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Homem recebe Pix errado de R$ 690 mil e devolve: 'Não me traria felicidade'

Um empresário de Santos, no litoral paulista, recebeu um Pix de R$ 690 mil por engano e devolveu o valor ao dono.

O que aconteceu

Ao UOL, Lealdo S.*, de 38 anos, conhecido na cidade como Léo Ar, disse que estava trabalhando quando recebeu uma notificação de Pix do banco no dia 30 de outubro.

Ao ver a notificação, ele pensou ter recebido R$ 690, valor que costuma receber dos clientes. Porém, ao olhar "mais de perto" notou que havia muitos zeros no texto da mensagem.

Ele contou que ficou em "surpreso" e "estado de choque" ao perceber que R$ 690 mil foram transferidos para a sua conta, mas seguiu terminando o dia de trabalho.

"Mas eu fiquei nervoso na loja. Então, todos os carros que vinham no comércio, eu já imaginava que era o dono do dinheiro. Eu pensei que seria dinheiro do crime, que os caras iriam querer me sequestrar. Fiquei com a cabeça meio turbulenta mesmo", disse.

O empresário chegou a procurar alguns amigos, que indicaram que ele ficasse com o dinheiro, já que teria sido "abençoado" com a transferência. Apesar das sugestões, no dia seguinte, Lealdo procurou uma agência do Banco do Brasil, de onde saiu a transferência, explicou a história e uma gerente lhe ajudou a encontrar quem mandou o dinheiro.

Pouco tempo depois, o dono do dinheiro, um bancário idoso que também mora em Santos, chegou ao banco e explicou que juntou o dinheiro a vida toda para realizar um sonho. O valor transferido por engano seria para pagar um apartamento na beira da praia.

Eu pensei: 'Não, eu não posso ficar com o dinheiro'. Eu não sabia quem era o dono do dinheiro. Só queria saber quem é o dono e a origem do dinheiro, entendeu? Não adianta eu ficar com algo que não é meu e que não vai me trazer felicidade.
Lealdo S., ao UOL

Valor teve que ser devolvido em 'parcelas'

Lealdo teve a conta no C6 Bank, onde caiu o dinheiro, bloqueada após o envio do valor, o que fez com que ele não conseguisse devolver o dinheiro de uma única vez para o dono. Lealdo chegou a notificar o Banco Central para tentar conseguir o desbloqueio da conta.

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Após 10 dias de "transtorno", ele conseguiu ter acesso à conta e começou a devolver o valor transferido em parcelas de R$ 100 mil, enviadas todos os dias pela manhã. A última transferência foi realizada na quinta-feira (17).

Depois da confusão, o empresário ainda descobriu que o bancário já havia feito um Pix para ele por um serviço feito na empresa de Lealdo. "Na hora que ele foi digitar o Pix para mandar para o corretor de imóvel, ele apertou no último Pix, que era o meu", explicou.

O UOL tenta contato com o C6 Bank. A matéria será atualizada tão logo haja manifestação.

'Não pensei duas vezes' em devolver

À reportagem, Lealdo contou que "não pensou duas vezes" em devolver o dinheiro para o dono, que não teve o nome divulgado.

O empresário chegou a contar que o dono do dinheiro fez uma cirurgia no coração recentemente e ficou preocupado que o idoso morresse caso não o encontrasse.

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O homem ainda explicou que tem o sonho de comprar a casa própria para viver com a família e fica feliz por ter saúde para trabalhar, sem pegar algo que não é fruto do seu suor.

Eu não pensei duas vezes. Porque a gente tem que devolver. Eu vim de uma família simples e humilde lá de Sergipe. Mas meu pai e minha mãe sempre me ensinaram que a gente tem que ter o que é nosso e nunca tem que pegar o dinheiro de ninguém. Quem pega um real, pega um milhão. Não ia me sentir bem. Se eu tivesse ganhado numa loteria, pô, legal, ia ser bem-vindo e me ajudaria bastante. Mas, caso contrário, não. Eu acho que eu fiz a coisa certa.
Lealdo S., ao UOL

Não é porque o jardim do vizinho é mais grande do que o nosso que a gente vai querer pegar as rosas dele, tem que batalhar e ir atrás dos nossos objetivos.
Lealdo S., ao UOL

*O sobrenome de Lealdo foi omitido na reportagem a pedido do empresário.

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