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Academia, aliança: como casal usava dinheiro de campanha de filho doente

Aline e Renato Openkoski arrecadaram mais de R$ 3 milhões em uma campanha para tratar doença do filho Jonatas Imagem: Reprodução / Facebook

Colaboração para o UOL

25/05/2024 04h00

Renato e Aline Openkoski, que arrecadaram mais de R$ 3 milhões em uma campanha para tratar a doença do filho em 2017, foram presos nesta semana. O casal de Joinville (SC) gastou parte do dinheiro arrecadado com uma viagem e compras de itens como celulares e até um carro. Eles foram condenados em 2022 por estelionato e apropriação de bens.

Como gastava o casal preso?

O UOL teve acesso à apelação criminal apresentada pelo MPSC (Ministério Público do Estado de Santa Catarina). Conforme relatado no documento, as apropriações de valores vindos da campanha em prol do menino Jonatas ocorreram entre março de 2017 e dezembro de 2017.

Celulares e peças automotivas. Em março daquele ano, o casal se apropriou indevidamente da quantia de R$ 4.396,00 para comprar dois aparelhos celulares da marca Motorola, no modelo Moto Z, sendo um para cada. No mesmo mês, Renato usou R$ 1.066,00 da campanha para comprar peças automotivas em uma loja de Joinville.

Com o passar dos meses, os gastos com o dinheiro arrecadado na campanha foram se somando — especialmente com a compra de artigos inusitados, como: uma carabina de pressão Hatsan, uma luneta, uma capa de tecido para luneta, um faqueiro, mensalidade de academia para o casal e também para outros parentes, roupas e sapatos, um skate, despesas em restaurantes e casas noturnas, produtos da marca Herbalife, uma mesa, um aparelho de som JBL e um fone de ouvido.

Entre os itens de maior valor está um carro KIA Sportage, avaliado em R$ 140 mil. Além disso, também foram gastos R$ 7.883,12 em uma viagem do casal a Fernando de Noronha, e adquiridos um iPhone de R$ 3.612,02 e um par de alianças no valor de R$ 3.581,50.

O que aconteceu

A Polícia Civil de Santa Catarina cumpriu os mandados de prisão de Renato e Aline Openkoski na quarta-feira (22). Os dois foram condenados a penas que, somadas, chegam a 70 anos de prisão em regime fechado pela prática dos crimes de estelionato e apropriação de bens.

Os dois eram responsáveis pela campanha denominada "AME Jonatas", que arrecadou cerca de R$ 3,6 milhões. Ação foi lançada em 2017 para ajudar o filho do casal. Jonatas tinha a doença degenerativa AME (Atrofia Muscular Espinhal). A criança morreu em 2022.

As doações seriam usadas para ajuda no tratamento da criança, diziam os pais. Eles comprariam um remédio chamado Spinraza, fabricado nos EUA. Cada dose custa R$ 367 mil. O garoto havia tomado as primeiras doses quando começaram as suspeitas sobre seus pais.

Caso começou a ser investigado após denúncias sobre a mudança no padrão de vida do casal. Inclusive com postagens de uma viagem à ilha de Fernando de Noronha, no Réveillon de 2017, levando o caso ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina).

Eles fugiram de Balneário Camboriú (SC), cidade onde residiam. "Após exaustivo trabalho de inteligência, investigação e campanas, eles foram localizados em Morro do Meio, em Joinville", disse a polícia, em nota. Ambos foram encaminhados ao sistema prisional catarinense.

O que diz a defesa? O advogado Emanuel Stopassola, que defende o casal, declarou ao UOL que "serão defendidos o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e todos os meios de prova e recursos inerentes".

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