Justiça solta suspeito de agredir mulher que se jogou do 5º andar na BA
O Tribunal de Justiça da Bahia mandou soltar o empresário preso por suspeita de agredir a namorada, fato que teria obrigado a jovem a se jogar do quinto andar de um prédio de luxo de Salvador.
O que aconteceu
Justiça concedeu liberdade provisória para Igor Gosta Campos no dia 11 de julho, mas o fato foi tornado público agora. Para o juiz Paulo Sérgio Barbosa de Oliveira, o empresário não responde a outros crimes e não há indícios concretos de que ele represente riscos à ordem pública.
Magistrado entendeu que a prisão preventiva de suspeitos é uma "medida excepcional", o que não se aplica ao caso. "Meras suposições acerca do risco à ordem pública e à probabilidade de reiteração criminosa, sem qualquer circunstância concreta nesse sentido, não são fundamentos idôneos para sustentar o decreto da prisão preventiva", diz Oliveira em sua decisão.
Anteriormente, entretanto, o Tribunal de Justiça da Bahia entendeu que Igor oferecia riscos para a sociedade. Foi por esse motivo que a juíza Marcela Moura França Pamponet negou o pedido de liberdade da defesa do suspeito na época das supostas agressões, ocorridas em junho.
Dessa forma, o perigo no estado de liberdade do flagranteado está revelado na necessidade, visando, sobretudo, resguardar a ordem pública, de modo a evitar a reiteração de condutas delitivas por parte deste, posto que a forma como o delito foi praticado evidencia um grau elevado de periculosidade quanto ao Autuado.
Juíza Marcela Moura França Pamponet
Empresário está proibido de sair de Salvador sem autorização judicial. Ainda, ele não pode manter contato ou se aproximar da vítima, Hilda Francine, ou de testemunhas do caso. O UOL não conseguiu contato com a defesa de Igor. O espaço segue aberto para manifestação.
Entenda o caso
Hilda Francine se jogou do quinto andar para fugir das agressões de Igor no dia 9 de junho. Na época, o empresário foi preso em flagrante e autuado por lesão corporal dolosa.
Agressões teriam sido motivadas por uma crise de ciúmes de Igor, que acusou a namorada de se relacionar com "conhecidos" dele. No dia em que as agressões ocorreram, os dois haviam saído e, ao retornarem ao apartamento onde moravam em uma área nobre de Salvador, o empresário questionou a companheira sobre uma suposta traição. Ela negou e ele passou a agredi-la.
Vítima detalhou as agressões sofridas à polícia e afirmou que o então namorado "ria enquanto" a espancava. "Ele a agrediu com murros no rosto, batia a testa dele na testa da vítima; ele deu chutes [na namorada] e a jogou no chão; ele puxou tanto os cabelos da [vítima] que a cabeça dela está ardida", diz trecho do inquérito policial.
Empresário também proferiu xingamentos contra a companheira. Conforme o inquérito, o suspeito a teria chamado de "put*", "nojenta", "falsa" "lixo" e afirmado que ela "merecia" ser agredida por ser "uma vagabunda". "Isso que você merece, sua put*, vagabunda. Acha que vai me enganar?", teria dito Igor.
Mulher explicou que, após conseguir se desvencilhar do empresário, se trancou no quarto. Segundo a vítima, Igor tentou abrir a porta do cômodo em que ela estava e, por temer que ele conseguisse abri-la, "em um ato de desespero, para não apanhar mais, se jogou da janela do apartamento".
Igor teria feito uso de drogas, segundo a vítima. Ela contou em depoimento que o empresário usou "pó (cocaína), maconha e bebida alcoólica".
Empresário pediu exame de DNA para comprovar paternidade. A mulher e Igor se conheceram há cerca de um mês e moravam juntos há duas semanas. No final do mês passado, ela disse ao empresário que estava grávida, e ele requisitou exame de DNA para comprovar a paternidade.
Mulher é natural de Maceió (AL). Ela passou a morar em Salvador há cerca de um mês a trabalho, período em que começou a se relacionar com Igor. A mulher sofreu múltiplas fraturas no corpo, mas já recebeu alta hospitalar. Não há informações atualizadas referentes à saúde do bebê.
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Quero receberDefesa de empresário nega as agressões
Ao UOL, o advogado Carlos Magnavita afirmou que Igor nega ter agredido a namorada. Conforme a defesa, as informações que constam nos autos do processo são "bem controversas", porque seu cliente alega inocência.
Igor se "defendeu" e tentou evitar que a namorada se jogasse do quinto andar pela janela do apartamento, diz Magnavita. "Ele diz que não a agrediu. Na verdade, ele ficou se defendendo e tentando contê-la para evitar que as agressões se agravassem e, no decorrer do desentendimento, ela se trancou no quarto e terminou se jogando. Ele tentou evitar a situação [da queda] de todas as maneiras, só que não conseguiu, infelizmente".
Magnavita também contestou a prisão preventiva do empresário porque ele, segundo a defesa, não oferece riscos à sociedade. "Igor é uma pessoa de bem, nunca se envolveu em nenhum problema, tem um histórico exemplar, é uma pessoa que trabalha. Aconteceu essa situação isolada que se tratou de uma discussão entre duas pessoas, que culminou nessas informações de que um agrediu e o outro se defendeu. Não dá para saber de fato o que aconteceu".
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