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PMMA: influenciadora já havia feito procedimentos com dona da clínica

Aline Ferreira, influenciadora que morreu após aplicação de produto para aumentar glúteos Imagem: Reprodução/Instagram

Jéssica Nascimento

Colaboração para UOL, em Brasília

05/07/2024 09h01

A influenciadora Aline Ferreira, 33, morreu nesta terça-feira (2) devido a complicações decorrentes de um procedimento estético nos glúteos. Sua tia materna, Elisângela Maria Lima, 50, contou ao UOL que Aline já havia realizado outras intervenções com a suposta biomédica Grazielly Barbosa, presa nesta quinta-feira (4), em Goiânia. Segundo Elisângela, a sobrinha fez preenchimentos no nariz, rosto, olhos e boca.

O que aconteceu

Sonho de ser modelo. Elisângela diz que era a segunda mãe de Aline e conta que a sobrinha sempre foi bonita e vaidosa. Tinha o sonho de trabalhar como modelo e digital influencer e já estava colhendo os frutos da profissão.

"Perda muito grande". "Ela sempre foi muito carinhosa e amorosa com os amigos. Sempre esteve rodeada de pessoas, todos gostavam dela e de estar ao seu lado. Ela fazia tudo com o esposo e os filhos, como viagens e festinhas em família. Era muito apegada à minha mãe, que tem 86 anos. Para nós, foi uma perda muito grande. Ainda não caiu a ficha, ela estava no auge", lamenta a tia. Aline morava no Distrito Federal e deixou dois filhos, de 13 e 19 anos.

Aline acreditava em Grazielly, diz tia. Grazielly Barbosa, dona da clínica Ame-se, não tem formação na área da saúde. A mulher cursou apenas até o terceiro período de medicina em uma faculdade no Paraguai, segundo a Polícia Civil de Goiás. Além disso, o local operava sem alvará sanitário. A influenciadora digital não sabia dessas informações, segundo Elisângela, que trabalha como agente de Vigilância Ambiental em Saúde Materna.

A confiança que ela tinha na Grazi era muito grande, tanto que não pesquisou mais a fundo sobre a formação dela. A Grazi disse a ela que já tinha aplicado o PMMA antes e que era algo simples. Ela foi para a clínica no dia 23 de junho, fez a aplicação e voltou para casa no mesmo dia. Elisângela Maria Lima, tia de Aline

Elisângela Maria Lima e a sobrinha, Aline Ferreira Imagem: Arquivo pessoal

Tia lembra de ter aconselhado a sobrinha a não fazer procedimentos estéticos. Elisângela tinha medo dos riscos, mas era sempre tranquilizada por Aline.

Ela não tinha problema de saúde algum. A gente se dava muito bem e conversava muito. Eu sempre aconselhei a Aline a tomar cuidado, porque realmente ela não precisava desses procedimentos. Mas, como já conhecia a Grazi e já tinha feito outros procedimentos com ela, confiou que não seria algo tão agressivo. A Grazi disse que era uma coisa simples, que não precisava se preocupar, pois era rápido. Aline, infelizmente, acreditou. Elisângela Maria Lima, tia de Aline

Depois do procedimento

Aline, segundo a tia, começou a ter febre no dia seguinte após a aplicação. A digital influencer ligou para a Grazielly, que indicou uma medicação que não surtiu efeito. A falsa biomédica teria dito que a febre "era normal".

Fortes dores e desmaio. No dia 26, Aline sentiu fortes dores no abdômen e, no dia seguinte, procurou um hospital particular. Ela foi medicada e voltou para casa, mas desmaiou. A família levou a digital influencer para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde ela ficou internada por um dia.

Quando a Aline deu entrada no Hran, a Grazi pediu que não mencionássemos que ela tinha aplicado PMMA. Isso foi muito complicado porque minha sobrinha fez vários exames que detectaram uma infecção urinária. A Grazi estava presente e disse: 'Olha, está vendo como não tem nada a ver com o procedimento? Isso deve ser algo do seu organismo'. No entanto, a infecção já era causada pelo produto que estava no corpo dela. Elisângela Maria Lima, tia de Aline

Estado de saúde piorou. Ainda no Hran, o estado de saúde de Aline piorou e ela precisou ser sedada, intubada e transferida para a UTI de um hospital particular. Antes do procedimento, Elisângela conseguiu ver a sobrinha.

Quando cheguei lá, ela ainda estava consciente, pois a sedação era leve. Ela respondia segurando nossa mão com força. Nunca vou esquecer isso. Quando eu e meu esposo chegamos, o marido dela já estava lá. Ela segurava minha mão com tanta força que não soltava. Eu sabia que ela estava me ouvindo e que sabia que estávamos lá com ela, orando e suplicando a Deus. Ela sentia nosso apoio. Elisângela Maria Lima, tia de Aline

Transferência e óbito. No sábado (29), a jovem foi transferida para um hospital particular da Asa Sul. Três dias depois, Aline não resistiu e morreu.

Família pede justiça

Família quer que falsa biomédica seja responsabilizada. "Hoje, estamos clamando por justiça. Queremos que isso não aconteça com mais ninguém, que essa falsa biomédica seja detida. O que aconteceu com a Aline não pode se repetir. Esperamos que ela permaneça presa como consequência. Isso não trará a Aline de volta, mas pelo menos nosso coração estará mais tranquilo. Tudo o que pedimos é que ela seja responsabilizada", reforça Elisângela.

Tia diz que família está em choque. A tia conta que a mãe da jovem e o marido, com quem Aline estava casada desde 2021, estão em choque.

Eu sei que é um momento difícil para todos nós, mas creio que Deus fez o melhor. Se a Línea estivesse viva, não sei se suportaria, pois o produto já estava completamente no corpo dela. Às vezes, queremos que a pessoa esteja ao nosso lado, mas Deus é maravilhoso ao nos poupar do sofrimento. Acredito que ela está em um lugar melhor, sabendo que estivemos ao seu lado até o fim. Agora, precisamos ver como seguir em frente. Elisângela Maria Lima, tia de Aline

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