Delegado: Advogada marcou encontro amoroso com médico um dia após mortes
Do UOL, em São Paulo
24/01/2024 21h26Atualizada em 25/01/2024 06h50
O delegado responsável pelo caso da suspeita de matar o pai e a avó de seu ex-namorado envenenados disse que a advogada marcou um encontro amoroso um dia após o crime em Goiás.
O que aconteceu
Suspeita se encontraria com um médico. Sem dar muitos detalhes, o delegado Carlos Alfama disse que as mortes de Leonardo Pereira Alves, 58, e Luzia Tereza Alves, 86, ocorreram no dia 17 de dezembro e, no dia seguinte, a advogada Amanda Partata, 31, marcou o encontro com o homem, já "começando um outro relacionamento amoroso". O homem que Amanda estaria conhecendo é médico, assim como Leonardo Pereira Alves Filho, ex-namorado dela e filho e neto, respectivamente, das vítimas. As declarações foram ao podcast "Na Cena do Crime", da TV Serra Dourada, afiliada do SBT.
Cinco ex-namorados da mulher relataram um comportamento semelhante. Segundo o delegado, Amanda forjava estar grávida dos ex-companheiros, mas nos outros casos, os homens diziam que só assumiriam a criança após teste de DNA. "Eles não eram tão bondosos a ponto de aceitar aquilo como verdade. Então, ela evoluiu a situação com a família que mais a acolheu".
Delegado acredita que advogada poderia fazer novas vítimas. Alfama citou que Amanda planejou que o caso do ex-sogro e da mãe dele fosse concluído como "morte natural" e apontou que, se essa fosse a conclusão, o número de mortos poderia ser maior. "Eu acredito que estamos diante de uma pessoa que se não estivesse sido presa nessa situação, ela teria feito isso novamente com outras famílias, várias pessoas de bem".
"É a pessoa mais cruel que eu já vi na minha vida, mesmo trabalhando com homicídios todos os dias", diz delegado. Para Alfama, Amanda acreditava "piamente" que a polícia não descobriria o crime que ela é suspeita de ter praticado. O delegado explicou, inclusive, que no dia do interrogatório da mulher, ela o confrontou após ser informada que era suspeita dos crimes.
Advogada é ré pelos crimes
A denúncia foi oferecida pelo MPGO (Ministério Público de Goiás) e aceita pela Justiça. A decisão deste mês foi proferida pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva. "A peça portal está embasada em dados empíricos, narrando acontecimentos que se amoldam, em tese, a homicídios consumados e tentados, oportunizando o exercício da ampla defesa e merecendo ser recebida", argumentou o magistrado.
O Tribunal de Justiça de Goiás também converteu a prisão temporária em preventiva. Com isso, Amanda Partata responderá ao processo presa. Ela está detida desde o dia 20 de dezembro.
Homicídios triplamente qualificados. Amanda foi denunciada por dois homicídios triplamente qualificados, com o emprego de meio insidioso (veneno), por motivo torpe (forma de vingança contra o ex-namorado) e também cometidos mediante dissimulação, já que a denunciada teria colocado substância química dentro de bolos de pote, segundo a polícia.
Ela também foi denunciada por tentativas de homicídio contra outras duas pessoas. A denúncia do MPGO diz que ela ofereceu os doces envenenados a outros familiares do ex-namorado. As mortes só não se concretizaram porque ambos recusaram o alimento.
Ainda corroboram a necessidade de se resguardar a ordem pública os registros criminais anteriores da denunciada, os quais sugerem personalidade voltada à prática de crimes e com emprego de dissimulação. Recorde-se que há relatos de que a
denunciada apresentava-se como advogada formada na Universidade de São Paulo e como psicóloga sem possuir formação própria.
Trecho de decisão do TJGO
O crime
Crime ocorreu no dia 17 de dezembro. Amanda Partata teria envenenado os familiares de seu ex-namorado por não aceitar o fim da relação. Ainda de acordo com os investigadores, ela mantinha contato com as vítimas porque fingia estar grávida do ex.
Polícia disse acreditar que ela cometeu o crime para afetar o ex-namorado. Em conversas com ele no WhatsApp, ela perguntou qual era o maior medo dele, e concluiu que era de perder a família.
Suspeita pareceu fria e não demonstrou arrependimento, disseram os policiais. Ela entrou com um pedido de soltura, mas a Justiça de Goiás negou. Em nota na ocasião, a defesa dela disse que só vai se manifestar nos autos do processo.