Criminosos sequestram 9 ônibus para fazer barricada no Rio de Janeiro

Criminosos sequestraram nove ônibus na manhã desta quarta-feira (16) para usar os coletivos como barricada na Estrada do Itanhangá, na zona oeste do Rio. Motoristas e passageiros foram liberados e não se feriram.

O que aconteceu

A via foi interditada nos dois sentidos. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram os ônibus atravessados na pista. A Estrada do Itanhagá também dá acesso às comunidades da Muzema, Tijuquinha e Rio das Pedras.

Todas as linhas que circulam pela região estão sofrendo desvios de itinerário. As informações são da Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus do Rio de Janeiro.

As seguintes linhas foram afetadas:

D13091 - 878 Tanque x Barra da Tijuca;
C30229 - 557 Rio das Pedras x Copacabana;
C30213 - 557 Rio das Pedras x Copacabana;
C30241 - 557 Rio das Pedras x Copacabana;
C30193 - 550 Cidade de Deus x Gávea;
C13058 - 878 Tanque x Barra da Tijuca;
C47815 - 863 Barra da Tijuca x Rio das Pedras;
C30127 - 557 Rio das Pedras x Copacabana;
C30123 - 557 Rio das Pedras x Copacabana.

Rio Ônibus diz que passageiros e motoristas não se feriram. Sindicato detalhou que os criminosos entraram nos coletivos, ameaçaram os ocupantes, pediram para que todos descessem e roubaram as chaves após posicionar os veículos como barricadas.

Equipes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) estão atuando na comunidade da Tijuquinha. A operação está em andamento. De acordo com o comando do batalhão, até o momento não há mais detalhes sobre a ocorrência.

O objetivo da operação, segundo a polícia, é evitar disputas territoriais entre grupos rivais na região. Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que durante a ação, criminosos atravessaram ônibus na principal via da região, a fim de atrapalhar a operação que está em curso. "Assim que houve a entrada do Bope, fizeram esse tipo de retaliação que é uma estratégia para desviar o foco das forças policiais. Mas não houve registro de confrontos, não temos relato de prisões ou apreensões", disse à GloboNews tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da PM-RJ.

Policiamento foi reforçado na região. Policiais do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) e do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) estão reforçando o policiamento no entorno da comunidade, além de auxiliarem na desobstrução da via.

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O trajeto de cerca de 200 ônibus foi afetado por causa da barricada. "Infelizmente, nada é feito", lamentou Paulo Valente, porta-voz da Rio Ônibus, em entrevista à GloboNews.

130 ônibus foram sequestrados nos últimos 12 meses

Ao menos 131 ônibus foram sequestrados nos últimos 12 meses, segundo o sindicato. "A recorrência dos casos reiteram a necessidade de ações efetivas por parte das autoridades de segurança pública do Rio de Janeiro. É preciso, com urgência, garantir o direito de ir e vir do cidadão", diz nota enviada pela Rio Ônibus.

Em 2024, 95 ônibus foram sequestrados para serem utilizados como barricadas. "Tivemos também oito ônibus incendiados. O apelo que nós fazemos para as autoridades é que tem medidas que podem acompanhar essas operações [da polícia]. Porque toda operação temos o mesmo problema, dá um prejuízo muito grande para as empresas, mas o maior prejuízo é da sociedade porque várias áreas da cidade ficam com a população impedida do seu direito de ir e vir", disse o porta-voz Paulo Valente.

Criminosos agem de forma semelhante. Paulo detalhou que eles rendem o motorista, mandam atravessar os ônibus e desaparecem com as chaves. "Isso acontece sempre. Então, é necessário que se procurem as chaves reservas nas garagens para levar até o local [do crime]. Mas tem que esperar que a polícia ofereça segurança para que os ônibus possam ser retirados. Em alguns casos, eles danificam os miolos de ignição do veículo, e por isso eles têm que ser rebocados para a garagem. Teve um ônibus que foi sequestrado dois dias seguidos na Vila Aliança, então no primeiro caso tinha chave reserva, no segundo dia, não", detalhou Valente.

Medidas para prevenir barricadas com ônibus. O porta-voz da Rio Ônibus destacou que é difícil prevenir casos como esse. "A alegação das autoridades de segurança é que são operações sigilosas e que não podem informar previamente para as empresas de ônibus [que vão realizar operações em determinadas áreas]. Não há uma garantia do sigilo da informação. O que a gente pede e entende é que deveria ter uma parte do contingente da polícia reservada para fazer a garantia de circulação dos ônibus".

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