'Brennand' EP3: a influência da família milionária que deserdou Thiago

Duas das famílias mais ricas de Pernambuco tiveram seus sobrenomes expostos desde agosto de 2022, quando Thiago Brennand foi flagrado agredindo uma mulher em uma academia em São Paulo. O terceiro episódio do podcast "Brennand", do UOL Prime, mostra a relação conturbada de Thiago com os clãs Brennand e Fernandes Vieira, dos quais ele é membro. Ouça o programa no arquivo acima.

Thiago é um dos cinco filhos do médico e empresário José Aécio Fernandes Vieira, fundador de uma grande rede de hospitais. Do lado materno, também tem parentesco com o artista plástico Francisco Brennand e com o empresário e colecionador de arte Ricardo Brennand, donos de dois dos principais cartões-postais do Recife.

"[Ele dizia] quem manda em Recife sou eu, você não se atreva a falar absolutamente nada, não abra a sua matraca. Você não vai queimar a minha biografia por aí com ninguém", K., uma das mulheres que denunciou o empresário por estupro, relatou ao Ministério Público.

A partir de telefonemas gravados entre os dois e das declarações autoelogiosas de Thiago Brennand, o UOL conta por que ele se preocupa tanto em ter a "biografia" manchada em sua terra natal.

A reportagem também detalha a briga do empresário com seus familiares, inclusive com os pais, que anteciparam a herança e chegaram a cortar laços com o filho, preso em São Paulo desde abril.

Em 2019, os pais de Thiago registraram um testamento atualizado que não incluía ele — basicamente dizia que, tendo adiantado a herança, nada mais deveriam a Thiago.

Naquela época, a mãe disse no documento que ele "sempre demonstrou hostilidade", "tendo-a já agredido e injuriado verbalmente e por escrito de forma reiterada, explícita e pública, pessoalmente e através de e-mails". Num desses e-mails, o filho se refere a ela como "imunda".

Procurada pela reportagem para comentar o conteúdo dos áudios, a defesa de Thiago Brennand diz que está impedida de se manifestar. "Tudo que posso lhe dizer é que os casos estão em segredo de Justiça", explica o advogado Roberto Podval.

O podcast narrativo é apresentado pelo jornalista do UOL Mateus Araújo, que divide a reportagem com Juliana Sayuri. Os episódios vão ao ar sempre às quintas-feiras.

Continua após a publicidade

"Brennand" está disponível no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.

'Brennand'

Episódio 3 — A tal biografia

Aviso. Este programa tem linguagem forte, relatos de abuso sexual e pode não ser adequado para todos os públicos.

REPÓRTER DE TV: O senhor pensou em morar em alguma outra cidade na sua vida?
RICARDO BRENNAND: Eu acho que o homem de Pernambuco é arraigado à terra, por mais dificuldade que o estado ofereça, mas você dificilmente deixa isso aqui pra ir lá pra fora, lá pro exterior nem se fala, e para outros estados...
REPÓRTER DE TV: Então o senhor sempre se viu morando no Recife?
RICARDO BRENNAND: Sempre me vi.
REPÓRTER DE TV: E também sua família?
RICARDO BRENNAND: Eu, minha família, todos.

Continua após a publicidade

MATEUS ARAÚJO: Esse pernambucano arraigado ao estado é Ricardo Brennand. Ele foi um empresário que dedicou a vida à indústria, principalmente nos ramos de cimento e energia. Em 2019, ele estava na lista de bilionários brasileiros publicada pela revista Forbes. Mas, se você for ao Recife hoje e perguntar sobre ele a um cidadão local, provavelmente a resposta vai ser: "É o dono do castelo dos Brennand, na Várzea".

Sim, castelo mesmo, a sede do Instituto Ricardo Brennand. Uma construção que reúne e exibe ao público a coleção de armas e obras de arte que Ricardo adquiriu ao longo da vida. Desde uma das cinco reproduções autorizadas de David, de Michelangelo, à espada do rei Farouk, o último rei do Egito. A cada mês, o instituto recebe uma média de quase 8.000 visitantes — entre eles muitos estudantes, como eu percebi no dia em que estive lá.

Os Brennand são sinônimo de status em Pernambuco: donos de muitos hectares de terra no estado, a fortuna da família vem de engenhos de açúcar. O sobrenome é de origem inglesa e chegou ao litoral do Nordeste no início do século 19. E até hoje os Brennand estão nos principais setores econômicos do estado.

FRANCISCO BRENNAND EM DEPOIMENTO PARA UM DOCUMENTÁRIO: Esses fatos são anteriores a mim, mas tiveram influência sobre mim, certamente como deve ter tido também sob meus irmãos, mas de formas diferentes, porque da maior parte, todos eles são hoje empresários, e eu desgarrei. Essa foi a diferença, né?

