Mãe de Isabella Nardoni critica 'saidinhas' do pai; relembre o caso
Colaboração para o UOL
23/12/2024 11h12
Ana Carolina Oliveira concedeu uma entrevista ao jornalista Valmir Salaro, colunista do UOL, sobre a morte da filha, Isabella Nardoni, em 2008. Durante a conversa, ela criticou saídas temporárias do casal condenado pela morte da criança e defendeu mudanças legislativas.
O que aconteceu
Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, concedeu uma entrevista ao UOL na qual relembrou o crime que tirou a vida de sua filha em 2008. Ana Carolina, que hoje é vereadora em São Paulo, destacou que, apesar de já ter se habituado ao benefício das "saidinhas" concedidas ao pai e à madrasta da menina, jamais concordará com essa prática. Segundo ela, "a vítima não é só quem se foi, mas também quem ficou".
Na conversa, mediada pelo jornalista Valmir Salaro, Ana Carolina expressou sua dor ao saber que Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha, poderá passar as festas de fim de ano no Guarujá, beneficiado pelo regime aberto. No dia 5 de dezembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo autorizou Alexandre Nardoni, condenado a 30 anos de prisão pela morte da filha, a passar o fim do ano com a família no Guarujá, litoral de São Paulo.
Relembre o caso
Em 29 de março de 2008, Isabella Nardoni, de 5 anos, foi encontrada no jardim do Edifício London, na Zona Norte de São Paulo, após cair do sexto andar. A menina estava sob os cuidados do pai, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá, no momento da queda.
Inicialmente, Alexandre afirmou que o apartamento havia sido invadido, mas a perícia apontou sinais de que Isabella foi agredida, asfixiada e, em seguida, arremessada pela janela. Marcas de sangue foram encontradas no carro e no apartamento, além de indícios de que a tela de proteção da janela foi cortada de dentro para fora.
A investigação concluiu que o crime ocorreu após uma discussão entre Alexandre e Anna Carolina. Isabella teria sido agredida e, depois, sufocada pela madrasta. O pai, por sua vez, teria arremessado a criança para encobrir os atos.
Laudos periciais apontaram que Isabella lutou contra as agressões, com fragmentos de pele encontrados sob suas unhas. O caso teve grande repercussão nacional, e a versão de defesa apresentada pelo casal foi desmentida pelas evidências.
Em março de 2010, Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão, enquanto Anna Carolina Jatobá recebeu pena de 26 anos e 8 meses. Ambos foram considerados culpados por homicídio triplamente qualificado, devido ao motivo torpe, ao meio cruel e ao recurso que dificultou a defesa da vítima.
Progressão de regime
Após anos de cumprimento de pena, Alexandre e Anna Carolina começaram a progredir de regime, obtendo benefícios previstos na legislação penal brasileira. Em 2019, Alexandre foi transferido para o regime semiaberto, que permite ao condenado trabalhar fora da prisão durante o dia, retornando à noite. No semiaberto, ele também passou a ter direito às chamadas saídas temporárias, ou "saidinhas", em datas específicas como Natal, Páscoa e Dia das Mães.
Essas saídas, que geralmente duram até sete dias, foram objeto de grande polêmica. Em 2024, Alexandre teve sua "saidinha" reduzida após já ter utilizado o benefício em caráter emergencial para comparecer ao velório de sua mãe.
Em maio deste ano, Alexandre progrediu para o regime aberto, no qual pode cumprir o restante da pena fora da prisão. Sob esse regime, o condenado deve seguir uma série de condições, como residir em local fixado pela Justiça, estar em casa à noite e não deixar a cidade de residência sem autorização judicial. Ele deixou o presídio de Tremembé na manhã do dia 6 de maio.
A Justiça considerou que Alexandre preenchia os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela lei para a obtenção do benefício. Decisão diz ainda que Nardoni teve parecer favorável na avaliação feita, além de não registrar faltas disciplinares durante o cumprimento da pena. Ministério Público declarou que entraria com recurso para impedir a soltura.
Anna Carolina Jatobá deixou o presídio feminino de Tremembé no dia 20 de junho de 2023. A Justiça de São Paulo também concedeu a progressão para o regime aberto. Ela cumpria pena há 15 anos. Ela havia sido condenada a 26 anos de prisão pela morte de Isabella.
Madrasta de Isabella, ela sempre negou o crime. Atualmente mora em um apartamento da família do sogro, na capital, mas é obrigada a cumprir as exigências do regime, como se recolher em seu endereço à noite e informar qualquer alteração relevante em sua rotina. Ela já estava no semiaberto, com direito a saídas temporárias, desde 2017.