Bombeiro morto em Ouro Preto fez resgate em Brumadinho exibido ao vivo
Luciana Quierati
Do UOL, em São Paulo
12/10/2024 12h17
O sargento Welerson Filgueiros, que morreu nesta sexta-feira (11) na queda de um helicóptero do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em Ouro Preto, participou de um dos resgates mais simbólicos de Brumadinho, quando a barragem da Vale se rompeu em 25 de janeiro de 2019.
Na ocasião, ele estava, inclusive, a bordo do Arcanjo 4, o mesmo helicóptero que caiu ontem, vitimando ele, outros três bombeiros e dois profissionais de saúde.
O que aconteceu?
Em Brumadinho, Welerson ajudou a retirar da lama a jovem Talita de Souza, de 15 anos. A ação foi transmitida ao vivo pela RecordTV e se tornou uma das primeiras imagens da tragédia a correrem o mundo.
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Sargento Welerson era um dos três tripulantes da aeronave, pilotada pela major Karla Lessa. O subtenente Márcio Gualberto era o outro bombeiro resgatista. Enquanto major Karla equilibrava o helicóptero pairando a 50 cm da lama, o subtenente Gualberto desceu até a jovem para colocar nela um cinto de resgate, que foi puxado pelo sargento Welerson de dentro do helicóptero.
A equipe do Arcanjo 4, que era uma UTI móvel, foi a primeira a chegar à área inundada pelo rejeito de minério de ferro, 28 minutos após o rompimento da barragem. No primeiro voo de reconhecimento da área, eles avistaram Talita no meio do lamaçal, que era amparada por dois jovens moradores de Brumadinho que entraram no terreno para ajudá-la.
Das 22 pessoas que ficaram feridas em Brumadinho e sobreviveram, Talita foi a que ficou mais tempo internada, quase seis meses. Teve fraturas na bacia e no fêmur. Deixou o hospital em julho de 2019 após quatro cirurgias e outras por fazer.
Colega lamenta a morte
Gualberto, hoje tenente da reserva do Corpo de Bombeiros, lamentou a morte do colega. "Welerson era uma pessoa íntegra, abdicada, competente em tudo o que fazia. Companheiro e amigo. A gente fica muito triste", diz Gualberto, que fala ainda sobre o piloto do acidente de ontem, capitão Wilker, com quem também trabalhou no Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros de Minas. "Wilker também era um profissional muito bom, bastante experiente. A aviação brasileira, especialmente a aviação de resgate, está de luto hoje."
Além do sargento Welerson e do capitão Wilker, morreram na queda do helicóptero em Ouro Preto o tenente Victor, o sargento Gabriel, o médico Rodrigo Trindade e o enfermeiro Bruno Sudário, esses dois integrantes do Samu de Minas. Toda a equipe tinha como sede de trabalho a capital Belo Horizonte.