MATEUS ARAÚJO: Francisco, esse que a gente acabou de ouvir, fugiu à regra dos primos e irmãos, que mantiveram a tradição empresarial da família. Ele era artista plástico. Uma de suas principais obras é a coluna de Cristal, uma escultura com 30 metros de altura, em formato fálico e feita de argila, que fica no marco zero do Recife.

Em 71, esse que foi um dos mais importantes artistas brasileiros instalou na antiga Cerâmica São João, olaria do pai dele, a suntuosa Oficina Francisco Brennand. É um dos lugares mais bonitos do Recife: um museu a céu aberto, com painéis enormes e esculturas de cerâmica.

Continua após a publicidade

O sobrenome Brennand tá estampado em três dos maiores cartões-postais do Recife: o castelo de Ricardo, o ateliê de Francisco e a escultura de Francisco no marco zero. Além da importância econômica, é um nome que mexe com a memória afetiva do pernambucano.

Thiago é Brennand por parte de mãe. Mas foi batizado apenas com o sobrenome do pai, Fernandes Vieira. Em 2020, decidiu retificar a certidão de nascimento para incluir também o nome Brennand. O elo de Thiago com o sobrenome materno vem principalmente de Ricardo, que era seu tio-avô.

Quando o empresário morreu, em 2020, Thiago escreveu um texto sobre ele no Facebook, em que citava "muitos Natais, e inúmeros almoços dominicais na casa de meus bisavós". "Ser-lhe-ei grato pelo resto da vida", postou.

A repercussão do caso na academia Bodytech, que aconteceu apenas dois anos depois, adicionou mais uma pessoa à lista de Brennands conhecidos nacionalmente.

Francisco e Ricardo morreram antes de ver isso acontecer. O primeiro se foi em dezembro de 2019, em decorrência de complicações de uma infecção respiratória.

Ricardo partiu pouco depois, em abril de 2020, após ter contraído covid-19. Numa matéria especial que o homenageou postumamente, ele aparece refletindo sobre o seu legado e o legado da sua família.

REPÓRTER DE TV: Você quer ficar conhecido como mecenas, qual o projeto?
RICARDO BRENNAND: Eu quero ficar desconhecido, anônimo, filha, a nossa vida você há de ver, na história de meu pai, meu tio, meu primo, minha... dos quatro que formaram o bloco desenvolvimentistas de uma região dificílima que é o Nordeste, você há de ver uma coisa filha, uma característica, o anonimato. Isso que vocês tão conseguindo hoje, é um feito! É verdade ou não? Já tinha visto o meu nome em algum canto?

Continua após a publicidade

VINHETA: Eu sou Mateus Araújo. E esse é Brennand, um podcast do UOL Prime. A agressão pública do empresário Thiago Brennand a uma mulher numa academia traz à tona uma cadeia de outros crimes e acusações dos quais ele sempre conseguiu sair ileso. E, nesse terceiro episódio, a gente vai ver como os sobrenomes ajudaram, de alguma maneira, a manter a sua impunidade.

THIAGO BRENNAND: Eu vou lhe dizer só uma coisa: as biografias são diferentes. A minha, da sua e do seu pessoal.

VINHETA: Episódio 3. A tal biografia.

MATEUS ARAÚJO: Voltamos ao dia 1º de setembro de 2021, na casa de Thiago, em Porto Feliz. Depois de ter flagrado o telefonema entre K. e o irmão dela, que morava no Recife, Thiago e a mulher foram juntos buscar, no ambulatório do condomínio, uma das empregadas dele. Segundo K., essa empregada tinha passado mal após todo o episódio em que ela foi obrigada a fazer uma tatuagem com as iniciais de Thiago. Na volta pra casa, diz K., o modus operandi do abuso voltou a acontecer.

K.: Voltamos pra casa, a [silenciado] e a outra empregada, acho que foram dormir, e eu fui pro quarto com ele, no quarto com ele, fui obrigada a fazer o ato forçado novamente. Exatamente a mesma coisa, relação anal obrigada, exatamente no mesmo lugar. Eu não aguentava de tanta dor que eu sentia. Nem andar direito eu tava andando mais, de tanta dor.

MATEUS ARAÚJO: Sexo anal forçado, tapas, ameaças e tudo filmado sem que a vítima soubesse. O mesmo roteiro que se repete nas denúncias de outras mulheres. A manhã seguinte, no entanto, foi diferente. Eles foram acordados de supetão pela empregada.

Continua após a publicidade

K.: A gente acorda com a [silenciado] batendo na porta, falando "seu Edsá tá tentando ligar pro senhor, atende o telefone". Aí é o Edsá que ligou pro Thiago, nesse momento e falou assim: "Foge, sai, que a polícia tá lá na frente do portão do condomínio".

MATEUS ARAÚJO: O Edsá Sampaio, esse de quem K. acabou de falar, é um vizinho do condomínio. Ele teria ligado pra avisar a Thiago que a polícia estava esperando por ele. Também pernambucano, Edsá é um empresário que já teve algumas casas noturnas em São Paulo e uma marca de energéticos. Hoje, ele se dedica principalmente ao mercado imobiliário.

