Preso mentiu sobre sumiço de PM no Guarujá para proteger o PCC, diz polícia
Edivaldo Aragão, 36, que confessou ter participado no sequestro e desaparecimento do soldado da Polícia Militar Luca Romano Angerami, 21, em 14 de abril, no Guarujá, Baixada Santista, foi denunciado à Justiça por impedir e embaraçar investigações envolvendo a organização criminosa.
Segundo a Polícia Civil e o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Aragão mentiu às autoridades com a intenção de atrapalhar as investigações sobre o paradeiro do soldado e de proteger os verdadeiros envolvidos no sumiço do policial militar.
A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Edivaldo Aragão. O espaço permanece aberto para manifestações, e o texto será atualizado caso haja um posicionamento.
Aragão foi preso por PMs em 14 de abril, horas após Angerami ter sido visto pela última vez. Ele afirmou em depoimento à Polícia Civil que participou do sequestro da vítima. Acrescentou que o militar foi levado para São Vicente, onde acabou morto e teve seu corpo jogado da Ponte do Mar Pequeno.
As investigações apontaram que Aragão mentiu. Policiais civis traçaram o trajeto feito pela vítima e constataram, por meio de relatos de testemunhas e imagens de câmeras de segurança, que Angerami sequer saiu do Guarujá na noite do desaparecimento e, portanto, jamais foi levado para São Vicente.
Os agentes concluíram que Angerami foi até uma adega no Guarujá na noite de 13 de abril e lá ficou com amigos e uma irmã. O PM estava armado e foi alertado por conhecidos que traficantes de drogas descobriram que ele era policial.
Um relatório da Polícia Civil diz que o soldado ficou na adega até as 5h55 do dia 14. Depois, seguiu de carro até um ponto de venda de drogas e foi "rendido violentamente" nas imediações da esquina das ruas Magnólias e Violetas, no Guarujá.
Para a Polícia Civil, a mentira contada por Aragão, além de retardar as investigações do caso, tirou o foco de dezenas de policiais militares e civis e de mergulhadores que se deslocaram para São Vicente, onde concentraram os trabalhos na tentativa de encontrar o policial.
Facção criminosa é investigada
O promotor Daniel Santerini Caiado denunciou Aragão à Justiça pelo crime de impedir ou embaraçar investigações de infração penal que envolva organização criminosa. A juíza Denise Gomes Bezerra Mota, da 1ª Vara Criminal do Guarujá, aceitou a denúncia. Aragão tornou-se réu.
Agentes policiais que conversaram com a reportagem na condição de anonimato disseram que a organização criminosa que o preso quis proteger, mentindo no depoimento, é o PCC (Primeiro Comando da Capital). A facção é suspeita de ter ordenado o sequestro do militar.
A SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) informou que, até agora, oito suspeitos de envolvimento no desaparecimento do soldado foram presos. Segundo a pasta, oficialmente seis corpos já foram encontrados no Guarujá desde o começo das buscas pelo policial militar. Um outro corpo, ainda não contabilizado pela SSP, foi encontrado na noite de ontem (29), e a polícia investiga se é do PM.
O soldado desparecido é de uma família tradicional de policiais. O avô, Alberto Angerami, foi delegado-geral adjunto, presidente do Denatran e hoje está aposentado. Renzo Angerami, pai do policial militar, é investigador da Polícia Civil.
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