Conteúdo publicado há 28 dias

Vídeo: Policiais do Deic agridem e pisam na cabeça de homem abordado em SP

O MP-SP (Ministério Púbico do Estado de São Paulo) pediu à Corregedoria da Polícia Civil a abertura de inquérito para apurar eventuais crimes de abuso de autoridade e lesão corporal dolosa envolvendo um grupo de agentes do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

O que aconteceu

Um homem de 43 anos foi abordado por policiais civis da 2ª Delegacia de Investigações sobre Crimes Contra o Patrimônio, do Deic. O caso foi registrado por volta das 22h30 de 29 de julho, na rua Flor de Madeira, 100, Vila Jacuí, zona leste de SP.

O homem ocupava um veículo com os dois filhos. Ele teve o automóvel abordado e, assim que desceu do carro, desarmado, levantou os braços e quase foi atingido por um tiro disparado por um policial. Na sequência, ele recebeu um soco no queixo. Câmeras de segurança da rua registraram toda a ação.

O mesmo policial que o agrediu, ainda com arma em punho, o arrastou pelo braço, deu uma rasteira nele e o algemou. Outro policial armado, usando boné preto, chegou em seguida e pisou na cabeça dele. Os filhos, assustados, saíram do carro correndo.

Os agentes levaram o homem para a sede do Deic, e a Polícia Civil instaurou um inquérito de desobediência e resistência à prisão. No dia seguinte, no entanto, ele foi solto após o pagamento de uma fiança arbitrada em R$ 10 mil pela 2ª Delegacia de Investigações sobre Crimes Contra o Patrimônio.

Carro abordado era do mesmo modelo que estaria em posse trio procurado, segundo a polícia. Os policiais civis disseram ter recebido a informação de que três foragidos da Justiça estariam em uma comunidade nas proximidades da Rua Abel Tavares, no Jardim Belém, na posse de um veículo Volkswagen Nivus, de cor preta.

Os agentes afirmaram que seguiram para o local e avistaram o veículo. Acrescentaram que o motorista não atendeu a ordem de parar e empreendeu fuga, sendo perseguido por um quilômetro e meio, até ser abordado na rua Flor de Madeira.

Ainda segundo a versão dos agentes, o homem abordado parou bruscamente o veículo e dois rapazes saíram correndo. Ainda de acordo com a versão dos policiais, o condutor do carro, avançou sobre eles, sendo, em seguida, prontamente lançado ao chão e imobilizado.

Legista constatou lesões

O Deic apurou que o homem não era foragido da Justiça. Antes de ser liberado, ele foi submetido a exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal).

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O laudo de lesão corporal confirmou lesões. Havia equimoses (manchas roxas) na coxa esquerda e joelho direito e escoriações no braço direito e na região lombar à direita.

Defesa do homem abordado, pediu à Justiça o arquivamento do inquérito de desobediência e resistência. O advogado Sean Kompier Abib alegou nulidade das provas. O MP-SP teve acesso às imagens das câmeras de segurança que registraram os momentos da abordagem.

A promotora de Justiça Luciana Frugiuele se manifestou pelo arquivamento do inquérito. Ela entendeu que não ficaram comprovados os crimes de desobediência e resistência. Ela observou que os agentes estavam em viatura descaracterizada, sem giroflex e não usavam distintivos ou vestuário oficial.

Na decisão, a promotora menciona que o investigado não tinha condições de saber se realmente eram agentes da lei ou criminosos que iriam abordá-lo. Ela enfatiza ainda que o homem desceu do carro e abriu os braços, mas não se opôs à abordagem e muito menos resistiu à prisão.

Na opinião do defensor, o caso não se resume ao abuso de autoridade e lesão corporal dolosa. Para Sean Kompier Abib, os policiais do Deic devem responder por tentativa de homicídio, já que atiraram em direção ao cliente e a atitude dos agentes poderia resultar em morte.

No passado, o homem foi processado e condenado a cinco anos e quatro meses por roubo. O advogado Sean Kompier Abib diz que o cliente está solto desde 18 de dezembro de 2018 e, desde então, nunca mais cometeu crime. Atualmente, ele é empresário do ramo musical.

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