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'Só a cabeça de fora': ele nadou 5 h na enchente agarrado a saco de roupa

O ajudante geral ficou agarrado a saco de roupas por cinco horas. Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, Em São Paulo

23/05/2024 08h31

O ajudante geral Maicom ficou ilhado em um prédio em Alvorada (RS) logo no início das enchentes e nadou por cinco horas para se salvar agarrado a um saco de roupas.

O que aconteceu

Maicom perdeu o contato com a família por três dias. "Eu tentava falar com ele e não conseguia, todo mundo ficou ilhado, falei com todos os meus filhos, mas com ele não conseguia mais", diz a mãe de Maicom, Adriana da Cruz, 45, cozinheira e cuidadora de idosos.

Ele ficou ilhado em um prédio onde prestava serviços como ajudante geral e, após três dias sem comunicação, decidiu se arriscar na enchente. "Ele avisou a esposa que estava ilhado, ficou sem bateria e ninguém mais teve contato", diz Cruz.

O jovem foi resgatado no dia 7 de maio. "Minha filha mandou um vídeo e, no primeiro momento, achei que era ele ajudando no resgate, mas, na verdade, estava sendo salvo. Entrei em pânico, ele estava com a mochila de roupa do trabalho, nadou das 8h30 às 13h30, não tinha mais fôlego, estava quase se entregando", diz Adriana.

'Se pegasse um buraco não estaria mais aqui'

Karina Machado, 36, está tratando um câncer de mama, mas participa de resgates diariamente com seu esposo David Menezes, 37 Imagem: Arquivo Pessoal/Karina Machado

Foi um casal de voluntários quem encontrou Maicom boiando e agarrado a um saco. O empreiteiro de obras David Menezes, 37, e a esposa e sócia Karina Machado, 36, estavam ajudando nos resgates quando viram o homem. "Estávamos para resgatar um casal de idosos e animais. Foi quando pessoas em outro barco passaram e disseram que tinha um rapaz se afogando lá no canto", diz Menezes.

Chegamos lá e ele estava muito mal, se afogando, segurando-se em uma sacola que parecia de lixo, mas eram das suas roupas. Se ele pegasse um buraco acho que não estaria aqui para contar a história, estava só com a cabeça de fora
David Menezes

Resgate teve de ser com cuidado para evitar lesões. "Como não dava para subir no jet-ski, ele se segurou atrás e fomos até a ponte, levando-o com calma para não bater em alguma grade ou destroços perdidos", lembra Machado.

O empreiteiro de obras David Menezes e a esposa Karina Machado estão ajudando como voluntários em resgates no RS Imagem: Arquivo pessoal

Mulher enfrenta tratamento de câncer, mas decidiu ajudar. "Fomos um dos primeiros jets na água desde o primeiro dia. Eu nem poderia estar na água, pois estou em tratamento oncológico de um câncer de mama. Em um dos dias em que estava em resgate, teria de estar dentro no hospital fazendo meu tratamento", diz Karina.

Adriana, mãe de Maicon, diz que o rapaz está com a família se recuperando do trauma, mas fisicamente bem. "Foram momentos muito sofridos para ele, não quer reviver a lembrança." Maicom preferiu não dar entrevista.

*o sobrenome foi omitido a pedido da vítima

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