Polícia prende suspeito de envolvimento na morte de empresário em SP
A polícia prendeu nesta quarta-feira (24) um suspeito de envolvimento no assassinato do empresário Carlos Alberto Felice, 77, encontrado morto no bairro Jardim Europa, zona oeste de São Paulo.
O que aconteceu
Suspeito é um ajudante de obra que trabalhava perto da casa do empresário. O homem prestou depoimento na Disccpat (1ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Roubos e Latrocínios da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio) do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).
Deic representou pela prisão temporária à Justiça. A informação é da SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo.
"Não fiz nada", disse o homem à imprensa ao sair de viatura. Questionado, ele confirmou apenas que trabalhava na região onde a vítima morava.
O suspeito preso, que tem várias passagens pela polícia, seria um dos executores do crime. A informação foi dada pelo delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic, em entrevista ao Brasil Urgente (Band). Segundo ele, haveria outro autor, indicado pelo homem que foi preso. "Ele foi detido na obra, mas o outro não estava na casa dele. Alguém deve ter avisado", afirmou.
A Polícia Civil não descarta a participação de outras pessoas no crime, disse o delegado ao UOL. Mais detalhes devem ser divulgados na quinta-feira (25). Como o nome do suspeito preso não foi divulgado, não foi possível localizar a defesa. O espaço segue aberto para manifestação.
Carro da vítima foi localizado
Veículo foi encontrado no Capão Redondo, na zona sul da capital, na terça-feira (23). O carro estava sem chave e com vidros parcialmente abertos. A informação foi confirmada ao UOL pelo delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic.
Placa do veículo foi trocada. Por isso, polícia teria demorado para encontrar o carro.
Carro será periciado e encaminhado ao pátio do Deic. Foi solicitada perícia dactiloscópica para auxiliar nas investigações. Peritos tentam localizar vestígios dos suspeitos e impressões digitais que possam ajudar a esclarecer o crime.
Polícia acredita que empresário foi torturado
Principal linha de investigação da polícia já está traçada. O empresário foi encontrado morto no dia 16 de julho, mas a polícia acredita que ele foi morto no dia 12. Segundo o delegado Rogério Barbosa, do Deic, possivelmente indivíduos entraram na casa da vítima após boato de que ele guardava R$ 3,5 milhões em espécie após vender o imóvel. "Seu Carlos foi vítima de uma notícia inverídica", afirmou o delegado ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.
Empresário foi torturado antes de ser morto. "Plantarem esse boato de que ele teria milhões dentro da casa, e provavelmente foi esse o motivo de que esses indivíduos entraram no imóvel e acabaram torturando ele e por fim matando. A gente acredita que as agressões que ele sofreu foi para tentar obter dele a informação de onde estaria esse dinheiro. Com a negativa, foi espancado até a morte", detalhou Barbosa.
Polícia ainda não sabe se criminosos eram experientes em delitos semelhantes. Evidências colhidas na cena do crime são analisadas pela equipe policial. "A gente ainda não consegue precisar se são bandidos experientes, algumas coisas na residência, na cena do crime, foram apagadas. Essa é uma característica de quem tem expertise em outros delitos dessa natureza, mas não tomaram tantos cuidados com outros detalhes", acrescentou o delegado.
Cerca de vinte pessoas já foram ouvidas. Entre os que prestaram depoimento, estão os vigias da rua, dois sobrinhos e um amigo de Carlos, de 85 anos, o advogado do comprador da casa e o advogado da vítima. Também foi ouvido, na condição de testemunha, um encanador que prestou serviços para o idoso poucos dias antes de ele morrer.
Carlos Alberto Felice era viúvo e não tinha filhos. A esposa dele morreu há três anos. As pessoas mais próximas eram um sobrinho e a irmã. Foi o sobrinho, inclusive, que ligou para a Polícia Militar após não conseguir contato com o tio.
A vítima morava sozinha e não tinha funcionários na casa. Carlos gostava de frequentar a igreja e levava uma vida modesta. O imóvel onde ocorreu o crime não tinha sistema de vigilância com câmeras de segurança. Caminhadas em uma praça ao lado de sua casa eram parte da rotina de Carlos. Vizinhos e comerciantes da região dizem que ele sempre foi muito cordial, educado e gentil.
Segundo a polícia, Carlos passava por dificuldades financeiras nos últimos anos. A situação teria piorado após a morte da sua esposa e do seu pai.
Carlos e a irmã herdaram cinco imóveis. O UOL apurou que eles tinham dois apartamentos no bairro Vila Madalena, que valiam cada cerca de R$ 146 mil em 2016, um na Bela Vista, de R$ 579 mil, e uma sala comercial no Jardim América, de cerca de R$ 400 mil. Carlos também herdou da mãe a casa onde aconteceu o crime, no bairro Jardim Europa, que havia sido vendida por R$ 4,5 milhões.
Casa foi vendida em 2023
A casa do empresário foi vendida em 2023 por R$ 4,5 milhões.
Mas Carlos Alberto Felice só recebeu R$ 350 mil como um sinal pela venda. Ele usou o dinheiro para quitar dívidas, segundo o delegado Fábio Pinheiro.
Polícia descartou hipótese de que idoso teria uma grande quantia de dinheiro em casa. Ao UOL, o delegado explicou que ainda não sabe o valor em espécie que Carlos guardava, mas que se tivesse, seria algo em torno de R$ 10 mil e R$ 20 mil.
Imóvel onde ele foi morto tinha dívida de mais de R$ 1 milhão em IPTU. Carlos Alberto estava endividado e sua condição financeira piorou após a morte do seu pai e de sua esposa. Ele ficou viúvo há três anos. "Depois que ficou viúvo e após a morte do pai a vida deu uma desandada. A casa que ele vendeu tinha alguns débitos, incluindo mais de R$ 1 milhão de IPTU. Ele tinha muitas dívidas e por isso que a gente não acredita que ele tinha essa quantia em casa [os R$ 3 milhões]", afirmou Fábio Pinheiro à TV Bandeirantes.
Empresário foi morto a pauladas
Carlos Alberto Felice foi morto a pauladas, segundo investigação inicial da Polícia Civil.
Policiais encontraram um pedaço de madeira com manchas de sangue ao lado do corpo. Caso é investigado como latrocínio, roubo seguido de morte.
A polícia acredita que o idoso morreu no dia 12 de julho, último dia em que foi visto com vida.
O veículo do empresário foi roubado e a casa dele toda revirada. "A casa foi todinha revirada, só que os policiais não conseguem ainda determinar o que ele tinha dentro da casa", afirmou o delegado.