De aluno exemplar a procurado por dívidas: a vida de Andreas von Richthofen
Do UOL, em São Paulo
13/01/2024 04h00
Andreas von Richthofen, 36, tinha apenas 15 anos quando seus pais, Marisia e Manfred foram assassinados. Depois de perder a família toda — incluindo a irmã, Suzane, condenada pelo crime — o adolescente ficou sob tutela da avó e do tio maternos e conseguiu seguir a vida, se tornando um aluno exemplar na USP.
Mas, duas décadas depois do crime, a vida do caçula é marcada pelo isolamento e por uma série de dívidas que ameaçam a herança deixada pelos pais. Depois da condenação da filha mais velha, ele se tornou o único beneficiário do espólio, avaliado em R$ 10 milhões à época.
Juventude brilhante
Professores de Andreas na faculdade o definiram como um aluno brilhante, competente e que não hesitava em ajudar os outros. Ele esteve no IQ-USP (Instituto de Química da Universidade de São Paulo) entre os anos de 2005 a 2015.
O irmão de Suzane tem graduação Farmácia e Bioquímica e doutorado em Química pela instituição. Nos anos em que passou pela pós-graduação, foi orientado diretamente pelo professor doutor Cláudio Di Vitta, do Departamento de Química Fundamental do IQ-USP.
Ele sempre foi uma pessoa excelente, afável, aluno exemplar. Não soube mais dele depois que terminou [o doutorado] e não me lembro qual foi a última vez que nos vimos."
Di Vitta, em conversa com o UOL, em 2017
Liliana Marzorati, professora doutora do departamento, definiu o rapaz como "extremamente competente" e "um dos alunos mais brilhantes que já passaram por aqui". Os dois trabalharam juntos em um laboratório do IQ-USP.
Os professores destacam que nunca conversaram sobre a vida pessoal — ou familiar — de Andreas. "Ele sempre evitou tocar nesse assunto. Imagino que seria doloroso para ele. Por uma questão de discrição, eu nunca conversei com ele sobre esse assunto, e outros colegas do laboratório também não", contou Marzorati.
Em seu trabalho acadêmico, ele nunca deixou de usar o sobrenome Richthofen.
Após faculdade: surto e internação em clínica
Andreas não manteve contato com seus professores após se formar, em 2015.
Dois anos depois, em maio de 2017, ele foi encontrado em estado de surto e apresentando sinais de uso de drogas, em uma ação de rotina da Polícia Militar de São Paulo. Com roupas e cabelos em mau estado, ele tentava pular o portão de uma residência na região de Santo Amaro, zona sul da capital.
No mesmo dia, Andreas foi internado em uma clínica psiquiátrica. Seu orientador afirmou não ser capaz de dizer como Andreas chegou ao estado em que foi encontrado pelos PMs.