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Ônibus ficarão mais cheios? Entenda o reajuste na tarifa do Metrô e CPTM

23.mar.2023 - Passageiros enfrentam ônibus lotado na estação Tatuapé do Metrô Imagem: Alisson Sales/Fotorua/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

15/12/2023 04h00

O governo de São Paulo vai reajustar em janeiro de 2024 a tarifa do Metrô, da CPTM e da EMTU. Além de afetar o bolso, como essa mudança impacta os passageiros?

Como será o reajuste

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decidiu aumentar o valor da tarifa de R$ 4,40 para R$ 5. Os ônibus municipais da capital paulista, entretanto, terão o valor da passagem congelados em 2024.

Três especialistas consultados pelo UOL afirmam que a medida pode trazer impactos negativos, como a superlotação dos ônibus. A decisão de não unificar o reajuste acontece após uma década de aumentos em conjunto entre a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual.

O valor da integração ainda não foi divulgado. Atualmente, quando o passageiro usa o Bilhete Único para embarcar em um ônibus e depois no Metrô ou na CPTM, em um período de duas horas, ele desembolsa R$ 7,65. Sem a integração, o usuário pagaria R$ 8,80 atualmente.

Os ônibus podem ficar superlotados?

A tendência é que o passageiro procure pelo transporte mais barato. Isso deve fazer com que os ônibus fiquem mais cheios, segundo a avaliação de especialistas.

Há ônibus que fazem percursos parecidos com os do Metrô. É o caso da linha 4310-10, que liga a estação Itaquera ao Terminal Parque Dom Pedro e faz quase todo o trajeto da linha 3-vermelha do Metrô (que sai da zona leste e acaba na zona oeste).

Unificar os reajustes, como acontece desde 2012, visa evitar a migração em massa de um modal para o outro. Entretanto, dessa vez a gestão municipal não seguiu a estadual. A Prefeitura de São Paulo afirma que não há "qualquer impedimento técnico na gestão de tarifas distintas".

Ricardo Nunes (MDB) deve tentar a reeleição em 2024, por isso aumentar a tarifa geraria desgaste político. No início da semana, ele anunciou tarifa zero aos domingos nos ônibus da cidade.

Mesmo com o aumento da tarifa, Tarcísio afirmou que o governo terá de pagar R$ 2 bilhões em subsídios às empresas do transporte estadual. Já a prefeitura, que congelou o valor, prevê R$ 5,1 bilhões para subsidiar o sistema em 2024 — esse foi o valor previsto no projeto do orçamento para 2024. Reportagem do UOL mostrou que de janeiro até agosto de 2023, a gestão Nunes desembolsou R$ 3,7 bilhões às empresas.

O que diz o especialista

Tanto para acomodar os passageiros que virão do metrô, quanto para a tarifa zero dos domingos, a prefeitura precisa com urgência aumentar a frota de ônibus e melhorar a frequência. Se não, começaremos a ver ainda mais lotação e demoras nos ônibus.
Rafael Calabria, coordenador de mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor)

A tarifa é uma barreira de acesso ao direito ao transporte, e os aumentos agravam a situação. Além disso, com a perda de passageiros, o estado nem terá a arrecadação que espera.
Rafael Calabria

O que diz o poder público

Temos uma tarifa que, se a gente fosse reajustar pelo que é devido, já estaria na casa dos R$ 8 para EMTU e mais de R$ 6 para CPTM e Metrô. A prefeitura tem outra situação, ela opera o transporte sobre pneus e percebeu que consegue suportar por mais tempo a atual estrutura de custos e de subsídio.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

A atual gestão mantém o empenho em incentivar o transporte coletivo, responsável pela locomoção de 7 milhões de passageiros por dia, e que não sofreu reajuste nos últimos três anos.
Prefeitura de São Paulo

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