Conteúdo publicado há 6 meses

Dona de clínica onde homem morreu após peeling oferecia curso a R$ 5.000

A influenciadora Natália Becker, investigada pela morte de um cliente após aplicação de peeling de fenol, também usava as redes sociais para anunciar um curso que qualificaria seguidoras para fazer tratamentos em outras pessoas.

O que aconteceu

Tratamento batizado de "mellan-peel" era indicado para "melasmas, olheiras e sardas". Na descrição do curso, Natália afirmava que desenvolveu o método por conta própria. As informações constam em publicações nas redes sociais de Natália e em um grupo no WhatsApp.

Seguidora que quisesse fazer curso precisaria pagar R$ 4.990. O pagamento poderia ser feito em até 12 vezes com juros.

A página para se inscrever no curso continuava ativa na manhã desta terça-feira (11). A página de Instagram de Natália foi retirada do ar, mas as publicações do Facebook dela continuavam a detalhar o que era o sistema "mellan-peel". Nos textos, ela explicava que a técnica usava "despigmentantes à base de ácido".

Natália ressaltava que seguidoras não precisavam de formação acadêmica para aprender técnica. Em grupo no WhatsApp, influenciadora afirmava que "qualquer pessoa pode começar do zero e fazer o primeiro atendimento em oito dias".

Curso tinha "vagas limitadas". Nas publicações, ela afirmava que somente 100 vagas para o curso seriam abertas e que as primeiras seguidoras que se inscrevessem ganhariam materiais em casa para "recuperar o valor investido".

Curso foi anunciado antes da morte de Henrique Silva Chagas, informou defesa. Ao UOL, a advogada de Natália, Tatiane Fortes, afirmou que neste momento, Natália parou todas as atividades. A defesa também informou que segue aguardando o laudo médico sobre o caso.

[O mellan-peel] Consiste em aplicar ativos despigmentantes à base de ácidos com ação de descamar, clareando a pele com melasma e inibindo a produção de melanina, prevenindo o surgimento de novas manchas.
Natália Becker, em publicação no Facebook

Melasma é considerado uma doença crônica. Ao UOL, a dermatologista Luiza Amaral explicou que a doença é ligada à produção aumentada da melanina, proteína que dá cor à pele. Ela pode ter causas genéticas, metabólicas, pela exposição solar ou até mesmo por manifestações hormonais.

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Tratamentos "milagrosos" para melasma devem levantar desconfiança, alerta médica. A dermatologista explicou que a doença deve ser tratada com cautela e por profissionais qualificados, já que tratamentos agressivos podem causar um "efeito rebote", com piora da situação do paciente.

Pesquisa recente sinaliza possível cura do melasma. Um estudo publicado neste ano por pesquisadores dos Estados Unidos, Israel e Brasil no Jornal Americano de Dermatologia acompanhou pacientes que fizeram peelings químicos com a doença por 17 anos e apontou indícios de que os procedimentos, que só podem ser ministrados por médicos, foram efetivos.

É possível fazer o controle do melasma, mas quem vende resultados milagrosos, quem vende a cura do melasma, já tem um viés mais mercadológico por trás.
Luiza Amaral, médica dermatologista formada pela Universidade Federal de São Paulo

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