Brasileira resgatada de Gaza chora ao chegar a SP: 'Não tem mais nada lá'
Foi com lágrimas nos olhos que a jovem brasileira Shahed al-Banna, 18, desembarcou na manhã de hoje na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, após chegar ontem a Brasília em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que os resgatou da Faixa de Gaza.
Estudante de literatura, ela disse que perdeu muitos familiares e amigos durante os bombardeios, que também destruíram sua casa.
O que ela disse
Shahed al-Banna afirmou que, depois de muito tempo, ela agora se sente mais segura. "Finalmente estou em São Paulo, no Brasil. Estou mais calma, me sentindo mais segura aqui."
Ela disse que nesse tempo de espera muitos conhecidos morreram. "A minha casa foi bombardeada, perdi muito pessoal da minha família, perdi muitos amigos... Perdi muita gente", contou, com a voz embargada.
Apesar do alívio, ela lamenta que outros familiare ainda não tenham deixado a Faixa de Gaza. "Eu quero que o Brasil nos ajude a retirar o resto dos brasileiros e o resto das nossas famílias que estão vivos, esperando por uma ajuda para sair dali. Tem muita gente."
Questionada se ainda sonha em voltar para Gaza, Shahed al-Banna voltou a chorar.
Queria voltar, mas não tem mais nada lá... Não tem um futuro lá para aquele país, simplesmente. Aqui é um recomeço. Espero que seja assim.
Shahed al-Banna
Outro a falar com a imprensa, o palestino naturalizado brasileiro Mahmoud Abouhalob, 40, também deixou familiares em Gaza. "Eles têm passaporte palestino", disse. Ele chegou com a esposa e os dois filhos, de 13 e 12 anos.
Abouhalob afirmou que muitos países deixaram seus cidadãos em Gaza, "mas o Brasil não nos deixou", afirmou.

Chegada a São Paulo
A aeronave VC-2 (EMBRAER 190) decolou da Base Aérea de Brasília por volta das 10h rumo à Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos. O avião pousou às 11h23 trazendo 26 pessoas, segundo o governo federal.
Desse grupo, 17 pessoas foram levadas para um abrigo no interior do estado porque não têm família no Brasil. Aqueles com familiares no país seguirão para seus destinos.
Ontem, 32 pessoas desembarcaram na base aérea de Brasília em uma aeronave cedida pela Presidência da República. O avião decolou do Cairo, no Egito, com 22 brasileiros e dez palestinos —parentes dos brasileiros trazidos no voo.
Ao todo, desembarcaram 17 crianças, nove mulheres e seis homens. Duas crianças estavam desnutridas e foram atendidas por uma ambulância já na pista de pouso antes de encaminhadas a um hospital na região.
Em Brasília, os resgatados ficaram hospedados por no hotel da FAB. Todos receberam alimentação, cuidados médicos e psicológicos e acesso a serviços para regularizar documentos.
76 comentários
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Jose Fabiano Coelho Apitandeira
Agora temos um governo que se preocupa com vidas humanas e vai buscá-los onde eles estiverem. Quanta diferença. Há bem pouco tivemos a infelicidade de ter tido um desgoverno que nutria autêntico desprezo por vidas humanas, especialmente a de pobres, como aconteceu na pandemia Covid 19, não tendo a mínima compaixão pelo sofrimento e dor daqueles familiares que tiveram entes queridos mortos naquela pandemia. Estes estiveram bem próximo de nós e nada se fez para diminuir a dor e sofrimento dessas famílias, nem visitas a hospitais, enquanto este governo, não medindo esforços, vai numa guerra insana, violenta e sem sentido, e arranca de lá nossos irmãos brasileiros, e de quebra procura contribuir na medida do possível pelo fim desta guerra e o restabelecimento da PAZ. Parabéns ao governo e sua equipe, e aos brilhantes militares vocacionados.
Anna Cristina Camargo Moraes Figueiredo
Eu sinto orgulho de ter um governo humanista, pronto para agir guiado pela empatia e solidariedade. Acho horrível saber que existem países que deixam seus cidadãos largados à própria sorte ou cobram valores exorbitantes de pessoas flageladas pela guerra, que perderam tudo.
Helio Hissao Shinsato
Quando a covid surgiu, os países da Terra Redonda enviaram aviões para resgatar os seus cidadãos na China. Bozo negou ajuda aos brasileiros que estavam lá. Só resgatou depois de muito tempo e muita pressão. Agora temos um governo humanitário que se antecipou. Enviou um avião à Itália p/ iniciar o resgate assim que recebesse a autorização local. Tudo foi bem planejado e funcionou perfeitamente. Infelizmente há os que só agradecem à FAB (e aDEUS), como se ela tivesse tomado a decisão e agido por conta própria. Outros, só aDEUS. O governo faz o bem sem olhar a quem, e muitos ‘retribuem’ c/ ódio. Se você ajudar uma dessas pessoas, não espere gratidão. Na ‘visão’ delas, você só ajuda pois D.E.U.S ‘força’ você a fazer isso. Para elas, você é apenas mais um dos ‘instrumentos’ que D.E.U.S usa para ajudar ‘os salvos’.