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MP denuncia GCMs e ex-agentes investigados por milícia na 'cracolândia'

26.jun.2024 - Agente da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo na "cracolândia" Imagem: Vincent Bosson/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Guardas-civis municipais e ex-agentes foram denunciados pelo Ministério Público nesta quinta-feira (15) por suspeita de integrarem uma milícia atuante na "cracolândia", na região central de São Paulo.

O que aconteceu

Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), os ex-agentes e GCMs formaram uma "milícia particular". De acordo com o MP-SP, dois guardas e dois agentes praticaram "crimes de concussão contra comerciantes da região central da cidade".

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Guardas exigiam "taxa de proteção", segundo o MP-SP. Conforme a investigação, os agentes praticavam uma espécie de "segurança privada" para comerciantes, cobrando pela atuação — mesmo lotados no órgão público.

MP-SP ainda aponta para lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, agentes utilizavam laranjas, como parentes e empresas, para lavar o dinheiro oriundo das cobranças das "taxas de proteção". A investigação indicou para dezenas de transações via PIX e até depósitos em dinheiro.

Os quatro envolvidos foram denunciados por constituição de milícia privada, crime de concussão e lavagem de capitais. Denúncias foram apresentadas contra: Elisson de Assis, Tiago Moreira da Silva, Antonio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas Scorsafava. Elisson, Antonio e Renata estão presos.

[Os denunciados] exigiram, para si, direta ou indiretamente, em razão da função de guardas-civis metropolitanos, vantagem indevida consistente em "taxa de proteção" ou "segurança privada" de comerciantes da região central da cidade de São Paulo.
Trecho do ofício do MP-SP

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que pediu na Justiça para ingressar como assistente de acusação no processo. "A Prefeitura de São Paulo informa que protocolou um pedido na Justiça para ingressar como assistente de acusação no processo dos servidores da Guarda Civil Municipal envolvidos. Elisson de Assis e Rubens Alexandre Bezerra já foram exonerados da corporação e os demais denunciados estão sumariamente afastados até a conclusão processual", conclui.

A reportagem tenta localizar as defesas dos denunciados. O espaço segue aberto para manifestação.

Comércio ilegal de arma de fogo

Outros guardas-civis foram denunciados por comercializar armas de fogo ilegalmente. Os cinco envolvidos responderão por crime de organização criminosa e crime de comércio ilegal de arma de fogo.

São eles: Rubens Alexandre Bezerra, Edno Sousa da Silva, Elias Silvestre da Silva, Ednaldo de Almeida Passos e Odair José Gonçalves Rodrigues. Rubens está preso.

[Os guardas], agindo em concurso de agentes com unidade de desígnios, de forma permanente, constituíram e integraram, pessoalmente, organização criminosa responsável pelo comércio de armas de fogo, munições e dispositivos de uso ilícito na região central de São Paulo.
Trecho de denúncia do MP-SP

A operação

Na semana passada, o Gaeco realizou na "cracolândia" uma operação para desestabilizar uma rede de crimes. Além dos guardas acusados por formação miliciana, criminosos associados ao PCC também foram alvos de 117 mandados de busca e apreensão em endereços na região central de São Paulo.

Durante a Operação Salus et Dignitas, ainda, foram cumpridos mandados de sequestro e bloqueio de bens e suspensão de dezenas de prédios comerciais na região central paulistana. Na ocasião, a gestão municipal alegou desconhecer qualquer milícia atuante em São Paulo envolvendo guardas-civis.

Nós jogamos luz sobre o problema, a existência desse ecossistema criminoso. A maioria desses estabelecimentos não existe, do ponto de vista da regularidade fiscal, e faturam milhões. Então, toda essa estrutura acaba sendo ignorada.
Lincoln Gakiya, promotor de Justiça de SP

Os hotéis [no centro] seriam utilizados para traficância e o consumo de entorpecentes. No interior desses estabelecimentos, havia mulheres viciadas e submetidas a situações degradantes. Tudo isso sob o domínio dos antigos porteiros, que se filiaram ao crime organizado para gerenciarem o local e estabelecerem a 'disciplina' do Primeiro Comando da Capital.
Trecho do documento do MP encaminhado à Justiça

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