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'Ninguém morre de graça', diz réu em julgamento da chacina de Sinop

Do UOL, em São Paulo

15/10/2024 17h05Atualizada em 15/10/2024 21h43

Edgar Ricardo de Oliveira, 32, réu pela morte de sete pessoas, incluindo uma adolescente, em um bar em Sinop (MT), afirmou que "ninguém morre de graça". A declaração foi dada durante julgamento nesta terça-feira (15). Crime foi cometido em fevereiro de 2023 com ajuda de Ezequias Souza Ribeiro, que foi morto pela polícia após a chacina.

O que aconteceu

O réu declarou que "nunca se importou com o dinheiro" dos jogos de sinuca que disputava. Ele argumentou que as competições eram um passatempo para ele, que se considerava um jogador, assim como era atirador. Segundo a versão do acusado, ele levava R$ 20 mil e até mesmo R$ 30 mil para os jogos e não se importava em perder valores.

Acusado reforçou por diversas vezes o argumento de que era empresário. Edgar afirmou que trabalhava na gestão de "10, 15" obras ao mesmo tempo e voltou a rebater as informações de que a chacina teria ocorrido devido a ele e Ezequias terem perdido a aposta da sinuca: "é tudo julgamento que estão colocando sem saber dos fatos, do que aconteceu".

Eu não vivia do jogo. Eu tinha meu ganho fora. Era empresário. Então, nada desses fatos que dizem que 'ai, ele só saiu matando todo mundo'. Não é assim. Ninguém morre de graça, não.
Edgar Ricardo de Oliveira, réu pela morte de sete pessoas

Questionado por um dos advogados de acusação sobre a fala "ninguém morre de graça", o preso disse que "cada um fez por si". Então, o defensor questiona se a frase inclui a vítima Larissa Frazão de Almeida, 12, e Edgar nega, acrescentando que o disparo que atingiu a garota foi acidental e que não mirou na menina "em momento algum".

O preso declarou se sentir "envergonhado" por ser chamado de assaltante. O dinheiro da aposta foi roubado pela dupla após o crime. "Isso [ser chamado de ladrão] destrói o meu ego. O tanto que trabalhei na minha vida para ser um homem íntegro e mesmo assim não consegui. Eu nunca fui um bandido, nunca roubei ninguém, assaltei ninguém", acrescentou. Ele ainda ressaltou que "nunca quis problema com ninguém jamais na vida", trabalhou a vida toda "de sol a sol" e que nunca teve passagem pela polícia anteriormente.

Homem alegou que foi insultado durante a partida de sinuca e em situações anteriores por algumas das vítimas. Conforme relato de Edgar, na manhã do dia do crime, ele teria sido ameaçado com uma arma pela vítima Orisberto Pereira Sousa. Durante as partidas da aposta, o acusado também disse que era alvo de "piadinhas" dos presentes no bar. Ele apontou Maciel Bruno de Andrade Costa, outra vítima, como o responsável por criar situações e fazer outras pessoas serem cúmplices de ações contra ele.

Edgar ainda afirmou ter feito uso de cocaína, oferecida por Ezequias, pouco antes da ação criminosa. Ele falou que usou a droga anteriormente uma vez e que não repetiu o consumo porque teria passado mal no primeiro, mas decidiu usar a substância oferecida pelo amigo no bar após a insistência dele.

"Aí eu juntei o ápice da raiva com tudo o que tinha acontecido. As sugestas [enviar uma mensagem de forma que somente uma pessoa entende a referência] do Bruno e aí estourou, foi e aconteceu. Foi só a hora que a bomba explodiu, mas ela tinha sido acesa muito antes. Eu só não sei como eu saí do controle a ponto de fazer aquilo, porque eu sempre me controlei. Eu nunca saquei de uma arma para ninguém, nunca na minha vida, em lugar nenhum."

Cadê a arma deles? Eles [vítimas] não eram santos. Dizer que eu rendi, arrebatei no canto para eu destruir e atirar. Eu tive a precaução de não ser atingido, ser baleado. Era só isso porque eles estavam armados, me ameaçando, armando contra mim o tempo todo. Começamos a jogar, antes de eu dar a última tacada, eles estavam com os cometários tão pesados em volta. Tudo por sugestas em cima do jogo: 'ai ele vai entregar molinho, fica olhando para você ver. É igual sempre'.
Edgar Ricardo de Oliveira, réu pela chacina de Sinop

Relembre o caso

Edgar é um dos autores de uma chacina que deixou sete mortos em Sinop (MT). Entre as vítimas, estavam seis adultos e uma adolescente. O crime aconteceu em 22 de fevereiro de 2023.

Crime foi cometido com ajuda de Ezequias Souza Ribeiro, 27, e, segundo as autoridades, foi motivado por uma aposta de R$ 4.000. Eles jogavam baralho e sinuca em um bar e foram "alvo de chacota" após perderem o valor, apontou a investigação.

Câmera de segurança gravou ação. Nas imagens, é possível ver que um dos suspeitos usou uma pistola 380 e o outro uma espingarda calibre 12 para disparar contra os presentes.

Os dois ficaram foragidos e Ezequias foi morto pela polícia. Edgar se entregou na delegacia.

Quem são as vítimas da chacina

  • Getúlio Rodrigues Frazão Junior, 36 - Adversário da dupla na partida de sinuca
  • Larissa Frazão de Almeida, 12 - Filha de Getúlio, foi morta ao ser atingida por um tiro nas costas enquanto tentava fugir
  • Orisberto Pereira Sousa, 38
  • Adriano Balbinote, 46
  • Josué Ramos Tenório, 48
  • Maciel Bruno de Andrade Costa, 35
  • Elizeu Santos da Silva, 47

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