A casa de Porto Feliz foi comprada por Brennand em nome de uma empresa que tem Edsá como diretor-presidente. A empresa "Pozornaya Strana", que significa "país vergonhoso" em russo, tem o CNPJ ainda ativo. Entre as atividades listadas no cadastro dela, estão aluguel de imóveis próprios e gestão de ativos não financeiros.

Juliana Sayuri, minha colega de apuração, ligou pra Edsá pra perguntar sobre o dia em que ele supostamente alertou Thiago de que a polícia estava na portaria e também pra entender um pouco da relação entre os dois. A gente falou com ele duas vezes. Na primeira ligação, ele tava em viagem e não alongou a conversa. Mas falou isso aqui:

JULIANA SAYURI: A gente tá produzindo um podcast sobre o caso Thiago Brennand. Eu queria saber se o senhor aceita dar uma entrevista pra gente.
EDSÁ SAMPAIO: Não, não quero falar disso não, não tenho nada a ver com isso.
JULIANA SAYURI: Eu entendi que o senhor é sócio de Thiago, é isso?
EDSÁ SAMPAIO: Deus que me livre!
JULIANA SAYURI: Os senhores não são sócios mais?
EDSÁ SAMPAIO: Não, nunca fui sócio dele.

MATEUS ARAÚJO: Num dos documentos aos quais o UOL teve acesso, tem um relato de Edsá pra polícia. Ele diz que soube que o presidente do condomínio Fazenda Boa Vista procurou Brennand para informar que um delegado ligou dizendo que tinha uma mulher presa na casa dele.

Continua após a publicidade

Edsá também disse à polícia que conhece a mansão de Thiago e que seria "impossível a alegação de cárcere privado, pois a casa é inteira aberta e sem trancas, ou seja, todos os quartos dão para o terraço que automaticamente sai para o jardim". Também disse que K. é "uma mulher perigosa", "desequilibrada", "bandida e mentirosa".

Na oitiva, K. disse o seguinte quando perguntada sobre Edsá:

K.: Esse Edsá, ele é sócio do Thiago, ele tem uma casa na fazenda junto com o Thiago, algumas casas próximas a dele, e eles têm um escritório juntos em São Paulo, eles fazem negócios juntos. Ele é sócio do Thiago em alguma coisa, e o Thiago falava com o Edsá todos os dias, eu acho que ele é membro da Fazenda Boa Vista, do condomínio lá, acho que ele é presidente alguma coisa assim. E eu vi na casa do Thiago, quando eu tava lá uma vez, ele estava lá.

MATEUS ARAÚJO: Na segunda entrevista por telefone, ele respondeu às nossas perguntas e minimizou a suposta relação próxima que K. diz que ele teria com Thiago.

EDSÁ SAMPAIO: Eu sou amigo do pai dele, morei no mesmo prédio que ele em Recife e moro aqui em São Paulo tem 30 anos.
JULIANA SAYURI: Então o senhor é mais um amigo da família dele.
EDSÁ SAMPAIO: É claro, do pai dele, né. Ele tinha hospital lá onde eu morava, em Recife.

MATEUS ARAÚJO: Mas a gente queria saber mesmo o que tinha acontecido naquele dia em que Edsá supostamente teria ligado para alertar que a polícia estava na portaria.

Continua após a publicidade

MATEUS ARAÚJO: Senhor Edsá, aqui é Mateus. Eu prometo que a gente não vai tomar muito do seu tempo, mas eu só tinha uma última pergunta a fazer. Num dos depoimentos dela, [silenciado], ela fala que o senhor avisou a Thiago da chegada da polícia, até usou uma expressão dizendo que "a casa caiu". É verdade? Isso aconteceu?
EDSÁ SAMPAIO: Não, você vê como é que é... Por isso eu não gosto de falar à imprensa. A gente fala número 1 e vai a número 5... Quando eu vendi a casa, a casa que Thiago tava morando era minha. Estava registrada na entrada da Boa Vista a casa [silenciado], lote [silenciado], no nome de Edsá. A polícia chegou na portaria. Então a casa [silenciado], lote [silenciado], que a portaria estava ligando, era o nome Edsá. Tava no meu nome, então quando chegou na portaria, a polícia tava pra ir em cima de mim. Aí eu falei: "A casa não é minha. Se vocês quiserem ir, vocês têm que ligar pro dono da casa". E foi isso que aconteceu.

MATEUS ARAÚJO: A gente também tentou perguntar pra empregada M. o que tinha acontecido.

M.: Então, eu não tenho nada pra falar não. Eu sou funcionária dele e não tenho nada a declarar.
JULIANA SAYURI: Entendi. Pelo que eu soube, a senhora trabalhou com ele?
M.: Eu não tô muito bem, não sei se foi alguma coisa que eu comi, não quero falar não.
JULIANA SAYURI: Entendi. Só uma pergunta: Você tá, atualmente, em São Paulo ou Porto...

