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Há três dias sem luz em SP, morador cita descaso: 'Me sinto humilhado'

Rua Elian Zayat, no Jardim Iracema, está sem energia desde sexta-feira (11) Imagem: Reprodução

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/10/2024 16h11

Mais de 400 mil casas continuam sem energia elétrica três dias após o apagão que atingiu São Paulo na sexta-feira (11). Moradores falam em descaso por parte da Enel e da prefeitura.

O que aconteceu

Há quase 70 horas sem energia, Rafael, 32, disse se sentir "desamparado, sem ter a quem recorrer". Morador da rua Elian Zayat, no Jardim Iracema, na zona sul da capital paulista, ele contou que está desde 19h30 de sexta-feira (11) sem luz e sem previsão.

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Morador classificou a situação como "desesperadora". Ao UOL, ele explicou que mora com a esposa e a filha de um ano e oito meses, e contou que a família passou a tomar banhos "com caneco" para racionar a água que resta.

Gostaria de ser ouvido de alguma forma. Estou me sentindo humilhado. Quando querem cortar [a energia] no dia seguinte estão na frente da sua casa e não têm dó, cortam e mandam você se virar. Aposto que no bairro do presidente da Enel e de qualquer político agora não está faltando energia, porque eles sabem a quem importa priorizar. Lamentável
Rafael, em depoimento ao UOL

Rafael, que trabalha como operador de telemarketing em serviço home office, disse que perdeu o dia de trabalho pela falta de energia. Além disso, ele afirma ter perdido os alimentos que havia guardado na geladeira. O morador diz que, em contato com a Enel, a empresa informou que recompensará os danos sofridos - mas ele duvida que isso ocorra.

As carnes já descongelaram e o leite estragou. A orientação da agência foi que abríssemos registro [de danos] após o retorno da luz, para solicitar o ressarcimento. Mas não tenho muita esperança de que realmente serei ressarcido, infelizmente.
Rafael

Rafael disse que perdeu os alimentos que estavam na geladeira devido a falta de eletricidade Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal

Rafael ainda contou que tem usado a bateria do carro para recarregar o celular. Agora, ele diz apenas "rezar" para que a situação seja normalizada. "Só estou rezando para a luz voltar logo. Com filha pequena é complicado, vai escurecendo e ela quer brincar, mas não tem como deixar correndo no escuro", diz.

O UOL entrou em contato com a Enel para pedir um posicionamento sobre casos como o de Rafael, mas não obteve retorno. Em caso de resposta, esta matéria será atualizada.

400 mil casas seguem sem energia

Maioria das 400 mil casas sem luz estão na capital. Em São Paulo, segundo boletim divulgado pela Enel na tarde desta segunda-feira (14), há 283 mil clientes sem energia elétrica.

Apagão também atinge Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo. Até o momento, 1,7 milhão de casas tiveram energia restabelecida, segundo a empresa.

Companhia não dá previsão de retorno. Nas notas enviadas pela Enel, o órgão informa que "segue trabalhando para restabelecer o fornecimento". Ao UOL, clientes lesados informaram que recebiam previsões de retorno de luz em horários que já passaram ao contatar canais oficiais da empresa.

Ao todo, 17 linhas de transmissão foram afetadas, diz Enel. Em entrevista à TV Globo, Darcio Dias, diretor de operações da concessionária, informou que a situação em curso é pior do que a de novembro de 2023, quando a capital e a Grande São Paulo passaram quatro dias sem energia.

29 escolas estaduais estão sem energia e funcionarão com luz natural. Segundo a Seduc-SP, os alimentos perecíveis dessas unidades estão preservados. O órgão também informou que cinco unidades escolares tiveram aulas canceladas por causa de danos causados pelas chuvas. Desde sexta-feira, mais de 130 escolas municipais e estaduais da capital relataram problemas.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a Enel tem mais três dias, a partir desta segunda-feira (14), para resolver todos os problemas de maior volume que atinge São Paulo. Para Silveira, a concessionária falhou ao não dar uma previsão objetiva de quando a energia voltaria e que, agora, tem até quinta-feira (17) de manhã para resolver os problemas de maior volume. Ao final do prazo, a Enel só poderá apresentar, se necessário, "questões pontuais de locais onde ela não consegue ter acesso".

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