Análise: Uso de segurança como plataforma política destrói a PM de SP
Colaboração para o UOL, em São Paulo
30/04/2024 12h51
O uso da segurança pública como plataforma política está destruindo a Polícia Militar de São Paulo, sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), e não tem como dar certo, afirmou o professor da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani em entrevista ao UOL News nesta terça (30).
Não existe qualquer estudo científico que indique que o aumento da letalidade se correlaciona com redução de indicador criminal. Não existe ciência que mostre isso. A letalidade ajuda a eleger política que tem fala fácil sobre segurança pública.
As pessoas têm que estar atentas sobre até que ponto estão sendo manipuladas por um sistema que não está resolvendo seu dia a dia. Não resolveremos sem uma integração e sem usar a ciência e aquilo que dá certo, e não a ideologia.
Vemos em São Paulo um experimento de destruição de uma instituição chamada Polícia Militar por conta de um projeto de poder e de uma ideologia específicos, que quer utilizar segurança pública como plataforma política. Isso não tem como dar certo. Rafael Alcadipani, professor da FGV-SP e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Para Alcadipani, falta uma ação mais incisiva do Ministério Público para acompanhar as ações da PM e reduzir a letalidade policial.
Se o Brasil fosse um país sério, já teria acontecido há muito tempo uma intervenção na PM feita pelo Ministério Público. Precisamos de um MP mais atuante, que responsabilize não apenas o soldado na ponta da linha, como acontece hoje, mas também a cadeia de comando, o secretário de Segurança e o governador.
A letalidade policial é muito sensível ao comando da instituição, da secretaria de Segurança Pública e do governo do Estado. Houve a necessidade de uma intervenção no litoral [de São Paulo], mas ela teria que ser feita com organização e integração entre as duas polícias para evitar ao máximo a letalidade policial. Os números falam por si próprios. Rafael Alcadipani, professor da FGV-SP e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
O que aconteceu
Segundo dados oficiais da gestão de Tarcísio de Freitas, o número de pessoas mortas por PMs em São Paulo cresceu 138% em um ano. Foram 179 casos no primeiro trimestre de 2024, contra 75 no mesmo período do ano passado.
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.
Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.