Voluntária da 1ª hora no RS, ela até 'esqueceu' câncer: 'Entrei na água'
Karina Machado, 36, que trabalha com o marido na empreiteira da família, não pensou duas vezes antes de entrar na água para ajudar, quando as enchentes no Rio Grande do Sul começaram.
Como ela, muitas outras pessoas correram para ajudar na região, mas Karina dividiu o esforço com um tratamento de câncer de mama. "Nosso jet-ski foi um dos primeiros a entrar na água no dia 1º de maio", diz ela, que mora em Porto Alegre.
'Estava dentro da água'
Karina foi diagnosticada com um câncer de mama em abril de 2023. Faz tratamento combinado —venoso e oral.
A cada 21 dias, faço aplicações venosas. No dia que era para eu fazer uma das sessões, eu estava no resgate. Estava dentro da água resgatando e nem sequer me lembrei.
Karina Machado
Ela só lembrou que perdeu a data do tratamento quatro dias depois. O esquecimento não afetou seu tratamento. "Retornei ao médico no fim de maio, pensei que teria de fazer doses de reforço, mas a médica resolveu seguir o tratamento normal." Karina segue com a ajuda voluntária oito horas por dia.
Salvamento e ajuda na limpeza
Karina e o marido, David Menezes, 37, ajudaram um homem que teve de nadar por 5 horas até encontrar o socorro do casal — o caso foi noticiado no UOL. O homem caiu nas águas apenas com uma sacola cheia de roupas e já estava quase se afogando quando Karina e David o avistaram.
Chegamos lá e ele estava muito mal, se afogando, segurando-se em uma sacola que parecia de lixo, mas eram das suas roupas. Se ele pegasse um buraco acho que não estaria aqui para contar a história, estava só com a cabeça de fora.
David Menezes
Agora, com as águas baixas, eles têm colaborado na limpeza de casas afetadas. Também fazem doação de suprimentos para famílias que passam por dificuldades.
Continuamos ajudando, mas em terra. Atendemos cerca de 50 famílias com cestas básicas, kit higiene e cobertas.
Karina Machado
Karina divide o tempo da ajuda com o cuidado com os três filhos, que também estão mobilizados. "Eles vão juntos comigo sempre. Nossa casa virou ponto de doação, a rotina de toda minha família mudou."
Desde o início da tragédia no Rio Grande do Sul, a ajuda voluntária nos resgates e doações tem sido essencial. Nos primeiros dias, quando a mobilização oficial ainda não havia chegado, resgates foram feitos por equipes voluntárias que se lançaram nas águas para ajudar.