Fóssil de dinossauro quase completo é encontrado no RS após chuvas
Pesquisadores encontraram no município de São João do Polêsine, interior do Rio Grande do Sul, um fóssil quase completo de um dinossauro que teria vivido há 233 milhões de anos.
O que aconteceu
Os ossos foram expostos após as fortes chuvas que atingiram o estado em maio. "O excesso de chuvas acelerou os processos erosivos nos sítios fossilíferos, fazendo com que novos fósseis surgissem em meio às rochas", explicou ao UOL o paleontólogo Rodrigo Temp Müller, da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria).
O fóssil foi encontrado no fim de maio, mas a constatação de que se tratava de um dinossauro só veio no início de junho. A análise laboratorial mostrou que os ossos são de um dinossauro carnívoro do grupo Herrerasauridae (conhecido no Brasil e na Argentina).
A descoberta é a segunda mais completa do mundo em relação aos herrerassaurídeos, um dos grupos mais antigos de dinossauros. "É importante porque ele está entre os mais antigos e também está no topo da cadeia, é um predador. E ele está com um grau de preservação ótimo. Então, ele traz muita informação nova sobre a anatomia desses animais", observou Müller. Ele liderou a equipe de paleontólogos do Cappa (Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia).
Essas primeiras análises indicaram que o dinossauro alcançou em torno de 2,5 metros de comprimento. Os pesquisadores tentarão descobrir nos próximos meses se a espécie do fóssil é conhecida ou seria um novo dinossauro.
O paleontólogo ainda explica que a região central do Rio Grande do Sul é importante para a descoberta de fósseis do período Triássico (251 a 100 milhões de anos). Os pesquisadores também encontraram fósseis menores e mais fragmentados em outros municípios da região após as chuvas.
Como funciona
Esses fósseis estão sendo encontrados em meio a um esforço da equipe do Cappa para monitorar a região após as chuvas. "O mesmo processo de erosão que revela os novos fósseis, também acaba por destruí-los caso não sejam resgatados a tempo. Os fósseis de menor tamanho são os mais prejudicados, muitas vezes podendo ser revelados e destruídos durante um único episódio de chuvas", explica Rodrigo Temp Müller.
O trabalho começa com os paleontólogos indo até sítios fossilíferos em busca de material. Quando algo é encontrado, eles iniciam a escavação para extrair o pedaço da rocha com todo o fóssil dentro dela.
Então, a rocha com o fóssil é revestida por uma camada de gesso para não ser danificada durante o transporte. Já no laboratório, os pesquisadores tentam separar o fóssil da rocha e aplicam resina para deixar as peças mais resistentes.