Câmeras registraram mortes de presos acusados de tramar sequestro de Moro
Câmeras de segurança da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) filmaram os assassinatos dos presos Janeferson Aparecido Mariano Gomes, 48, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, 48, o Rê, mortos no início da tarde ontem no Pavilhão 1 da unidade, durante o banho de sol.
As vítimas eram acusadas de planejar os sequestros do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente (SP), e, segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), foram assassinadas a mando do PCC (Primeiro comando da Capital).
Os presos Luís Fernando Baron Versalli, 53, Ronaldo Arquimedes Marinho, 53, Jaime Paulino de Oliveira, 46, e Elidan Silva Ceu, 45, foram indiciados por suspeita de envolvimento no duplo homicídio.
Os nomes dos três primeiros suspeitos foram divulgados em primeira mão pela coluna. Os quatro foram interrogados, mas não esclareceram nada sobre os fatos.
A Polícia Civil apreendeu dois vídeos com imagens das câmeras de segurança da unidade. Um deles mostra Jaime, Luís, Ronaldo e Elidan entrando com a vítima Rê em um banheiro no pátio do banho de sol, usado antigamente como barbearia.
O segundo vídeo registra a movimentação de Jaime, Luís Ronaldo e Elidan no pátio do banho de sol perseguindo e atacando Nefo. Investigadores apuraram que Elidan ainda se posicionou perto de uma grade chamada de "gaiola", para impedir que Nefo chegasse até o local e pedisse socorro aos agentes penitenciários.
Peritos foram mobilizados ao presídio e constataram que Rê e Nefo foram mortos com golpes de canivete e um punhal artesanal. A primeira vítima foi atingida diversas vezes na cabeça, pescoço e abdômen. A segunda sofreu ferimentos no pescoço e abdômen.
O MP-SP acredita que Nefo e Rê foram mortos a mando da cúpula do PCC. As suspeitas são de que ambos falaram demais e não cumpriam a missão de sequestrar Sérgio Moro para usá-lo como moeda de troca na libertação dos líderes do PCC recolhidos na Penitenciária Federal de Brasília.
Já havia matado outro preso
A reportagem apurou que Luís Versalli tem condenação de 69 anos e seis meses por latrocínio (roubo seguido de morte) e homicídios. Em setembro de 2003, ele foi acusado de matar outro preso, Joseilton Félix, de 29 anos, na cela 317 da Penitenciária de Iaras (SP) e pegou uma pena de 16 anos.
O prisioneiro Ronaldo Marinho tem pena total de 39 anos e 11 meses pelos crimes de homicídio, roubos e furtos. Em outubro de 2020, ele ganhou de André Oliveira Macedo, o André do Rap, uma TV, quando o narcotraficante ligado ao PCC deixou a P2 de Venceslau beneficiado por habeas corpus.
Já Jaime Paulino Oliveira foi condenado a 36 anos e quatro meses por homicídios registrados nas cidades de Araraquara e Campinas, no interior paulista. Oliveira, Marinho e Versalli foram isolados em pavilhão disciplinar e responderão pelo duplo homicídio.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos quatro indiciados. O texto será atualizado caso haja manifestação dos defensores deles.
Célula terrorista do PCC
Nefo e Rê foram presos em março do ano passado pela PF durante a Operação Sequaz, deflagrada para desarticular a célula terrorista da facção criminosa. Outras sete pessoas acusados de pertencer ao bando também foram detidas.
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Quero receberEm maio do ano passado, a juíza Sandra Regina Soares, da 9ª Vara Federal de Curitiba, aceitou denúncia contra 13 acusados. Oito deles viraram réus pelos crimes de organização criminosa e extorsão mediante sequestro. Um deles era Nefo.
Os outros são Claudinei Gomes Carias, o Nei, homem de confiança de Nefo: os irmãos Herick da Silva Soares, Sonata, e Franklin da Silva Correa, o Frank; Aline de Lima Paixão, companheira de Nefo; Aline Ardnt Ferri: Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui e Hemilly Adriane Mathias Abrantes.
Já os réus Patrik Velinton Salomão, o Forjado; Valter Lima do Nascimento, o Guinho; Rê; Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, o El Sid, e Oscalina Lima Graciotte, foram denunciados por organização criminosa.
Todos os réus foram investigados durante a Operação Sequaz. Forjado, apontado pelo MP-SP como integrante da cúpula do PCC, e El Sid, solto em setembro de 2022, mesmo tendo contra ele um mandado de prisão por homicídio, não foram encontrados pelos agentes federais.
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