Caso Heloísa: Pai espera por prisão de PRFs após agentes se tornarem réus
Do UOL, em São Paulo
20/12/2023 18h01Atualizada em 20/12/2023 18h06
O pai da menina Heloísa dos Santos Silva, morta em ação da PRF aos três anos, considerou uma "vitória" os três agentes terem virado réus.
O que aconteceu
Willian da Silva, de 28 anos, pai da menina, pede mais punição. Em entrevista ao jornal O Globo, ele disse esperar pela prisão dos policias.
"O mínimo que vou ficar satisfeito, e nem digo de dormir tranquilo, que é impossível, é quando [os policiais federais] forem presos e exonerados, para que não façam o mesmo com outras famílias. Na polícia, tem que ficar quem protege, não quem mata", disse.
A vida da família nunca mais foi a mesma. Willian contou que a rotina "virou de cabeça para baixo" e que familiares dormem "à base de remédio".
Ele também disse que não consegue mais dirigir desde o acidente. Ele conduzia o carro da família, atingido por agentes da PRF. "Não estou pronto, tenho medo da pista de noite e, quando preciso, se vejo um carro atrás, peço para quem estiver no volante deixar [o outro veículo] passar", conta.
Além disso, o pai da menina destacou que a outra filha parou de sorrir. A menina de oito anos faz acompanhamento psicológico, mas sonha diariamente com a irmã e acorda com febre.
"A gente vai tentando distraí-la, até que consiga superar isso. A Helô veio para fazer companhia a ela, então nunca mais vi minha filha sorrir, deve ficar no inconsciente: ela inclui a irmã em tudo, como se ainda estivesse viva", conta Willian.
Os oficiais vão responder pelos crimes de prática de homicídio consumado, tentativa de homicídio e fraude processual. Ao aceitar a denúncia do MPF, a Justiça também manteve o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de aproximação das vítimas pelos agentes.
Menina morreu após operação no Rio
Heloísa dos Santos Silva morreu no dia 16 de setembro. Ela passou nove dias internada em estado grave em um hospital em Duque de Caxias, mas não resistiu.
A menina foi baleada na nuca e no ombro. Agentes da PRF atiraram contra o carro da família dela, onde estavam Heloísa, os pais, a irmã e uma tia.
Um dos agentes envolvidos na morte disse que disparou após ouvir barulhos de tiros. Segundo esse relato, ele e mais dois colegas de corporação seguiram o veículo após constatarem que ele seria roubado.
Os três agentes da PRF foram afastados. Após a repercussão do caso, a PRF desligou os oficiais e disse que a corregedoria da corporação investigava o episódio. Eles também passariam por avaliação psicológica, disse a PRF à época.