Desembargador diz que juíza 'fez ilações' ao mandar prender Gusttavo Lima
Em decisão pela revogação do pedido de prisão de Gusttavo Lima, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, criticou o mandado expedido pela juíza Andréa Calado da Cruz. Ele considerou que foram feitas "ilações impróprias" e "considerações genéricas". A investigação segue em sigilo, mas o UOL teve acesso aos documentos.
O que aconteceu
Gusttavo Lima é alvo da Operação Integration. A ação também prendeu a advogada e influenciadora Deolane Bezerra há três semanas em Pernambuco em ação contra uma organização criminosa suspeita de operar em bets.
Decisão também cancela a suspensão do passaporte do cantor sertanejo de 35 anos. Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal de Recife, derrubou ainda outras medidas cautelares, como a de eventual porte de arma de fogo.
Constata-se que as justificativas utilizadas para a decretação da prisão preventiva [de Gustavo Lima] e para a imposição das demais medidas cautelares constituem meras ilações impróprias e considerações genéricas. Desconstituída, assim, de qualquer evidência material a justificar,
nesse momento, a segregação cautelar.
Eduardo Guilliod Maranhão, desembargador, em trecho da revogação da prisão
Ao decretar a prisão, a magistrada alegou que o artista havia abrigado um casal de sócios dele investigados na operação. O casal de empresários José André da Rocha Neto e Aislla Rocha, da empresa Vai de Bet, estiveram com Gusttavo Lima na comemoração do seu aniversário em um iate de luxo na Grécia no começo deste mês.
Gusttavo Lima estava em Miami, nos EUA, quando a sua prisão foi decretada pela Justiça de Pernambuco. A investigação aponta que o artista possui "intensa relação financeira" com foragidos que tiveram prisão decretada na mesma operação. "A conexão [da empresa do cantor] com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado", cita documento obtido pelo UOL.
Justiça bloqueou R$ 20 milhões da empresa de Gusttavo Lima. Investigação também determinou o sequestro de todos os imóveis e embarcações em nome da Balada Eventos e Produções LTDA, empresa do cantor suspeita de envolvimento no esquema.
Ligação com empresa de bet
Avião do artista apreendido está em processo de transferência na Anac para dono da Vai de Bet. Gusttavo Lima é garoto-propaganda da empresa de jogos ilegais que pertence a José da Rocha Neto, também alvo da apuração e que é considerado foragido pela Justiça.
No período em que foi deflagrada a operação, o empresário estava na Grécia para comemorar o aniversário do sertanejo. Justiça também bloqueou R$ 35 milhões das contas de Rocha Neto e R$ 160 milhões de suas empresas.
A defesa do empresário negou irregularidades e afirmou que o patrimônio dele é declarado e regulado. Aislla Sabrina Rocha, esposa do empresário também na mira da investigação, se posicionou.
Essa operação não tem qualquer relação com a Vai de Bet. O que ocorreu foi um erro de interpretação. Ao investigar uma banca de jogo do bicho e uma casa de apostas em Recife, que usa o mesmo método de pagamento que o nosso, os investidores deduziram que éramos 'laranjas' dessa casa de apostas que, por sinal, é nossa concorrente (...). Nunca estivemos envolvidos com jogos irregulares.
Aislla Sabrina Rocha, esposa de dono da Vai de Bet, no Instagram
A defesa do cantor negou participação em organização criminosa de exploração de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Em nota, os advogados disseram que Gusttavo Lima mantém só contrato de uso de imagem para a marca Vai de Bet. "A Balada [empresa que pertence ao artista] gerencia a carreira artística de Gusttavo Lima (...) jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país".
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