MATEUS ARAÚJO: O único além de K. que falou sobre aquele dia foi o policial militar Daniel Cossani, que era personal trainer e faz-tudo de Thiago Brennand. A gente tentou falar com ele por telefone, mas ele não atendeu às ligações. Também pedimos entrevista oficialmente via Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, que não autorizou. Só que ele deu detalhes em um depoimento ao qual tivemos acesso. Esse depoimento, inclusive, foi uma das novas provas que fizeram o Ministério Público pedir a reabertura do caso K., em 2022. Segundo Daniel, naquela manhã, ele tava na casa de Porto Feliz, esperando o chefe para um treino na academia do condomínio.

DANIEL COSSANI: Nesse dia, eu cheguei na residência de manhã, mais ou menos umas 10h, tavam todos dormindo na residência, a empregada que tava só acordada, ela fez um café, tomei café com ela, de repente começou uma movimentação diferente na residência. Ele saiu da residência, saiu junto com ela, eles entraram num veículo e saíram da casa em direção à Castelo Branco, pela portaria 2, que era próxima à residência dele.

MATEUS ARAÚJO: A portaria 2 é aquela em que eu estive no episódio passado, a que é reservada apenas para prestadores de serviço. A polícia aguardava a liberação na entrada principal, na rodovia Castello Branco.

Continua após a publicidade

K.: Tava no viva voz. O Edsá falou assim: "A casa caiu, sai. Sai, a casa caiu. Sai daí agora". Eu lembro exatamente o que o Edsá falou. "Sai daí agora, deixa que eu resolvo tudo". Aí entrei no carro com o Thiago, saímos da fazenda, do condomínio, e ele desesperado no carro, ao telefone com o Edsá. Ligou pra ele ir tirar todas as armas dele que estavam na casa dele, pediu pra tirar. Ele falava meio que em código, pra eu não escutar, pra tirar outras coisas que estavam na casa dele e levar pra casa do Edsá. Ele falava assim: "A polícia não vai na sua casa, não vão ligar uma coisa com a outra, tira tudo e coloca na tua casa, Edsá". E pediu pra empregada dele arrumar todas as minhas coisas, colocar na mala também, que ele ia pedir pra tirarem as minhas coisas da casa dele.

MATEUS ARAÚJO: Daniel Cossani, que ainda estava na mansão, disse que não tava entendendo o que tinha acabado de presenciar.

DANIEL COSSANI: Perguntei pra empregada o que tinha acontecido, pra [silenciado], na ocasião, aí ela falou: "Olha, eles discutiram muito à noite, brigaram, brigaram bastante e eu não sei. Depois fizeram as pazes e dormiram no mesmo quarto, inclusive". Aí eu falei "Ah, tá bom". Até que toca o meu telefone, e ele pede pra que eu o encontre na Castello Branco. Aí eu fui até o carro perguntar pra ele se tava tudo ok, o que que tava acontecendo e por que ele tinha saído mais cedo. Ele falou que tinha recebido uma ligação, que tinham chamado a polícia pra ir na casa dele, porque ele tava mantendo a K. em cárcere privado e tal. E eu falei: "Bom, quem ligou?"

MATEUS ARAÚJO: Na manhã seguinte, dia 1º de setembro de 2021, N., o irmão de K., abriu um boletim de ocorrência contra Thiago Brennand na 1ª Delegacia da Mulher, no Recife. Vale lembrar que, no dia anterior, ela tinha conseguido ligar pro irmão e informar o seu paradeiro.

K.: E ele me perguntava: "Foi você ontem no telefone?" E eu jurava que não, não fui eu, não fiz isso. Ele me olhava e falava: "Se foi você, eu te mato, você não vai..." E eu falando que não e ele me ameaçando.

MATEUS ARAÚJO: A acusação era de cárcere privado. Aqui, quem fala de novo é Daniel Cossani.

Continua após a publicidade

DANIEL COSSANI: Aí eu tirei ele de canto e falei: "Olha, doutor, pelo o que o senhor tá falando, tá meio estranha essa história. É mais indicado que o senhor mande ela embora, que vai ficar mais tranquilo, acho melhor".

K.: Aí o Cossani falava assim: "Seu Thiago, olha, eu acho melhor ela ir comigo. O senhor foge, o senhor sai, deixa que eu vejo o que eu faço com ela". Aí o Thiago: "Tá bom, tá bom". Aí eu ia pro Cossani. Daqui a pouco o Thiago [dizia]: "Manda ela de volta".

DANIEL COSSANI: Daí eu saía de perto do carro, ele falava com ela em particular. Ele me chamava? Até a hora que eu cansei e falei: "Eu vou embora, vocês são adultos, vocês se entendem. Mas eu queria falar com o senhor pessoalmente, particularmente".

MATEUS ARAÚJO: Daniel Cossani tava achando aquela situação toda muito estranha. Pra Justiça, ele diz que, por instinto de policial, resolveu intervir, como uma espécie de mediador.

