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Maníaco do Parque: quem foram as vítimas e quantas pessoas ele matou?

Do UOL, em São Paulo (SP)

18/10/2024 05h30

Francisco de Assis Pereira, conhecido como o Maníaco do Parque, foi condenado a mais de 200 anos de prisão pela morte de sete mulheres em 1998. Ao todo, no entanto, ele confessou o assassinato de onze mulheres, além de 23 ataques.

Em comum, as vítimas tinham o gênero, a faixa etária — que não passava de 24 anos — e o local onde foram assassinadas: o Parque do Estado, na zona sul de São Paulo (SP).

Quem foram as vítimas do Maníaco do Parque?

Das sete vítimas que constam na condenação de Francisco de Assis Pereira, apenas uma não foi identificada.

Patrícia Gonçalves Marinho

Patrícia desapareceu em 17 de abril de 1998, aos 24 anos, mas seu corpo só foi encontrado três meses depois, no dia 28 de julho daquele ano. Moradora da zona leste de São Paulo, ela trabalhava como vendedora na região da Sé, no centro da capital paulista.

A vendedora tinha o sonho de ser modelo, o que foi usado pelo maníaco para atraí-laele fingia ser "caça-talentos" para enganar as vítimas. De acordo com uma reportagem de 1998 da Folha de S.Paulo, ele teria informado à polícia que conheceu Patrícia em uma galeria na rua 24 de Maio, também no centro, e que, em seguida, os dois foram de moto para um suposto acampamento no Parque do Estado. Na mata, segundo o inquérito policial, Francisco teria estuprado e matado a vítima por asfixia, usando os cadarços de suas botas.

Selma Ferreira Queiroz

Selma tinha 18 anos e morava em Cotia, na região metropolitana de São Paulo, quando desapareceu, em 3 de julho de 1998. Seu corpo foi encontrado apenas com os sapatos um dia depois na mata do Parque do Estado, com sinais de espancamento e violência sexual. A vítima também tinha marcas de mordidas nos seios, no interior das pernas e nos ombros. De acordo com a investigação policial, ela também morreu estrangulada.

Selma, que era estudante e também trabalhava como balconista em uma rede de drogarias, desapareceu após fazer exames de rescisão contratual na Liberdade, bairro da região central de São Paulo. Antes, no entanto, entrou em contato com o namorado, informando que não conseguiria assistir ao jogo do Brasil contra a Dinamarca, pela Copa do Mundo, com ele.

Raquel Mota Rodrigues

Raquel era gaúcha, mas morava na região do Jabaquara, em São Paulo, e trabalhava como vendedora. Ela desapareceu em janeiro de 1998, aos 23 anos, após procurar emprego em uma loja de móveis na rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, segundo reportagem da Folha de S.Paulo à época.

De acordo com uma prima, ela havia telefonado pouco antes de sumir e informado que havia conhecido um rapaz e aceitado posar como modelo para ele em Diadema, na Grande São Paulo. Seu corpo foi encontrado no dia 29 de janeiro na mata do parque, também sem roupas.

Isadora Fraenkel

Isadora tinha 19 anos quando desapareceu, no dia 10 de fevereiro de 1998. Seu corpo foi encontrado apenas seis meses depois, em agosto daquele ano. A ossada da estudante foi achada em estado deteriorado, porque o maníaco teria ateado fogo no corpo após ter sido intimado para depor sobre o desaparecimento dela, de acordo com outra reportagem da Folha.

Uma folha de cheque em nome da jovem foi utilizada para a compra de um capacete e encontrada com Francisco. À época, ele afirmou que Isadora era sua namorada, e que o talão foi usado com o consentimento da estudante. O pai dela, no entanto, negou a relação. Os restos mortais de Isadora só foram encontrados após o maníaco apontar o local no meio da mata do parque.

Rosa Alves Neta

Rosa era telefonista e tinha 21 anos quando desapareceu, em 24 de maio de 1998. Seu corpo foi encontrado no dia 9 de julho — Francisco admitiu ter matado a jovem por estrangulamento. Em depoimento, ele disse ter sido "fácil demais" levar a telefonista do Parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, à mata do Parque do Estado.

A telefonista desapareceu após sair de sua casa no Valo Velho, região noroeste de São Paulo, na divisa com Itapecerica da Serra. De acordo com a família, ela estava deprimida devido ao término de um relacionamento e resolveu passear no Parque Ibirapuera, onde encontrou Francisco.

Elizângela Francisco da Silva

Elizângela desapareceu no dia 9 de maio de 1998. Paranaense de Londrina, ela sumiu na avenida Rebouças, em Pinheiros, na região sudoeste de São Paulo, após sair de casa para ir a um shopping no mesmo bairro. Seu corpo foi encontrado no dia 28 de julho de 1998.

Assim como todas as outras vítimas, ela foi encontrada na mata do parque, após uma varredura feita pela polícia. De acordo com uma reportagem da Folha de agosto daquele ano, a identificação de Elizângela só foi possível porque o solo do local, que é arenoso e úmido, conservou a pele do polegar direito. Após reidratar o dedo com glicerina e formol, os peritos obtiveram a impressão digital de Elizângela.

Como os casos foram descobertos?

Em meados de julho de 1998, a polícia de São Paulo encontrou os corpos de seis mulheres no Parque do Estado. Na ocasião, o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) suspeitava de que as mortes estivessem ligadas a um único autor.

Todas foram mortas no mesmo lugar, com sinais de violência sexual e despidas. O caso começou a repercutir na imprensa, e o autor recebeu a alcunha de Maníaco do Parque.

Francisco foi identificado graças à ajuda de sobreviventes, que deram informações para a confecção de um retrato falado. Ele foi preso em agosto do mesmo ano, 23 dias após a divulgação do retrato falado. Ele estava na cidade de Itaqui, a 731 km de Porto Alegre.

Em entrevista concedida à Folha de S.Paulo da prisão, em 2001, Francisco contou o que sentia quando cometia os crimes:

Me aproximava das meninas como um leão se aproxima da presa. Eu era um canibal. Jogava tudo o que eu podia para conquistá-la e levá-la para o parque, onde eu acabava matando e quase comendo a carne. Eu tinha uma necessidade louca de mulher, de comê-la, de fazê-la sentir dor. Eu pensava em mulher 24 horas por dia.
Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque

Hoje, Francisco segue encarcerado em um presídio no interior de São Paulo. Conforme escreveu Josmar Jozino em sua coluna no UOL, em julho de 2020, ele passava horas e horas sentado sozinho no pátio do Pavilhão 3 do presídio bordando tapetes e toalhas para banheiros.

Funcionários do presídio contaram na época que o Maníaco do Parque não tinha amigos, preferia ficar isolado e era bastante discreto. Ele cultivava o hábito de ler a Bíblia Sagrada todos os dias e frequentava o culto evangélico ao menos uma vez por semana, fazendo orações em voz baixa e com os braços erguidos.

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