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O que repórter da Globo viu antes do IML chegar na Chacina da Candelária

Sonia Bridi chegou na Igreja da Candelária antes dos carros do IML Imagem: Pedro Kirilos/Riotur e Reprodução Instagram/Sônia Bridi

Do UOL, em São Paulo

01/11/2024 13h10

Novidade nas telas da Netflix, "Os Quatro da Candelária" retrata as histórias de jovens sobreviventes da chacina no Centro do Rio, ocorrida em 1993. A repórter Sônia Bridi, 60, foi a primeira repórter a chegar ao local e descreveu, anos mais tarde, o que viu na cena do crime.

O que aconteceu

A Globo foi a primeira emissora a chegar à Igreja da Candelária, com a repórter Sônia Bridi. Ela contou como foi a cobertura do caso e a chegada ao local antes dos carros do Instituto Médico Legal (IML).

Na Candelária, eu fui a primeira repórter a chegar. Cheguei antes dos carros do IML (Instituto Médico Legal), que iriam retirar os corpos. Eu vi as crianças executadas, conversei com o menino que estava em cima da banca de revista e se salvou. Fiz uma passagem muito indignada para o Jornal Hoje. Eu tinha acabado de ver criança de seis anos com uma bala na cabeça. Como é que eu não podia estar indignada com aquilo? Eu questionava como ninguém havia visto o crime - havia muitos bancos ao redor da igreja, cheios de vigias. Sônia Bridi, em depoimento ao Memória Globo, em 2009

Imprensa nacional e internacional acompanharam os desdobramentos do caso ao longo de décadas. O episódio colocou o país em destaque no noticiário policial e abriu uma série de debates sobre a relação do poder público com pessoas em situação de rua.

Como foi a chacina da Candelária

O crime aconteceu na noite de 23 de julho de 1993. Oito jovens foram assassinados a tiros nas proximidades da Igreja da Candelária. As vítimas tinham idades entre 11 e 19 anos.

Dezenas de menores dormiam em marquises dos prédios da região quando foram atacados. De acordo com a versão oficial dos investigadores, policiais abriram fogo contra crianças e adolescentes naquela noite. Os PMs foram condenados e, hoje, estão em liberdade.

Dias antes do crime, segundo reportagens publicadas pela imprensa à época, policiais tinham feito ameaças a menores. O motivo da insatisfação teria sido um vidro estilhaçado de uma viatura —que os menores, um dia antes do crime, teriam apedrejado.

O que a série retrata

Produção narra como era vida de crianças e adolescentes que dormiam nas ruas e presenciaram a chacina. Jesus (Andrei Marques), Douglas (Samuel Silva), Sete (Patrick Congo) e Pipoca (Wendy Queiroz) interpretam os protagonistas.

Sete é destaque do segundo episódio da trama. O personagem se relaciona com um homem casado, interpretado por Bruno Gagliasso, e protagoniza cenas quentes com o ator. Após participar de um assalto, Sete pede ajuda ao companheiro para fugir, mas é ignorado.

O primeiro episódio é pautado na história de Douglas e conta com participações especiais. O cantor Péricles e o ator Leandro Firmino —que interpretou Zé Pequeno em "Cidade de Deus"— participam da série como pessoas próximas do jovem sobrevivente.

Série foge da exploração das vítimas, segundo autor. Luis Lomenha destaca visibilidade dada às "esquecidas" histórias dos sobreviventes. "A gente poder observar sob a ótica dessas crianças, como se tivesse uma GoPro no olho de cada uma delas", contou.

Não adianta esperar um true crime, porque não é. É uma série exatamente sobre sonhos e flerta com o realismo fantástico. Mas a gente também tem ação, aventura, drama, realismo, uma trilha sonora incrível. Luis Lomenha, criador da série, antes de exibição na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

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