DANIEL COSSANI: Porque eu achei que tinha alguma coisa estranha na situação, e aí ele, por fim, falou: "Então tá. Ela quer ir embora, leva ela embora".

MATEUS ARAÚJO: K. entrou no carro de Daniel, e os dois seguiram na direção de São Paulo. Brennand continuou telefonando para eles. Cossani ignorava as ligações, disse o policial. Segundo ele, K. atendia e conversava com Thiago em inglês.

Continua após a publicidade

DANIEL COSSANI: Aí foi indo, e eu falei assim: "Olha, se você quer ir embora pra sua casa"... Na medida em que ela desligava... "Se você quer ir embora pra sua casa e você continuar atendendo ele, em algum momento ele vai falar para eu voltar com você. Então se aconteceu alguma coisa de errado, você tem que me falar o que aconteceu de errado, pra que eu possa te ajudar. Pode ter calma, que eu vou te ajudar. Fica calma, que eu vou te ajudar. Eu conheço um pouco do Thiago, de algumas pessoas, algumas pessoas que convivem com ele, eu sei o quanto que ele é difícil, eu sei o quanto que ele é intransigente, fica tranquila. Eu tô aqui pra te ajudar. Eu sou policial na minha outra profissão, eu sou uma pessoa íntegra, eu tenho uma história, tenho um nome, fica tranquila", e foi indo.

MATEUS ARAÚJO: Em depoimento, ela contou algo bastante parecido.

K.: Ele [Daniel Cossani dizia]: "Calma, aqui você tá segura, eu tenho uma família, eu tenho a minha noiva, eu sou contra o Thiago e tudo que ele faz, eu sei que esse cara é um monstro, todo mundo tem medo dele". Ele falou tanta coisa do Thiago, naquele dia pra mim. Ele falou que ele não presta, que tem nojo, ele ameaça todo mundo, todo mundo tem medo dele. "Mas eu vou te tirar dessa." Aí eu fui na casa dele, tomei banho, aí depois ele me levou pro aeroporto. O Cossani almoçou comigo no aeroporto, e aí eu fui embora. Quando eu cheguei em Recife, estava a delegada com um outro delegado, o meu pai, o meu irmão e o advogado amigo do meu pai.

MATEUS ARAÚJO: No celular, mensagens de Brennand chegavam incessantemente. Alguém, no Recife, já tinha enviado imagens do boletim de ocorrência para ele.

K.: Ele me enviou o B.O. e falou: "Que absurdo é esse? O que que é isso?" Ali começaram todas as ameaças. Ele: "Já falei com a delegada tal, você vai amanhã de qualquer jeito na delegacia, você vai falar com a tal delegada. Aqui tá o telefone dela; Ela tá com o seu telefone, ela vai te ligar. Você vai marcar, você vai sentar e você vai desmentir tudo isso que o seu irmão falou. Quem manda em Recife sou eu. Você não se atreva a falar absolutamente nada, não abra a sua matraca. Você não vai queimar a minha biografia por aí com ninguém".

MATEUS ARAÚJO: A imagem de Thiago já não era das melhores em Pernambuco, por mais que ele tentasse defender o contrário. A fama de que ele era encrenqueiro também era de conhecimento geral. Mas sem nada muito concreto. Aparentemente, não tinha nenhuma denúncia por lá. Ele era reconhecido formalmente como um Brennand fazia apenas dois anos. E os Fernandes Vieira, a família paterna dele, já tinham dado um jeito peculiar de acalmar os ânimos de Thiago.

Continua após a publicidade

JINGLE DE PROPAGANDA DE TV: Quando eu preciso, ele está por perto. Pronto a qualquer hora. Posso confiar. Olha nos meus olhos, diz "vai dar tudo certo". Cuidado e atenção, eu sei, não vão faltar. Sabe me entender no momento em que me vê. Eu sigo com a certeza: a vida é pra viver. Hospital é o Memorial São José, humano como você.

MATEUS ARAÚJO: O Memorial São José do comercial que você ouviu é um dos centros médicos que foram fundados pela família Fernandes Vieira. Na década de 60, os irmãos José Aécio e Francisco Eustácio, pai e tio de Thiago respectivamente, iniciaram um serviço pioneiro no Nordeste de atendimento clínico — entre eles, os da Usina Trapiche, no litoral sul, que tinha como proprietário Sávio, irmão dos dois. Depois, expandiram os negócios. Em 79, inauguraram o Hospital Santa Joana, e, após uma década, o Memorial São José, unidades que consolidaram o polo médico voltado às classes A e B.

Com faturamento avaliado em R$ 400 milhões no ano de 2015, os irmãos venderam as operações à Amil e à rede D'Or, mantendo os imóveis. Reportagens da época calculam que o negócio não saiu por menos de R$ 500 milhões, o equivalente a pouco mais de um bilião nos valores atualizados.

