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Avião que caiu em Vinhedo tem dois gravadores que permitem reconstituição

O avião modelo ATR da Voepass que caiu em Vinhedo (SP) tem os dois gravadores que permitem a reconstituição do voo e podem ter gravado o funcionamento dos motores e condições do momento da queda, afirmou Adalberto Febeliano, especialista em Transporte Aéreo pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), durante entrevista no UOL News 2ª Edição desta sexta (9).

Hoje, um avião operado pela Voepass que decolou de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) caiu em uma área de chácaras com residências em Vinhedo (SP). Todas as 62 pessoas a bordo morreram. Eram 58 passageiros e quatro funcionários da tripulação. O voo não era de longa distância.

Aviões são projetados para terem uma vida muito longa. Não tem nenhum problema aviões com 30, 40 anos de idade voando em total segurança, é bastante comum se você tem um programa de manutenção que é tão apertado e exigente. A idade do avião em si não é um fator que aumente ou diminua a chance de acidente. O modelo ATR é extremamente bem sucedido, muito seguro e muito utilizado na aviação regional, em voos mais curtos. Um ATR não é adequado para, se você quiser fazer um voo de São Paulo para Manaus de ATR, vai ser um inferno porque você vai demorar muito. Precisa de um avião a jato para cobrir distâncias maiores, por ter velocidade bem superior. Adalberto Febeliano, especialista em Transporte Aéreo pelo ITA

É importante a gente frisar que esse avião tem os dois gravadores de dados que a gente usa para auxiliar nas investigações: é o gravador de vozes na cabine, o cockpit voice recorder, o CVR; e o flight data recorder, que grava os parâmetros técnicos do avião. O flight data recorder vai gravar dados como a velocidade do avião, a potência de cada um dos motores, a posição das superfícies de comando, ele faz essa gravação e permite que você faça a reconstituição do voo imediatamente antes do acidente. Isso é uma ferramenta muito importante que tem permitido que a gente eleve tanto o nível de segurança dos aviões. Adalberto Febeliano, especialista em Transporte Aéreo pelo ITA

O especialista disse o que é possível analisar pelas imagens dos vídeos que registraram a queda do avião e ressalta que é preciso aguardar as investigações para cravar as reais causas.

Dos vídeos que chegaram até mim, podemos identificar que o avião realmente caiu sem absolutamente controle, sem nenhuma velocidade para frente. Pelo o que a gente pode perceber [também é que ele estava] com os motores funcionando, pelo menos os sons que vinham com o vídeo, você tinha ali os motores e hélices funcionando. Agora, é sempre muito problemático a gente querer adivinhar o que aconteceu. A gente tem que aguardar as investigações, justamente para que a gente possa entender quais foram as causas reais do acidente. Adalberto Febeliano, especialista em Transporte Aéreo pelo ITA

Há muitas situações que levam a perda de controle em voo. A pior delas é justamente essa que você vê que o avião está sem sustentação, totalmente estolado, e sem velocidade para frente. Quando você não tem velocidade para frente, as suas superfícies de controle ficam inoperantes, então você não consegue mudar a atitude do avião. Todo avião plana sem motores, só não consegue ganhar altura, mas ele vai trocando de altura por um voo normal. Quando você perde o controle, nesse caso aí aparentemente por estol, realmente não tem como você retomar. Desse caso específico pelo o que a gente vê nos vídeos, você não tem muita chance de recuperar o controle. Adalberto Febeliano, especialista em Transporte Aéreo pelo ITA

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