'Até 20 h sem comer': voluntários levam marmitas veganas para abrigos no RS
"Força vegana" - essa é frase escrita nas embalagens de isopor das mais de 100 marmitas produzidas por dia no restaurante Acervo Café, no Rio Grande do Sul.
O estabelecimento, juntamente com o Libre restauranre e Padaria Brasil - que têm em comum opções veganas e vegetarianas - abraçaram a causa de produzir e doar esses alimentos a abrigos de animais, onde voluntários que não comem carne tinham dificuldade em se alimentar e por vezes passavam horas sem comer.
O que aconteceu?
Cafés e restaurantes se uniram para doar marmitas vegetarianas e veganas para quatro abrigos de animais no Rio Grande do Sul. Entre eles está o Xaumigos, em Pelotas, onde a pedagoga Sol Renata Andrade, 28, que é vegana, atua como voluntária e coordenadora.
Antes de começar a distribuição dessas marmitas, eu e o meu namorado, que estávamos na linha de frente dos resgates dos animais na rua, ficávamos até 20 horas sem comer, diz a voluntária Sol Renata Andrade, 28, pedagoga.
Emerson Madeira, 36, tradutor de libras, contou à reportagem que "comia apenas uma vez no dia". "Quando ganhava marmita com carne, comia só o arroz e o feijão. Passei alguns dias me alimentando mal ou até sem comer", diz
A voluntária Fernanda Ribeiro, 35, fisioterapeuta, ajuda no abrigo por seis horas por dia, no período noturno e afirma que não é comum ter opção para pessoas veganas ou vegetarianas. "Muitas vezes me alimento em casa porque as chances de ter opção vegetariana são raras. Fiquei contente com o carinho porque me tornei vegetariana pelo meu amor aos animais".
Localizado no Estádio Bento Freitas, o abrigo que Andrade ajuda só aceita cachorros e tem cerca de 56 animais. Os turnos de trabalho no local variam de 12h a 20h.
Força vegana
Sol diz que antes os voluntários costumavam levar lanches de casa, mas, "não era suficiente". "Normalmente, por dia, circulam cerca de 10 a 15 vegetarianos e veganos pelo abrigo", diz Sol Renata Andrade."
A voluntária conta que entre as comidas recebidas nos abrigos estão massas com proteína de soja, arroz com lentilha, creme de ervilha, grão-de-bico, hambúrgueres e bolos de chocolate. "Dá um super gás pra continuar fazendo as coisas e saber que estamos nos alimentando bem, saudável. Sem contar que acabou aproximando as pessoas nos abrigos, pois às vezes nem sabíamos que tinha mais pessoas veganas e que também estavam passando por essa situação", conta Andrade.
Comida afetiva e com menos risco de contaminação
O cardápio doado pelo Acervo Café conta com os cuidados de uma nutricionista. "Nesse momento de calamidade pública, a comida vegetal também se apresenta como mais segura e menos suscetível a contaminações por mau armazenamento. Nossa cozinheira é nutricionista e temos montado cardápios que levam em conta as necessidades nutricionais e também seja uma comida afetiva", diz Lunna Borin, 32, proprietária do espaço.
A nutricionista Marina Migliorin, 40, afirma que topou ceder o trabalho voluntariamente para ajudar no preparo de marmitas. "Não podia ajudar financeiramente, mas disse ao meu marido, que também ajudou a iniciar uma campanha de arrecadação de fundos para prepararmos mais alimentos", diz.
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