Desde então, Francisco Eustácio e os filhos dele passaram a investir nas áreas de saúde, agronegócio e tecnologia, por meio da holding Evipar. Já José Aécio, que é pai de Thiago, assumiu com seus outros filhos a construtora e imobiliária Órea.

Em 2007, a herança de Thiago foi antecipada pela família. Segundo o documento registrado num cartório do Recife, o herdeiro quis receber a quantia em "imóveis e dinheiro, por força de sua liquidez".

Em 2019, os pais de Brennand registraram um testamento atualizado que não incluía ele — basicamente dizia que, tendo adiantado a herança, nada mais deveriam a Thiago.

Continua após a publicidade

Naquela época, a mãe disse no documento que ele "sempre demonstrou hostilidade", "tendo-a já agredido e injuriado verbalmente e por escrito de forma reiterada, explícita e pública, pessoalmente e através de e-mails"; num deles, afirma a mãe, ele se refere a ela como "imunda".

Eu pedi pra Juliana Sayuri ler pra gente alguns trechos do documento:

JULIANA SAYURI: "O nível de agressividade do filho Thiago Antônio Fernandes Vieira em relação à testadora atingiu, segundo ela própria revela a este tabelião, um nível insuportável de sofrimento, razão pela qual decidiu também a testadora deserdar o seu filho Thiago Antônio Fernandes Vieira. A testadora enumera aqui algumas das graves injúrias assacadas contra ela pelo filho, no e-mail que enviou à testadora no dia 14 de novembro de 2019: 'Essa é uma figura abominável. Muito foda ter essa coisa horripilante como genitora'."

Diz o documento assinado pelo pai: "O testador vem recebendo, por escrito e de forma reiterada, explícita e pública, diversas correspondências eletrônicas (e-mails) nos quais ele é caluniado, injuriado e difamado, e, entende o testador, até ameaçado de morte; [...] O testador enumera aqui algumas das graves injúrias e ameaças: [...] 'A sua pompa, ainda que sempre muito bem maquiada pelos seus hábitos franciscanos, típica dos figurões brasileiros, sejam políticos ou donos de grandes fortunas, não tem muita abrangência.'; 'Se você, por essa razão, quiser pagar de louco e fizer uma rearrumação do que é liberalidade e do que é legítima, ou qualquer outra safadeza, anuncio desde já que o cacete vai comer entre nós filhos.'; [...] 'Pode botar segurança, ir pros EUA, me denunciar, pode fazer o caralho. É como disse: todo e qualquer cenário, dos positivos aos negativos, eu já ensaiei. Para mim, a morte virá antes da desonra'."

MATEUS ARAÚJO: Ambas as famílias, tanto a Fernandes Vieira quanto a Brennand, evitam tocar no nome de Thiago. Na época que o caso da agressão na academia Bodytech foi noticiada, a nutricionista Marília Fernandes Vieira, uma das irmãs de Thiago, fez uma publicação no Instagram na qual dizia: "Nem eu nem meus três irmãos temos qualquer relação nem contato com o referido há mais de 20 anos e, portanto, nenhuma atitude alheia nos representa ou interessa".

Familiares e amigos próximos contam que os irmãos têm uma medida protetiva que impede Thiago de se aproximar deles. Do outro lado da família, Helena Viktoria, filha do artista plástico Francisco Brennand, foi às redes sociais contestar o fato de a mídia estar usando majoritariamente o sobrenome Brennand para se referir a Thiago.

Continua após a publicidade

HELENA VIKTORIA BRENNAND, EM VÍDEO NO INSTAGRAM: Eu entrei no Youtube e vi várias emissoras com suas matérias com relação a Thiago que foi preso, vulgo Thiago Brennand, e aí eu tô vindo aqui não pra falar de Thiago, eu não tenho o menor interesse em me envolver nessa situação, nós somos primos distantes, a família Brennand é muito grande [...]. Eu vim aqui falar em nome do meu pai, em nome de Brennand, Brennand é Francisco, a mídia tá chamando Thiago de Brennand foi acusado, Brennand foi preso, Brennand foi extraditado, minha gente, o que é isso, isso é um absurdo!

MATEUS ARAÚJO: Aqui, vale uma pequena explicação. Escolhemos tratar Thiago por "Brennand" no podcast, entre outros motivos, para destacar os nós desse caso de família.

Dos familiares de Thiago contatados por mim e Juliana para tratar do assunto, apenas um topou dar entrevista: o gastrônomo Jason Vieira, que morreu no dia 24 de março de 2023, aos 49 anos, em decorrência do câncer.

Ele conversou comigo pela primeira vez em setembro de 2022. De lá para cá, desde que eu comecei a cobrir o caso, nos falamos várias outras vezes.

JASON VIEIRA, EM ÁUDIO DO WHATSAPP: Você não tem noção de como repercutiu e como foi um divisor de águas sobre o tema Thiago aqui em Pernambuco, você abriu um portal.

