Ameaça do PCC a Lessa em prisão com baixo efetivo pressiona governo de SP
A segurança da Penitenciária 1 de Tremembé (SP) está sob ameaça após o suposto plano do PCC para matar o ex-PM Ronnie Lessa, revelado em denúncia encaminhada ao STF pelo Sifuspesp, o sindicato dos policiais penais. A situação é agravada pelo baixo efetivo de agentes na unidade, que tem apenas 1/4 do número ideal de servidores, de acordo com recomendação da ONU.
O que aconteceu
Para atingir índice ideal, unidade precisaria contar com reforço de mais de 300 outros policiais penais. Hoje, a Penitenciária Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, a P1 de Tremembé, tem apenas 80 agentes para um efetivo de 1.915 presos —média de um servidor para cada 24 internos. O ideal, segundo recomendação da ONU, é de um policial penal para cada cinco presos.
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Com pouco mais de 20 mil agentes, déficit de efetivo nas unidades prisionais do Estado é de mais de 7.900 servidores, o maior nos últimos dez anos. Índice faz parte de levantamento do sindicato da categoria. Questionada pelo UOL sobre o baixo efetivo de policiais penais, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) disse que será realizado um concurso para a contratação de 1.100 policiais penais.
SAP diz que houve reforço na segurança do presídio após ameaças ao assassino confesso da vereadora Marielle Franco e ao motorista Anderson Gomes. Em nota, a pasta disse que há abertura e fechamento de porta de cela, "minimizando contato entre pessoas presas e policiais penais".
Lessa está em área isolada do presídio. Inaugurada em novembro de 1990, a P1 de Tremembé é uma penitenciária de segurança máxima com 38.490 metros quadrados.
Mais efetivo e treinamento a agentes
Presídios precisam de mais efetivo e de reforço em preparação aos policiais penais, dizem especialistas consultados pelo UOL. Segundo eles, a violência dentro do sistema prisional tem se intensificado após um racha interno dentro do PCC.
Eles citam o assassinato que teria sido encomendado pelo PCC de dupla suspeita de tramar o sequestro de Sérgio Moro. Câmeras de segurança da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) filmaram os assassinatos de Janeferson Aparecido Mariano Gomes e Reginaldo Oliveira de Sousa, mortos há uma semana.
O número de presos tem aumentado e o crime organizado tem ficado cada vez mais forte. O PCC está desafiando o Estado e criando regras próprias. É preciso ter policiais penais capacitados e estruturados para enfrentar a facção que nasceu, cresceu e vive dentro do sistema prisional.
Ivana David, desembargadora do TJ-SP e especialista em investigações sobre o crime organizado
Os presos começaram a perceber que estamos em menor número e estão indo para o enfrentamento. O caldeirão está borbulhando. Com baixo efetivo, como vamos evitar mais mortes? Hoje, não temos controle nenhum nas cadeias.
Fábio Jabá, presidente do sindicato dos policiais penais de SP