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Só 1,4% das operações policiais do Rio foram eficientes em 18 anos, diz UFF

24.out.2024 - Avenida Brasil fechou por tiroteiro entre PMs e traficantes no Complexo de Israel Imagem: José Lucena/TheNews2/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/10/2024 18h11Atualizada em 24/10/2024 18h29

Entre 2007 e agosto de 2024, o Rio de Janeiro teve 22.198 operações policiais. Desse total, apenas 316 (1,4%) foram totalmente eficientes, segundo levantamento do Geni-UFF (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense) obtido com exclusividade pelo UOL.

O indicador de eficiência das operações policiais feito pela UFF abrange a região metropolitana do Rio e é dividido em cinco categorias, que contemplam as seguintes porcentagens: eficiente (1,4%), razoavelmente eficiente (14,4%), pouco eficiente (45,3%), ineficiente (30%) e desastrosa (8,9%).

A operação feita pela PM na manhã desta quinta-feira (24) no Complexo de Israel, na zona norte da capital, seria classificada como desastrosa, de acordo com os pesquisadores da UFF.

A missão era prender integrantes de uma quadrilha de roubo de carga. Ao contrário disso, a PM apreendeu apenas três granadas e gerou um tiroteio que terminou com três inocentes mortos a tiros, além ter ferido outras três pessoas.

A Polícia Militar contesta os dados e afirma que o órgão responsável por compilar os índices da segurança é o ISP (Instituto de Segurança Pública). Leia à íntegra o posicionamento da corporação mais abaixo.

Metodologia

Foram estabelecidas pela UFF três categorias de avaliação, com as seguintes subdivisões:

  • Envolvidos (presos, feridos e mortos);
  • Apreensões (armas, drogas e recuperação de bens);
  • Motivações (mandado de busca e apreensão, repressão ao tráfico, disputa de grupos criminais, fuga/perseguição, operações patrimoniais, retaliação por morte/ataque, outros e sem informação).

Para cada critério, os pesquisadores definiram uma pontuação, atribuída às situações analisadas, conforme pode ser vista abaixo:

Imagem: Reprodução/UFF

Daniel Hirata, coordenador do Geni-UFF, afirma que o problema das operações policiais no Rio de Janeiro é que existem poucos mecanismos de controle interno e externo.

"Esse esforço para que as operações sejam mais seguras não questionam a existência das operações. As operações policiais são, evidentemente, imprescindíveis no cenário do Rio de Janeiro, mas isso vai de encontro à eficiência e, por isso, que o indicador foi construído", diz.

PM não pode agir como Polícia Civil, diz coronel

O coronel da reserva da PM do Rio Robson Rodrigues afirma que não se pode naturalizar operações da PM que deveriam ser feitas pela Polícia Civil, a exemplo da que ocorreu nesta quinta-feira.

De acordo com o oficial, "operação em que a PM tem que fazer de combate a roubo de cargo, seja qual for o motivo, ela contraria as atribuições da corporação. Assim como operações da Polícia Civil de contenção momentânea também já está invalidada".

O cobertor é curto. E se empenhar em algo que não tem atribuição é tirar recursos de medidas legais.
Coronel Robson Rodrigues

O oficial complementou que o fato de a PM ter feito uma operação porque subiram os indicadores de roubo de carga "mostra que não há uma integração entre as forças de segurança do Rio de Janeiro".

O que diz a PM

Procurada pela reportagem, a PM enviou a nota abaixo:

"Nos últimos nove meses, o Estado do Rio registrou quedas em indicadores estratégicos ligados aos crimes contra a vida e o patrimônio, além de aumento nos índices de produtividade policial, com destaque às apreensões de fuzis.

A Letalidade Violenta, que abrange homicídios dolosos, latrocínios (roubos seguidos de morte), lesões corporais seguidas de morte e mortes por intervenção de agentes do Estado, apresentou uma redução de 15% no acumulado e de 16% no último mês, em comparação com os mesmos períodos de 2023.

Ambas as estatísticas representam o menor número de vítimas para o indicador desde o início da série histórica do Instituto de Segurança Pública (ISP), em 1991. Entre janeiro e setembro de 2024, foram contabilizadas 2.804 mortes, 489 a menos do que as 3.293 registradas no mesmo intervalo de tempo do ano anterior.

Essa tendência também se reflete em outros títulos dessa natureza, as mortes por intervenção de agentes do Estado caíram 24% em 274 dias, alcançando seu menor percentual desde 2015. Da mesma forma, os homicídios dolosos registraram um recuo de 14% no acumulado e de 22% em setembro — os números mais baixos para os períodos em 34 anos.

Alinhada às análises do órgão, as ações da Polícia Militar são pautadas pelo planejamento prévio, sendo direcionadas pelos levantamentos das manchas criminais locais, e são executadas dentro do previsto na legislação vigente.

Dentre as principais metas do atual comando da corporação, estão o combate direto aos grupos criminosos organizados, que promovem disputas territoriais na região metropolitana, inclusive na Baixada Fluminense, e interior do Estado, assim como o combate aos roubos e crimes nas ruas, visando o aumento da sensação de segurança da população de maneira geral.

A corporação destaca ainda que a opção pelo confronto é uma conduta dos criminosos, que promovem ataques inconsequentes com armas de guerra não somente contra as forças de segurança do Estado, mas também contra toda a sociedade.

O saldo operacional da SEPM [Secretaria de Estado de Polícia Militar] reflete a complexidade do cenário de atuação nas ruas. Neste ano de 2024, somente a Polícia Militar já prendeu mais de 23.400 pessoas e apreendeu mais de 3.800 adolescentes infratores, grande parte destes envolvidos com grupos criminosos de traficantes de drogas, roubadores e milicianos. Nessas ações, mais de 5.100 armas de fogo foram retiradas das ruas, dentre elas mais de 550 fuzis de guerra.

A Secretaria de Estado de Polícia Militar, com o amplo aporte do Governo do Estado e de maneira integrada com as Secretarias de Estado de Segurança e de Polícia Civil, seguirá investindo em tecnologia, capacitação do efetivo, infraestrutura e logística para tornar cada vez mais a atuação da corporação precisa e efetiva, visando um único objetivo: a segurança da população do Rio de Janeiro."

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