MATEUS ARAÚJO: Jason, que é afilhado dos pais de Brennand, descobriu que tinha câncer em 2013. Ao saber da doença do primo, Thiago o apelidou de "cancinho", um trocadilho pejorativo de câncer com "Jasinho", apelido pelo qual o rapaz era conhecido. Uma vez, Thiago enviou um caixão e uma coroa de flores para o apartamento do primo. Em áudios, ele ofendeu também a mãe de Jason, a quem chamava de "puta velha".

Continua após a publicidade

THIAGO BRENNAND EM ÁUDIOS ENVIADO A JASON POR WHATSAPP: Câncer! Porra, mermão, tu me abandonou, bichão? Eu peguei o telefone da puta velha, mas cês são iguaizinhos, viu? Ela fingiu que não viu a mensagem, já bloqueou. Tem umas foto sua maneira que me mandaram, bonezinho pra esconder a careca. [...] Já tá todo mundo sabendo da metástase, Cancinho. Que pena, hein? Parece ferrugem no teu corpo, né?

MATEUS ARAÚJO: Ele passou a mobilizar outras vítimas para denunciar o Thiago. Com a situação, Jason também se desentendeu com o tio, José Aécio. Ligamos para José Aécio Fernandes Vieira. Ele até nos atendeu, mas, com bastante educação, disse que nunca falou à imprensa sobre o assunto "Thiago" e que não abriria esse precedente.

Assim que K. chegou ao Recife, Thiago passou a ligar para ela constantemente. Nos telefonemas, dava instruções do que deveria ser feito pro boletim de ocorrência ser retirado e pra ela explicar que tudo não tinha passado de um mal entendido.

Brennand tinha motivos fortes para a história não chegar no Recife. Depois de todas as brigas e confusões com a família que a gente já detalhou, ele tava finalmente conseguindo se reaproximar dos pais.

Ele chegou a falar disso com K.:

THIAGO BRENNAND: Foi um telefonema maravilhoso. Nós vamos nos encontrar, ele tava falando sobre a saúde dele, entendeu? Vou falar com minha mãe depois de 23 anos.

Continua após a publicidade

MATEUS ARAÚJO: A maior parte das ligações foi gravada por K., aparentemente na tentativa de conseguir uma confissão de Thiago sobre as agressões e estupros cometidos por ele. Ela garantiu a Brennand que não tinha dito nada ao irmão, mas que ele tinha estranhado o fato de ela ter ficado incomunicável por três dias. Então resolveu denunciar o caso à polícia por preocupação.

THIAGO BRENNAND: Eu, então, eu não consigo acreditar, não ficarei com raiva de você pela mentira, mas não consigo acreditar que ele adivinhou de armas ou que ele adivinhou, ou que é mentira que pediu socorro. Eu não vou mentir pra você, não ficarei com raiva. Mas não tô entendendo o que tá acontecendo. Gostaria que... Você deixa umas incógnitas no ar, a gente fica preso um ao outro e não tem uma linha de pensamento.
K.: Uhum, eu concordo com você. O meu irmão fez o que ele fez porque quando ele ficou sabendo que eu estava... Que você era o Thiago, Thiago, Thiago, Thiago...
THIAGO BRENNAND: Aham.
K.: Comentou com alguém e o fato...
THIAGO BRENNAND: Mas, K., eu sempre fui o Thiago, Thiago, e ninguém nunca fez isso...
K.: Por favor, escute. Escute.
THIAGO BRENNAND: Escuto.
K.: Antes de você... Me deixa? Me dá só a oportunidade de falar, porque você sempre me interrompe, por favor.
THIAGO BRENNAND: Sempre? Opa, não é verdade.
K.: Tá bom, meu amor. Desculpa. Desculpa, meu amor.

MATEUS ARAÚJO: Em grande parte das ligações que foram gravadas, K. fala com ele de forma carinhosa e trata como "meu amor".

THIAGO BRENNAND: Fale, pode falar.
K.: Então, o fato de eu não atender o telefone, isso pra minha família não é normal. Porque minha mãe me ligava todos os dias, o meu irmão me ligava todos os dias, então, assim...
THIAGO BRENNAND: Mas você convém que... Desculpa o aparte. Você convém que você falou dados ali.
K.: Meu amor...
THIAGO BRENNAND: Tá bom fale, perdão.
K.: Então, eles me ligarem e eu não atender várias vezes, os deixou completamente nervosos. Aí esse meu irmão mais velho falou com meu irmão: "Ué, cadê a K.?". Aí ela falou assim: "Ah, ela tá bem, ela tá em São Paulo. Ela tá tranquila, ela tá com Thiago". "Thiago o quê?". Aí falou "Thiago", o seu sobrenome, e então o meu irmão inventou de pesquisar, preocupado. "Mas, porra, por que que ela não atende a porra do telefone?". Aí uma certa pessoa falou pra ele que você era uma pessoa... Aí falou? Eu não quero ficar repetindo as palavras, porque são palavras fortes e falaram muita coisa sua, Thiago. Mas muita coisa sua. Coisas horríveis, e meu irmão ficou com medo.

