Homem é preso e se apresenta como pastor após matar mulher trans em motel
Do UOL, em São Paulo
25/10/2024 17h44
Um homem de 45 anos foi preso por suspeita de matar uma mulher trans dentro de um motel de Santos (SP).
O que aconteceu
Antônio Lima dos Santos Neto entrou no local com a vítima, Luane Costa da Silva, 27, e deixou o quarto do motel sozinho após 30 minutos. O caso aconteceu na noite da terça-feira (22), segundo boletim registrado na Polícia Civil.
Ele voltou ao motel para recuperar um celular esquecido e foi detido. Um funcionário que fazia a verificação do quarto após a saída do suspeito encontrou o corpo de Luane e acionou a polícia. Segundo testemunhas, Antônio tentou fugir, mas foi contido pelos próprios funcionários até a chegada da PM.
Em depoimento, o homem confessou o crime e culpou a vítima pelo próprio assassinato. Ele afirmou que foi abordado por Luane, que teria oferecido um programa a ele, e que percebeu que ela era uma mulher trans quando eles estavam no motel, desistindo da relação sexual.
Segundo Antônio, Luane teria pedido R$ 100 e impedido que ele saísse do local. "Motivo pelo qual entraram em luta corporal, que teria culminado no óbito da vítima", diz trecho do boletim de ocorrência.
Antônio se identificou como pastor e disse que era casado há mais de 20 anos. Nas redes sociais, há publicações do homem se apresentando como líder religioso. O UOL buscou a igreja da qual ele alegou que fazia parte para saber se ele pertence ao corpo pastoral e aguarda retorno sobre o assunto.
Corpo de Luane, que tinha acabado de se mudar para Santos, será velado em Santo Antônio de Jesus (BA). Ao UOL, a irmã dela, Myllena Rios, informou que a mulher pretendia permanecer no litoral paulista para trabalhar. "Ela foi na frente, acertar o apartamento, e eu ia no final do mês, mas aí aconteceu essa tragédia", afirmou.
O UOL entrou em contato com o advogado de Antônio. O espaço será atualizado quando houver posicionamento sobre a prisão.
O caso foi registrado como homicídio no 2º DP de Santos. Ao UOL, a delegada responsável pela ocorrência, afirmou que há possibilidade de que a tipificação do crime seja reformulada a partir das evidências que ainda serão analisadas.
O hotel ficou de fornecer algumas imagens e estamos aguardando para ver se há mais novidades. Estamos esperando os laudos, principalmente do Instituto de Criminalística.
Delegada Daniela Lázaro, da Polícia Civil de São Paulo
Médico e ex-prefeito da cidade de Luane lamentou a morte e falou em transfobia. Em publicação nas redes sociais, Euvaldo Rosa (PSD), ex-prefeito da cidade onde Luane nasceu, afirmou que ela era "voz ativa e presente na mobilização de rua.
Manifestamos nosso profundo repúdio a todo tipo de violência, homofobia, transfobia e feminicídio. Esses atos covardes não têm lugar em nossa sociedade e devem ser combatidos com toda força.
Euvaldo Rosa, em publicação nas redes sociais
Transfobia é crime
Em junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, determinando que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89).
Constitui crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual de qualquer pessoa.
A pena pode variar de um a três anos, mais multa, podendo chegar a cinco anos se houver divulgação do ato homofóbico em meios de comunicação, como nas redes sociais.
Para denunciar casos de homofobia de qualquer lugar do Brasil, ligue para o Disque Direitos Humanos - Disque 100.