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Mãe e irmão de Djidja são indiciados por tráfico, tortura e mais 12 crimes

Cleusimar (meio) e Ademar (à dir.) são suspeitos de criar uma seita que promovia o uso de cetamina Imagem: Reprodução/Redes sociais

Do UOL, em São Paulo

20/06/2024 16h35

A mãe e o irmão de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, foram indiciados por tráfico de drogas, tortura e mais 12 crimes. Cleusimar e Ademar Cardoso são suspeitos de criar e integrar uma seita religiosa que promovia o uso do anestésico cetamina de forma recreativa. Djidja foi encontrada morta em casa, em Manaus, no final de maio.

O que aconteceu

Polícia do Amazonas concluiu o inquérito que investigava a seita. O grupo atuava com o objetivo de induzir funcionários de uma rede de salões de beleza a consumir substâncias de uso veterinário, como cetamina e potenay. Cleusimar, Ademar, Djidja e outras quatro pessoas promoviam a "realização de cultos religiosos com a utilização de entorpecentes", explicou o delegado Cícero Túlio nesta quinta-feira (20).

Grupo queria abrir clínica veterinária para ter acesso a remédios. Além da mãe e do irmão de Djidja, também foram citados seu ex-namorado, Bruno Rodrigues, e mais oito pessoas, totalizando 11 indiciados. O UOL ainda busca contato com a defesa de todos os envolvidos, e o espaço segue aberto para manifestação.

Djidja foi vítima de tortura praticada por sua própria mãe, Cleusimar. A ex-sinhazinha morreu em 28 de maio por depressão cardiorrespiratória decorrente das torturas — registradas, inclusive, em vídeos feitos pela própria agressora, ainda de acordo com a Polícia Civil.

Mãe, irmão e ex-namorado de Djidja já estão presos. Além deles, também foram detidos funcionários do salão de beleza da família, o ex-personal trainer da família e dois empregados de uma clínica veterinária suspeita de fornecer a cetamina para a seita. Nesta semana, a Polícia Civil pediu para converter a prisão temporária de Bruno Rodrigues em preventiva, "com base nas provas coletadas em seu aparelho celular que indicam a participação do indiciado também na gestão da seita criminosa".

Grupo vai responder por 14 crimes, ao todo. São eles:

  • tráfico de drogas;
  • associação para o tráfico;
  • perigo para a vida ou saúde de outrem;
  • falsificação, adulteração ou corrupção de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais;
  • aborto provocado sem consentimento da vítima;
  • estupro de vulnerável;
  • charlatanismo;
  • curandeirismo;
  • sequestro e cárcere privado;
  • constrangimento ilegal;
  • favorecimento pessoal;
  • favorecimento real;
  • exercício ilegal da medicina;
  • tortura com resultado morte.

Relembre o caso

Djidja foi encontrada morta em casa, em Manaus, no final de maio. Na ocasião, a família da ex-sinhazinha já era investigada por liderar um grupo religioso que forçava seguidores a usar cetamina para "transcender a outra dimensão e alcançar um plano superior e a salvação", segundo a polícia.

Grupo fazia 'rituais com o uso indiscriminado de cetamina'. As investigações apontaram que algumas das vítimas sofreram violência sexual e aborto. A seita funcionava há pelo menos dois anos no bairro Cidade Nova, em Manaus.

Defesa também nega a existência de uma seita religiosa. "Não existe esse negócio de ritual e de que funcionários e amigos eram obrigados ou coagidos a usar a droga. Não existia isso. Eles ofereciam sob efeito de drogas, com aquele argumento, com aquela alegação da transcendência da evolução espiritual", argumentou a advogada Lidiane Roque, que representa a família Cardoso.

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