MATEUS ARAÚJO: K. só conhecia a biografia que Thiago fazia questão de mostrar. A do lado artístico e empresarial dos Brennand e o empreendedor do lado dos Fernandes Vieira. As tais "coisas horríveis" das quais o irmão dela tinha ouvido falar ficaram de fora dos relatos.

THIAGO BRENNAND: Eu não sei qual o bicho que você faz disso, porque eu sempre fui um cara que tinha um ou outro que fala... Imagina se ele diz o nome dessa pessoa, a vergonha que essa pessoa vai passar.
K.: Tudo bem, meu amor.
THIAGO BRENNAND: Deve ser um opositor meu. Uma coisa assim.
K.: Com certeza, com certeza. Eu não falei com ele ainda, eu não quero falar com meu irmão ainda sobre isso. Ele escutou outras pessoas...
THIAGO BRENNAND: Por que esse mistério?
K.: Mistério, não. Porque eu não tenho cabeça pra falar com ninguém. Eu não quero, eu estou traumatizada com tudo isso. Traumatizada.
THIAGO BRENNAND: Então tá bom, [silenciado]. Você tá trazendo pra mim uma carga muito grande, falando que pessoas falaram, numa cidade onde eu tive apartamento até 35, 36 anos. Tá me fazendo mal, tá certo? Eu nunca fui essa pessoa aí, pelo contrário, tinha domínio completo pela cidade e você tá colocando como se eu fosse um pária social.
K.: De jeito nenhum...
THIAGO BRENNAND: Baseado no que falaram a seu irmão.
K.: De jeito nenhum...

Continua após a publicidade

MATEUS ARAÚJO: A gente não sabe quais foram as coisas a respeito de Thiago que o irmão de K. ouviu pelo Recife.

THIAGO BRENNAND: Eu tô num nível e agora tô n'outro? Sempre se falou em caso Serrambi, sempre se falou em proibição dos Estados Unidos? Eu não voltei mesmo? Falaram que eu batia em mulher e tal, que eu nunca nem conheci. Qual o problema disso? Sempre se falou. Irmão meu falou mal de mim, isso sempre aconteceu, nunca me causou nenhum prejuízo. Aí agora, aos 41, anos você traz isso de uma forma super forte? Cara, que coisa maltratante, cara. Com tanto cuidado que eu tinha pra me expor pra Recife, cara.

MATEUS ARAÚJO: O tal "cuidado" que Thiago tinha no Recife era galgado na influência que os sobrenomes dele traziam. E ele não tinha vergonha nenhuma em deixar isso escancarado. Dando nome e sobrenome pros seus benfeitores.

THIAGO BRENNAND: Então vamos sair, eu vou aí. Eu tenho um avião fretado, entendeu? Vamos sair, chame seu irmão. Vamos a um restaurante, senta todo mundo. Eu levo um ex-delegado geral de polícia, eu levo a primeira mulher que foi chefe de polícia e criou a Delegacia da Mulher, Olga Câmara, pra dizer: Eu sou abusador? Eu levo o delegado que investigou o caso das meninas de Serrambi — por sinal me ligou hoje pra pedir um favor de um exame... Eu dou um espetáculo, cara. Minha biografia? Eu dou show de networking.

MATEUS ARAÚJO: Todos esses nomes a gente vai conhecer no próximo episódio.

THIAGO BRENNAND: Você diz que seu irmão se equivocou e não tinha nada disso, entendeu? Procura ser simples nas palavras para não dar muita carta para esse pessoal, entendeu? Eles não têm nada a ver com a sua vida privada. E pronto, acabou.

Continua após a publicidade

K.: Você promete nunca mais bater em mim?
THIAGO BRENNAND: Prometo. Dou minha palavra. Dou minha palavra. Na frente de quem quiser aí.
K.: Não, não quero que ninguém fique sabendo o que aconteceu, que você bateu em mim. Não quero que ninguém fique sabendo.
THIAGO BRENNAND: Não, mas eu quero, eu faço questão. Eu não quero sair daí com a coisa suja não.

MATEUS ARAÚJO: Eu sou Mateus Araújo e esse é "Brennand". A pesquisa e a reportagem do podcast foram feitas por mim e por Juliana Sayuri. O roteiro é de Clara Rellstab. Montagem é de Danilo Corrêa. Desenho de som de João Pedro Pinheiro. Trilha sonora de João Pedro Pinheiro com base na obra de Luiz Álvares Pinto. Trilhas adicionais do Epidemic Sound. O design é de Eric Fiori. Motion Design de Leonardo Henrique Rodrigues. Direção de arte de Gisele Pungan e René Cardillo. Coordenação de Juliana Carpanez, Ligia Carriel e Olivia Fraga.

O podcast é um produto do UOL Prime, que tem Diego Assis como gerente geral de reportagens especiais. O projeto também conta com Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes