Quem era o empresário encontrado morto em garagem de casa em São Paulo
O empresário Carlos Alberto Felice, 77, foi encontrado morto com sinais de violência dentro da garagem de sua casa no bairro Jardim Europa, zona oeste de São Paulo, no dia 16 de julho.
Quem era Carlos Alberto
Carlos Alberto Felice era viúvo e não tinha filhos. A esposa dele morreu há três anos. As pessoas mais próximas eram um sobrinho e a irmã. Foi o sobrinho, inclusive, que ligou para a Polícia Militar após não conseguir contato com o tio.
A vítima morava sozinha e não tinha funcionários na casa. Carlos gostava de frequentar a igreja e levava uma vida modesta. O imóvel onde ocorreu o crime não tinha sistema de vigilância com câmeras de segurança.
Caminhadas em uma praça ao lado de sua casa eram parte da rotina de Carlos. Vizinhos e comerciantes da região dizem que ele sempre foi muito cordial, educado e gentil.
Segundo a polícia, Carlos passava por dificuldades financeiras nos últimos anos. A situação teria piorado após a morte da sua esposa e do seu pai. Imóvel onde ele foi morto tinha dívida de mais de R$ 1 milhão em IPTU.
Carlos e a irmã herdaram cinco imóveis. O UOL apurou que eles tinham dois apartamentos no bairro Vila Madalena, que valiam cada cerca de R$ 146 mil em 2016, um na Bela Vista, de R$ 579 mil, e uma sala comercial no Jardim América, de cerca de R$ 400 mil. Carlos também herdou da mãe a casa onde aconteceu o crime, no bairro Jardim Europa, que havia sido vendida por R$ 4,5 milhões em 2023.
Empresário recebeu sinal pela venda da casa
Carlos Alberto Felice recebeu R$ 350 mil como um sinal pela venda. Ele usou o dinheiro para quitar dívidas, segundo o delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). "Ele tinha que regularizar o inventário da casa", afirmou.
Polícia descartou hipótese de que idoso teria uma grande quantia de dinheiro em casa. Ao UOL, o delegado explicou que ainda não sabe o valor em espécie que Carlos guardava, mas que se tivesse, seria algo em torno de R$ 10 mil e R$ 20 mil.
Ainda não há um suspeito do crime. Polícia ouviu oito pessoas, incluindo dois sobrinhos e um amigo de Carlos, de 85 anos, além de um advogado do comprador da casa e o advogado da vítima. "Ainda não temos nada de concreto [sobre suspeitos], temos o contrato da venda e estamos ouvindo as testemunhas", acrescentou o delegado.
Encanador que prestava serviço para o empresário também prestou depoimento. Segundo o delegado, o homem foi ouvido na condição de testemunha e não de suspeito.
Uma das hipóteses do delegado é que crime foi cometido após boato. Fábio Pinheiro detalhou que o criminoso ou os criminosos souberam que a vítima havia vendido o imóvel e imaginaram que ele estava com dinheiro em casa. "A motivação deve ter sido o fato dele ter vendido a casa dele e chegou a informação para os criminosos que ele guardava uma quantia grande de dinheiro", disse.
Empresário foi morto a pauladas
Carlos Alberto Felice foi morto a pauladas, segundo investigação inicial da Polícia Civil de São Paulo.
Policiais encontraram um pedaço de madeira com manchas de sangue ao lado do corpo. Caso é investigado como latrocínio, roubo seguido de morte.
A polícia acredita que o idoso morreu no dia 12 de julho, último dia em que foi visto com vida. As informações foram reveladas pelo delegado Fábio Pinheiro Lopes ao programa Brasil Urgente.
O veículo do empresário não foi encontrado na casa dele, que foi toda revirada. "A casa foi todinha revirada, só que os policiais não conseguem ainda determinar o que ele tinha dentro da casa", afirmou o delegado.
Testemunhas contaram à polícia que idoso levava vida modesta e que não tinha funcionários. "Ele era uma pessoa que vivia com bastante simplicidade, não tinha nem empregados para ajudar nos seus afazeres diários. As investigações estão começando, mas pelo jeito que aconteceu a polícia vai chegar logo nos autores", garantiu Fábio Pinheiro.
Idoso pode ter sido torturado. Ele foi encontrado com mãos e pés amarrados por um fio elétrico. Pela experiência em casos semelhantes, o delegado acredita que a vítima pode ter sido torturada para falar onde estariam possíveis bens materiais. "Mas tudo que a gente falar agora ainda é muito prematuro", disse.
Relembre o caso
O empresário foi encontrado morto com ferimento na cabeça às 20h21 em sua casa na rua Prudente Correia. Inicialmente, o sobrinho afirmou que R$ 3,5 milhões foram levados da casa.
O corpo estava amarrado na garagem e foi achado pelo sobrinho da vítima. O sobrinho de Felice contou à polícia que chegou à casa por volta das 20h15 e não notou sinais de arrombamento ou de crime patrimonial. Ele acrescentou que chamou pelo tio várias vezes e, como o empresário não atendeu, telefonou para a Polícia Militar.
No local foi encontrado um pedaço de madeira com manchas de sangue na extremidade. O material foi apreendido para perícia. Segundo declarações do sobrinho, um amigo da vítima disse à mãe dele, irmã de Felice, que o tio não havia ido à igreja na semana passada e que ao tentar falar com ele, por telefone, não teve retorno.
Enquanto esteve na casa do tio ontem à noite - acrescentou o sobrinho - um homem se aproximou, sem se identificar, e disse que era amigo de Felice. O desconhecido teria informado ainda que a vítima teria vendido a casa e estaria com um "bom dinheiro lá dentro".
Felice- acrescentou o sobrinho - era viúvo havia três anos e não tinha filhos. A polícia apurou que ele estava endividado e possuía um automóvel Hyundai. O veículo não estava na garagem da casa. Um vigia da rua revelou aos policiais que Felice saiu com o carro quinta-feira (11) e retornou com ele.