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Marido de Sara Mariano tinha intenção de destruir provas, diz delegado

Ederlan Mariano e a esposa, a cantora gospel Sara Mariano Imagem: Reprodução/Redes sociais

Do UOL, em São Paulo

30/10/2023 17h41Atualizada em 30/10/2023 17h57

O delegado que investiga a morte da cantora gospel Sara Mariano, achada carbonizada em uma estrada na última semana, pediu a prisão temporária do marido da vítima, Ederlan Mariano, por acreditar que o homem "tinha a intenção de destruir provas".

O que aconteceu:

O argumento da autoridade policial consta na decisão da Justiça da Bahia, que aprovou a prisão temporária de Ederlan. O documento foi obtido pela reportagem do UOL. A solicitação da prisão, aceita pela Justiça na madrugada de sábado (28), foi realizada pelo delegado Euvaldo Costa dos Santos. Ederlan está preso desde então.

O investigado [Ederlan] deixa claro sua intenção de destruir as possíveis provas que estavam armazenadas no celular da vítima e prejudicar as investigações dos fatos, bem como impedir a aplicação da lei penal.
Delegado Euvaldo Costa dos Santos à Justiça

A autoridade policial cita o celular da vítima porque, segundo o portal Alô Juca, Ederlan teria levado o aparelho de Sara para formatar no bairro Valéria, em Salvador. O técnico de celulares prestou depoimento às autoridades e afirmou que o marido da cantora teria ido ao local por volta das 15h19 do dia 25, um dia após a mulher desaparecer.

O profissional da assistência técnica conseguiu salvar alguns arquivos antes de formatar o aparelho e apresentou os itens à polícia, além de anotar o número do chip e número de série do celular — que conferem com os da vítima, segundo o portal.

Otto Alencar, advogado de Ederlan, disse nesta segunda-feira (30) que o celular de Sara foi entregue ao marido dela por uma pessoa da igreja. Ederlan teria, segundo a defesa, salvado alguns arquivos no computador após saber do desaparecimento e teria pedido a formatação posteriormente, com o objetivo de "preservar a imagem da família".

Ainda no pedido à Justiça, o delegado cita que as "evidências apontam que o investigado não só mantinha controle emocional da vítima, bem como dos fatos ora investigados", incluindo o boletim de ocorrência que Ederlan fez para informar o desaparecimento da companheira.

Além de aceitar o pedido de prisão temporária, o juiz plantonista Antônio Marcelo Oliveira Libonati aceitou a solicitação de busca e apreensão na casa de Ederlan. "As evidências carreadas são bastante contundentes, ensejando o convencimento da necessidade da temporária requerida, assim como a busca domiciliar", escreveu o magistrado. O processo tramita sob segredo de justiça.

Defesa nega confissão

O advogado de defesa afirmou que o cliente não confessou ter mandado matar a esposa, como divulgado pela polícia. Ele ainda ressaltou que Ederlan colabora com as investigações. A entrevista foi concedida ao Alô Juca.

Alencar declarou que o cliente foi traído por Sara mais de uma vez durante o relacionamento deles. A família da vítima contesta essa versão. O casal estava junto havia 13 anos e tem uma filha de 11 anos.

Deixando bem claro. Não estou julgando poliamor, multiamor, direitos das mulheres de livre arbítrio para se relacionarem com quem quer que seja. Estou tratando de princípios que ela pregava na igreja, que pregava nas redes sociais, no mundo espiritual, e no mundo carnal praticava outra.
Otto Alencar, advogado de Ederlan

Sobre as reclamações que Sara faria aos familiares sobre os problemas no relacionamento, o advogado do marido disse achar "estranho" que ela não tenha feito um boletim de ocorrência em 13 anos de relacionamento. "Uma mulher que sofreu tanto e nunca procurou a polícia. Me causa estranheza. É o que eu digo: nunca ouça a história da Chapeuzinho [vermelho] apenas na versão da Chapeuzinho porque se não o lobo sempre será considerado mau."

A reportagem também tenta contato com a defesa de Ederlan. A nota será atualizada tão logo haja manifestação.

Entenda o caso:

Sara estava desaparecida desde terça-feira (24) após sair de casa para ir a um evento em uma igreja evangélica e não retornar. A cantora tem mais de 60 mil seguidores em suas redes sociais, onde compartilhava participações em cultos, vídeos cantando e fotos pessoais.

Um motorista buscou Sara em sua casa e teria sido enviado pela instituição religiosa, ainda não identificada. Ela chegou a gravar alguns vídeos registrando a ida, inclusive passando por pedágios.

Na tarde de sexta-feira (27), o marido da cantora gospel disse que reconheceu um corpo carbonizado em uma estrada como sendo da companheira. O corpo estava em uma estrada, no município de Dias d'Ávila, na região metropolitana de Salvador.

Apesar de o marido de Sara apontar que o corpo seria da cantora, cabe ao DPT (Departamento de Polícia Técnica) fazer os exames para confirmar a identidade, de acordo com a Polícia Civil.

Na manhã de sexta-feira (27), antes da informação sobre a morte, Ederlan Mariano afirmou que registrou um boletim de ocorrência por conta do desaparecimento. Questionado, Ederlan disse não saber qual era o nome da igreja que a esposa tinha como destino. Além disso, de acordo com ele, Sara não recebia formalmente pelas participações nas igrejas, mas sim ofertas voluntárias dos membros.

Soraya Correia, irmã de Sara que mora no Ceará, disse na tarde de sexta-feira (28), logo após o corpo ser achado e reconhecido por Ederlan, "não tirar da cabeça" que o marido e outra pessoa teriam envolvimento na morte de Sara. A entrevista ocorreu em transmissão ao vivo do perfil Alô Juca, no Instagram.

Sara foi velada e enterrada nesta segunda-feira (30), no cemitério da Quinta dos Lázaros, no bairro Baixa de Quintas, em Salvador.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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