se iniciaram aqui em Salvador."
[Foi] quando o marido da pastora percebeu estar tendo problemas conjugais e queria se livrar da mulher.
Evaldo da Costa, delegado
Ederlan contou com ajuda. "Com certeza teve participação [de outras pessoas] porque tem toda a logística para levar a vítima ao local do crime", disse o delegado, que afirmou ainda desconhecer as desavenças do casal.
Os investigadores procuram o motorista que pegou a pastora em sua casa para levá-la a um suposto evento religioso do qual ela não retornou. A polícia também tenta descobrir se a cantora foi mantida em algum cativeiro e por quem.
O corpo da pastora foi encontrado ontem (27) na BA-093, na região de Dias D'ávila, a 54 km de Salvador. Carbonizado, o cadáver estava em uma região de mata, ao lado da pista.
Uma transmissão ao vivo mostrou o marido reconhecendo no local um chinelo que seria de Sara. A aliança que estava no corpo também seria da cantora, segundo o marido no vídeo, transmitido pelo portal Alô Juca, no Instagram.
Família está "chocada"
O delegado disse ainda que a vítima nasceu no Ceará e não tinha parentes vivendo na Bahia. "A família está mobilizada numa tentativa de trazer a mãe, as irmãs, que estão muito chocadas", disse Costa.
Mas todo o rol de amizade da vítima está sendo ouvido, inclusive foram ouvidas em torno de umas oito pessoas ontem.
Evaldo da Costa, delegado
Detido ontem após confessar o crime, Ederlan permanecerá preso. "A prisão temporária é de 30 dias que pode ser renovada por mais 30", disse o delegado.
"Foram solicitadas inúmeras perícias", afirmou. "E aí nós aguardaremos os laudos, porque competem aos setores lá do Departamento de Polícia Técnica." Ele estima em 30 dias a chegada dos documentos.
O desaparecimento de Sara
Sara desapareceu na terça-feira (24) após sair de casa para um suposto evento em uma igreja evangélica. O motorista enviado pela instituição religiosa —ainda não identificada— teria buscado Sara em sua casa.
Com mais de 60 mil seguidores em suas redes sociais, Sara chegou a publicar trechos do trajeto. Ela compartilhava regularmente imagens suas cantando e participando de cultos.
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Antes da informação sobre a morte, Ederlan havia registrado um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento. Ele disse na ocasião que não sabia qual era o nome da igreja que a esposa tinha como destino.
De acordo com ele, Sara não era remunerada pelas participações nas igrejas, mas recebia ofertas voluntárias dos fiéis.
"Essa história não vai acabar assim, Deus está agindo", escreveu ele antes do corpo ser achado. O casal, com uma filha de 11 anos, estava junto havia 13 anos.
Ontem, Ederlan reconheceu o corpo carbonizado da mulher. As investigações, no entanto, já o apontavam como o assassino. Após o reconhecimento do corpo, ele foi levado para a delegacia, quando confessou o crime.
Irmã de cantora desconfiava do cunhado
Antes de postar sobre a morte, a irmã da vítima, Soraya (que mora no Ceará), disse que a mãe conversou com Sara na segunda-feira (23), quando a cantora teria dito que lhe contaria algo "muito sério". A influenciadora não chegou a revelar qual seria o assunto.
A irmã de Sara disse que entrou em contato com Ederlan, que teria afirmado não saber o nome da igreja que a pastora iria, nem o endereço. A única informação que teria era a cidade do evento.
"Tem muita coisa aí que está errada, que não bate", disse Soraya, sem entrar em detalhes. Ontem, ela também disse em entrevista que não tirava da cabeça que o marido e outra pessoa estavam envolvidos no crime.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie. Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
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